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quinta-feira, 19 de março de 2015
Dor crônica
A dor crônica é definida como “aquela que se estende além do período esperado".
Não há consenso sobre qual seja esse período.
Alguns chamam de aguda a dor que dura menos de um mês, subaguda a dor que dura de um a seis meses e de crônica aquela dor que dura mais de seis meses; outros só consideram como crônica aquela dor que dure mais de doze meses.
A dor crônica tanto pode ser devido a desordens do sistema de percepção quanto por desarranjo dos mecanismos de inibição da dor.
É um erro considerar-se a dor crônica como um mero prolongamento da dor aguda, porque ela tem uma natureza diferente.
Os circuitos nervosos responsáveis pela dor crônica são diferentes daqueles associados à dor aguda.
Ela pode surgir como dor de cabeça, dor nas juntas, dor devido a lesões e dores nas costas.
Outras espécies de dores incluem tendinites, dores da síndrome do túnel do carpo ou dores que afetam partes específicas do corpo como, por exemplo, ombros, pelve ou cabeça.
Dores musculares ou nervosas também podem se tornar dores crônicas.
Em alguns casos, a dor crônica pode ser causada por fatores genéticos que levem a uma redução no limiar para dor.
Os dois traços psicológicos mais associados à dor crônica, conforme apurados pelos testes de personalidade, são a conversão e os traços neuróticos.
Para alguns investigadores são esses traços que tornam as dores crônicas, mas outros acham, ao contrário, que é a dor que causa esse neuroticismo.
Na dor crônica há uma persistente ativação da transmissão nociceptiva (dor que aparece em consequência da aplicação de estímulos que produzem danos aos órgãos somáticos ou viscerais) para a coluna dorsal da medula, que assim tem o seu limiar para a dor rebaixado.
Esse processo, uma vez instalado, é difícil de ser revertido.
Ela pode ter entre suas causas um fator genético, mas as dores de outras etiologias são consequentes a doenças que afetam a estrutura cerebral.
As imagens de ressonância magnética mostram uma conectividade anatômica e funcional anormal e uma perda de matéria cinza reversível uma vez que a dor seja resolvida.
Nos casos de dores crônicas, a representação neurológica do corpo está desorganizada e essa alteração resulta na experiência de hiperalgesia.
Também o eletroencefalograma mostra uma atividade alterada nos indivíduos com dor crônica, sugerindo alterações neuroplásticas.
Essa “memória dolorosa” está ligada a mediadores químicos muito semelhantes aos envolvidos no processo intelectual de memorização.
A dor crônica pode se originar de um trauma ou lesão inicial que a cause ou pode haver uma causa continuada.
Algumas pessoas podem sofrer de dor crônica mesmo na ausência de qualquer dano.
A ansiedade, o estresse, a depressão, a raiva e a fadiga interagem de uma maneira complexa com a dor e podem piorar o quadro.
Por outro lado, esses sentimentos negativos podem amplificar as sensações de dor, ocasionando assim um círculo vicioso. Há evidências de que uma dor que não cessa pode afetar negativamente o sistema autoimune de defesa.
Em resumo, a dor crônica geralmente é uma dor leve ou severa que não cessa e que causa intenso sentimento de desconforto, fadiga, incapacidade de conciliar o sono, dificuldades de executar qualquer atividade, aumento da necessidade de repouso e alterações do humor.
Uma completa e definitiva remissão das dores crônicas é rara, mas muito pode ser feito no sentido de melhorar a qualidade de vida das pessoas acometidas.
Em virtude das ligações corpo-mente, um tratamento efetivo requer a participação do psicólogo e outros profissionais, juntamente com o médico e, muitas vezes, de outros profissionais das áreas da saúde.
A dor aguda geralmente pode ser resolvida por um só profissional, mas a dor crônica geralmente demanda uma equipe multiprofissional.
A dor pode ser tratada com analgésicos e anti-inflamatórios, mas eles têm ação passageira e nem sempre eficaz.
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