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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Litotripsia extracorpórea


A litotripsia (do grego: lithos = pedra; trîpsis = esmagamento ou trituração) existe desde os primeiros anos da década de 80 e é uma técnica médica que procura implodir ou triturar os cálculos que se formam no organismo por meio de ondas sonoras apropriadas, de modo a permitir que eles sejam expelidos pelas vias adequadas. Pode-se aplicar a litotripsia a cálculos biliares, renais e da bexiga. Este procedimento tanto pode ser uma litotripsia extracorpórea, não invasiva, ou uma litotripsia intracorpórea.

A litotripsia extracorpórea utiliza ondas sonoras de amplitude e de frequência controladas, geradas a partir de uma fonte externa de energia, as quais são dirigidas por um colimador (dispositivo usado para direcionar e suavizar feixes de radiações ou ondas) de ondas sonoras de modo a concentrá-las sobre os cálculos. Como é a modalidade mais usada, costuma-se referir-se a ela apenas como litotripsia.

A litotripsia intracorpórea é um procedimento invasivo porque as fontes de ondas sonoras e outros instrumentos necessitam ser introduzidos no paciente por via endoscópica, por meio de pequenos orifícios os quais, contudo, são menos invasivos que uma “cirurgia a céu aberto”.

A litotripsia extracorpórea é o tratamento mais utilizado por urologistas brasileiros para o tratamento de cálculos renais e urinários. Ela consiste em aplicar ondas sonoras de choque sobre os cálculos, a partir de um aparelho extra-corpo chamado litotriptor. As ondas de choque podem ser criadas tanto por um sistema eletro-hidráulico como por um sistema eletromagnético ou piezoelétrico, mas independentemente da sua origem todas têm o mesmo efeito físico sobre os cálculos. Elas são ondas mecânicas de alta potência geradas e emitidas por uma fonte à distância, que se propagam em meio líquido e penetram no corpo do paciente em direção ao cálculo, o qual, por sua vez, pode ser localizado por um dos exames geradores de imagens, que a forneça com precisão (por exemplo, a fluoroscopia ou a ultrassonografia).

A litotripsia pode ser feita em ambulatório, sob analgesia, sedação ou anestesia peridural. O paciente deve deitar sobre uma maca, em decúbito dorsal ou ventral. Através de fluoroscopia ou ultrassonografia o cálculo é posicionado no ponto para onde convergirão as ondas de choque. Então são iniciados os disparos das ondas, levando à fragmentação do cálculo em partes menores, passíveis de eliminação espontânea.

Em crianças é recomendável usar sempre uma proteção torácica para minimizar traumas pulmonares.

O paciente deve ser monitorado durante a sessão de litotripsia em suas funções vitais. Geralmente ele sentirá certo desconforto, como se fossem pequenos murros em seu flanco, e às vezes pode sentir um pouco de dor, mas não sofre nenhum corte ou incisão nos tecidos.

O exame não exige nenhuma preparação prévia e o paciente pode retornar às suas atividades logo em seguida, se nada estiver sentindo, mas se ele estiver tomando antiagregantes plaquetários, anticoagulantes ou anti-inflamatórios não hormonais deve suspendê-los com sete a dez dias de antecedência, devido ao risco de sangramento nestas situações. Como o procedimento implica também na possibilidade (rara) de outras complicações graves, o paciente sempre deve estar acompanhado.

Após uma litotripsia podem restar fragmentos dos cálculos, grandes o bastante para permanecerem alojados nas vias urinárias. Os menores devem ser expelidos naturalmente com a urina e para ajudar neste processo a pessoa deve ingerir uma grande quantidade de água. Se a litotripsia não resolveu totalmente o problema, pode-se lançar mão da endoscopia flexível de Holmium Laser que apesar do alto custo e dos poucos médicos que a utilizam, tem muito bons resultados, sem causar nenhum tipo de reação posterior. Ela dissolve os cálculos renais em sessenta a cento e vinte dias.

A indicação principal é o tratamento de cálculos renais, biliares ou vesiculares, por trituração e posterior eliminação dos mesmos pelas vias fisiológicas normais. Em sua grande maioria, os cálculos renais são tratados. Alguns pacientes, dependendo das peculiaridades de seus cálculos, podem precisar de mais de uma seção de litotripsia.

A principal contraindicação formal da litotripsia é a gravidez. Ela não deve ser aplicada também a pacientes que tem algum órgão já danificado, uma coagulopatia, hipertensão arterial não controlada, infecção urinária não tratada, obesidade excessiva e obstrução urinária que impeça a eliminação dos fragmentos dos cálculos. Os riscos são raros, mas podem advir, por exemplo, de hemorragias consequentes ao rompimento de um vaso sanguíneo. Algumas vezes uma cirurgia de urgência deve ser feita para solucionar o problema ou, inclusive, a retirada do rim danificado.

Mesmo após uma litotripsia podem restar fragmentos dos cálculos, alojados nos rins ou nas vias urinárias. Os menores, ao serem expelidos, podem gerar dor e uma autêntica cólica renal ou ferir os ureteres e demais condutos urinários, causando graves danos ao organismo.

Tida a princípio como o tratamento de escolha para os cálculos urinários, já em 2006 começou-se a descobrir consequências indesejáveis do uso da litotripsia. Assim, verificou-se que a litotripsia pode, no longo prazo, causar desenvolvimento de diabetes e hipertensão arterial, devido aos efeitos mecânicos que a onda de choque possa ter sobre o pâncreas e o rim.

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