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terça-feira, 17 de junho de 2014
Ataxia: o quê é isso?
Ataxia (do grego ataxis=sem coordenação) é um transtorno neurológico caracterizado pela falta de coordenação dos movimentos musculares voluntários e do equilíbrio, dificultando a execução de tarefas ordinárias da vida e o andar.
Afinal, movimentos suaves, eficazes e graciosos requerem uma coordenação fina entre os diferentes mecanismos e grupos musculares.
Essa coordenação é controlada principalmente pelo cerebelo, com a participação também de outras áreas do cérebro e de vias nervosas.
A ataxia não é uma doença, mas um sintoma (e um sinal, pois é visível para quem examine o paciente!) que pode ocorrer em várias condições mórbidas. Há três tipos de ataxia: ataxia cerebelar, ataxia vestibular e ataxia sensorial.
Existem inúmeras causas para as ataxias, podendo aparecer de forma isolada ou simultaneamente com outras condições, de forma aguda ou crônica.
Ela normalmente está associada a uma degeneração hereditária ou adquirida de áreas específicas do cérebro e do cerebelo e/ou às vias nervosas que conduzem estímulos para elas.
A ataxia cerebelar ocorre devido a danos às vias cerebelares; a ataxia vestibular devido a danos da via vestíbulo-ponto-cerebelar e a ataxia sensorial por danos às vias aferentes e posteriores.
Essas condições podem ser causadas, entre outras coisas, por malformações fetais, sangramentos maternos antes ou durante o parto, hereditariedade, traumatismos cranianos, intoxicações e acidentes vasculares cerebrais.
Algumas ataxias aparecem cedo, na infância, como as genéticas, por exemplo, e outras aparecem na vida adulta.
Geralmente as ataxias são ditas degenerativas porque os sintomas tendem a se agravar com o passar do tempo, principalmente as hereditárias.
As condições em que as ataxias aparecem subitamente incluem trauma craniano, acidente vascular cerebral, tumor cerebral, pós-infecção (geralmente viral), exposição a certas drogas ou tóxicos ou após parada cardíaca ou respiratória.
De maneira gradual, elas podem aparecer no hipotireoidismo, nas deficiências de certas vitaminas, no uso de certos medicamentos ou tóxicos e em certas espécies de câncer, além de em algumas anomalias hereditárias ou congênitas e em certas doenças como a esclerose múltipla, sífilis, etc.
Uma forma rara de ataxia, chamada ataxia de Friedreich (veja ilustração acima), tem causa hereditária autossômica recessiva e se manifesta desde a infância.
A ataxia cerebelar resulta da perda de coordenação motora; a ataxia vestibular leva à perda do equilíbrio, gerando vertigens e náuseas; a ataxia sensorial causa perda da propriocepção (percepção de si mesmo no espaço).
Essas diferentes ataxias podem afetar os dedos, as mãos, os braços, as pernas, o corpo, a fala ou o movimento dos olhos e em geral provocam movimentos abruptos e marcha instável.
As ataxias causam dificuldades no caminhar, no discurso, na visão, na deglutição, no escrever, etc.
O diagnóstico da ataxia depende de uma boa história clínica e de um detalhado exame físico.
A história da doença deve fazer um levantamento não só dos sintomas, mas da maneira como eles estão evoluindo.
O exame físico deve conceder especial importância ao exame neurológico.
Os exames laboratoriais e os de imagens são indispensáveis para diagnosticar as enfermidades causais.
O tratamento de pacientes com ataxia depende da causa, mas quase sempre visa apenas reduzir os sintomas e não curá-los completamente.
A fisioterapia pode melhorar os desempenhos cotidianos.
O uso de dispositivos como bengalas, muletas, andadores ou cadeiras de rodas podem ajudar as pessoas com dificuldades de caminhar.
Algumas ataxias podem ser reversíveis, na dependência da possibilidade de resolução da doença causal, mas outras são permanentes.
As ataxias hereditárias, além de permanentes, costumam ser progressivas, encurtando a duração da vida do paciente.
As pessoas com ataxia podem vir a precisar da ajuda de bengala, andador ou outros instrumentos para andar e realizar suas atividades cotidianas.
As pessoas com ataxia não devem manusear instrumentos que exijam uma coordenação fina, como navalhas, por exemplo.
As pessoas com ataxia têm maior facilidade para deixar cair objetos, pelo que devem evitar pegar os que possam quebrar ou danificar com a queda.
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