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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quem sabe?



Escrevi isso para reflexões. Quero deixar bem claro que é uma ficção! Não é a minha história, nem a sua, nem a de quem quer que seja!


Eu via minha mãe chorando...
Via meu pai fumando e nem sabia o quê...
Via os dois brigando,gritando, se batendo muitas vezes...
Acreditava que era tudo normal, afinal, eram meus pais...
Cresci um pouco e fiquei sabendo que meu pai foi morto...
Até hoje não sei por qual razão e nem por quem...
Minha mãe enlouqueceu e começou a fumar num cachimbo de plástico, umas pedrinhas estranhas...
Não sei se ela enlouqueceu primeiro ou se começou a fumar as tais pedrinhas antes...
Mas, fui retirado dela, por um tal de Conselho não sei do quê...
Fiquei num lugar chamado abrigo por um tempo e aprendi um monte de coisas...
Algumas boas (dizem) e outras não tão boas assim...
Minha tinha (irmã da minha mãe) foi me buscar lá...
Eu achei que já era meio tarde, mas, não tinha escolha e fui...
O marido dela (meu tio?) era bruto e batia nela...
Acho que ela gostava, pois depois que apanhava ficava toda carinhosa com ele...
Mas, apanhava quase todo dia...
Eu tinha medo de apanhar também, mas comecei a acostumar com aquilo...
Fui parar na escola e descobri que o pessoal da minha idade também fumava...
Também brigava e gritava...
Até que um dia bati numa menina...
Ué? Não era normal? Eu queria o carinho dela...
Fui repreendido e suspenso (gostei, pois fiquei na rua brincando!)...
Resolvi que arranjar encrenca me livrava da escola...
E me livrava mesmo...
Depois de um tempo, me puseram prá fora...
Minha tia tentou outra, mas não deu certo...
Eu arrumava bagunça fácil, bem fácil...
Medo?
Do que?
Eu cresci e estava forte!
Nada de medo!
Eles é que tinham medo de mim!
Todos eles!
Comecei, então a trabalhar!
Uns pacotes aqui, outros ali!
Uns baseados prá variar...
Nada de ser aviãozinho!
Meu negócio era mandar e na porrada!
Rapidinho virei chefe...
Chefe de um bando...
Claro, saí da casa da minha tia (aquilo era casa?)...
Comprei a minha própria casa!
Quer dizer, coloquei prá fora um pessoal lá de perto e comecei a morar na casa!
Muito boa de morar!
Sem ninguém prá amolar!
Arrumei uns capangas (na verdade uns puxa-saco) que já estavam me rodeando, pegando as migalhas...
Uma mina deu mole e comecei a "pegar" ela...
Mas ela "embuchou" e aí ferrou...
Tive de "apagar" pois não tava a fim de ter cria...
Logo arrumei outra e fui logo avisando: "não apronta, não quero filho!"
Nessa profissão não dá prá ficar ligado em ninguém, senão a gente fica na mão de vagabundo!
O território foi crescendo e os olhos dos outros também, claro...
Tive de tirar uns problemas do caminho, fazer o quê?
Faz parte do negócio, ora!
Aí, os guardas começaram a querer comer da minha mão...
Vários eu tive de ter um conversê e colocar prá escanteio...
Disseram que eles tinham família, mas porque se meteram onde não eram chamados, então?
Ganância...
Sempre ela!
O povo não deixa a gente em paz, só por que a gente tem sucesso na vida, é assim...
Então a gente vai afastando os obstáculos...
Hoje eu tô pensando muito...
O que fazer da vida?
Acho que vou me candidatar a algum cargo político...
Preciso diversificar meus negócios...
Quem sabe?


26 de maio de 2014
Carlos Alberto Rey

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