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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Dermatoses psicogênicas


No grupo das doenças cutâneas causadas ou influenciadas por fatores psíquicos, há que distinguir dois sub-grupos básicos: Dermatoses psicogênicas e dermatoses psicossomáticas.

Nas dermatoses psicogênicas, o quadro cutâneo é uma das manifestações, eventualmente, a inicial ou a mais evidente da sintomatologia.

Nas dermatoses psicossomáticas, há a interação entre manifestações cutâneas, organogenéticas e fatores emocionais.

Os fatores emocionais, indiscutivelmente, influenciam inúmeras dermatoses que de outro lado, atuam no estado mental.

Estes conceitos são bem definidos em Medicina.

A importância que a Medicina atual dá para o tema é impressionante, chegando alguns livros de Dermatologia estudados a afirmarem que todas as dermatoses apresentam algum grau de influência emocional.

Falando de estresse ou "stress".

A primeira vez, que se utilizou a palavra “stress” na área de saúde, foi pelo endocrinologista Hans Seyle em 1926.

Ele denominou “stress” ao conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço para adaptação, com a intenção de captar a reação ativa que se encontra no ser vivo, ante a um estímulo de “alarme”.

Reação de ataque e defesa.

Os anos se passaram e o conceito de “stress” evoluiu bastante, no entanto, o conceito de Seyle, ainda é bem atual.

Mas, Hahnemann já dizia no século XVIII, que o Homem vivia em condições inadequadas.

A doença é a manifestação de um desequilíbrio não resolvido, e tem como função a eliminação do que o pertuba, a fim de estabelecer a Homeostase.

A pele estabelece os limites do corpo, faz o contato com o meio exterior e reflete um fenômeno interior.

As doenças de pele, em geral, estão relacionados a problemas de contato com outros indivíduos e com seus próprios limites.

No Homem, as dermatoses psicogênicas abrangem as seguintes Síndromes:

Síndrome de Meadow: Ocorre em crianças nos primeiros anos que são levadas para consultas ou internações com quadros clínicos ou lesões produzidas pelos pais, geralmente pela mãe.

A suspeita diagnóstica, quando o quadro é cutâneo, é pelas lesões insólitas, como na dematite artefata.

Síndrome de Munchausen : Caracteriza-se pela mitotomia e peregrinação hospitalar.

O doente inventa doenças eventualmente produzindo lesões cutâneas e conseguindo sucessivas internações hospitalares e cirurgias.

Escoriações neuróticas: São lesões compulsivas produzidas com as unhas que o doente

justifica pela sensação incontrolável de prurido, queimação ou necessidade de remover algo da pele.

Ocorrem em neuroses ou depressões.

O doente refere a produção das lesões, mas não resiste ao impulso do trauma que o alivia da tensão.

O diagnóstico se faz pelo quadro clínico, excluindo-se sempre uma afecção cutânea primitiva.

Dermato-compulsões : Lavagem excessiva das mãos, onicofagia ( roer unhas), cutisfagia (morder as falanges), queilofagia (mordedura dos lábios), tricotilomania(arrancar os cabelos).

Dermatite factínea: A dermatite factínea é constituída por lesões cutâneas produzidas pelo doente e propositalmente negadas.

È de origem psicogênica, por conflitos ou outros fatores mentais, visando obter simpatia, atenção, compensação vantagem ou procurando preocupar, contrariar ou magoar familiares. Grande número de agentes são utilizados na produção de lesões, como soda cáustica e outros agentes químicos, lixas e numerosos instrumentos, como tesoura, facas, pinças, etc. O diagnóstico pode ser difícil e o doente pode, por meses ou anos iludir e manter a simulação.

Curativos oclusivos, solicitando-se ao doente não tocá-los, e efetuados de maneira que possa ser evidenciada qualquer manipulação, podem possibilitar o diagnóstico.

Dermatofobias: A dermatofobia é um estado fóbico obsessivo em que o doente pensa, imagina ou acredita que é portador de uma infestação ou infecção, que ocorre involuntariamente, persistente e pertubadora, a despeito de esforços e esclarecimentos para ignorar ou suprimir.

As principais dermatofobias são: Venerofobia, leprofobia, cancerofobia, bromidrofobia, aidsfobia, que são fobo-obsessões em que o doente acredita ser portador de doença sexualmente transmitida , lepra, câncer , suores fétidos ou infecções por HIV respectivamente.

Além destas tem também a Acarofobia em que o doente acredita ser portador de parasitos na pele. Há geralmente queixa de prurido ou picadas, e o doente, em estado alucinatório, retira fragmentos de pele, identificando-os como parasitos, inclusive levando-os ao médico para comprovação.

Dermatoses psicossomáticas:

Em toda a dermatose, pode haver a influência de fatores emocionais, porém, em alguns, estes fatores atuam sempre no desencadeamento e evolução das mesmas.

Estas dermatoses são classificadas como:

Dermatoses com componente cutâneo e emocional: Acne necrótica, prurido anogenital, prurido generalizado e neurodermatite localizada, que após causa desencadeante, o estado emocional leva a coçadura que determina liqueinificação (uma espécie de "engrossamento" da pele) cutânea, que agrava o prurido.

Nesta interação, há contínuo agravamento do quadro.

Dermatose com influência de fatores emocionais: Eczema atópico, rosácea, acne vulgar, líquen plano, hiperidrose, glossodínia, disidrose, urticária crônica , dermatite seborréica, rubor facial. Neste grupo devem ser incluídas as verrugas, cuja cura, pode ocorrer através de estímulos psicológicos, como diversos tipos de sugestões, por exemplo, promessas ou simpatias.

Dermatoses com eventual influência de fatores emocionais: Há uma série de dermatoses, que se classificam ligadas a fatores emocionais, mas podem apenas ser coincidentes.

Neste grupo estão a psoríase, alopecia areata, vitiligo, aftose e herpes simples. São afeções que, pela evolução ou pelos surtos, podem apresentar no seu decurso, um agravamento, melhora, ou recidiva, coincidindo eventualmente com reações emocionais.

Os quadros principais são de : Ansiedade, depressão e sintomas obsessivos compulsivos, que podem ser discretos não caracterizando a doença, mas influenciando a evolução da dermatose.

Tratamentos:

Os tratamentos alopáticos são fundamentados no emprego dos benzodiazepínicos( diazepan), anti-histamínicos( hidroxizine), anti-depressivos tricíclicos(ADT), que atuam inibindo a liberação e receptação da noradrenalina e serotonina.

Das drogas mais utilizadas temos a clomipramina(Anafranil, por exemplo) ou a Amitriptilina(Tryptanol, por exemplo).

Em estados depressivos, os medicamentos mais utilizados são os (I.S.R.S.), Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina, que é a Fluoxetina (Prozac, Daforin e muitos outros).

Em casos resistentes, tem-se utilizado a associação de agentes potencializadores, como a Buspirona, o Clonazepan, o Lítio e a Clonidina.

Psicoterapia e tratamento homeopático também são MUITO recomendáveis!



Fontes: Dermatoses Psicogênicas - Marcos Eduardo Fernandes e Livros texto de Medicina Interna, Dermatologia e Psiquiatria.






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