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quarta-feira, 6 de março de 2013

Leptospirose



A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, transmitida pela urina de animais, que ocorre em todo o mundo, exceto nas regiões polares. É uma zoonose (doença de animais) que afeta também seres humanos. Há duas formas da doença: uma forma anictérica, mais benigna, que se verifica em cerca de 90% dos casos e uma forma ictérica, mais grave, e também mais rara, chamada Doença de Weil.

Primariamente, acomete roedores e outros mamíferos silvestres, bem como animais próximos ao homem como cães, gatos, bois, cavalos, porcos, cabras e ovelhas. A bactéria pode alojar-se indefinidamente nos rins desses animais, sem causar-lhes problemas. Esses animais, mesmo vacinados e assintomáticos, podem eliminar a bactéria pela urina e transmitir a doença. A bactéria multiplica-se nos rins desses animais sem causar danos e é eliminada pela urina, às vezes por toda a vida deles.

A leptospirose é causada pela bactéria Leptospira interrogans, que pode afetar seres humanos de ambos os sexos, em todas as idades. Geralmente a bactéria é eliminada pela urina de certos animais e pode permanecer na água por até seis meses, de onde pode contaminar seres humanos. No homem, a bactéria penetra através da pele íntegra ou, preferencialmente, de lesões dela e das mucosas ou é absorvida juntamente com a água ou alimentos ingeridos.

Em países em desenvolvimento, sem adequada estrutura sanitária, a maioria das infecções ocorre através do contato com águas de enchentes contaminadas por urina de ratos. Infelizmente, as contaminações podem ocorrer mesmo depois das águas baixarem porque a bactéria ainda sobrevive em resíduos úmidos. A transmissão direta entre pessoas é improvável.

Os sintomas iniciais da leptospirose são semelhantes aos de outras infecções como febre amarela, malária, dengue ou hantavirose, por exemplo, razão porque nesta fase pode ser difícil diferenciá-la dessas doenças.

O diagnóstico de leptospirose tem de ser feito levando-se em conta a história de exposição ao risco e a exclusão laboratorial de outras doenças. Na grande maioria dos casos a doença é de evolução benigna e as pessoas infectadas desenvolvem manifestações discretas ou nem sequer apresentam sintomas. O período de incubação da leptospirose é, em média, de dez dias.

Os sintomas iniciais, um tanto inespecíficos, são febre alta, sensação de mal-estar, dor de cabeça, dores musculares, cansaço e calafrios. Frequentemente ocorrem também dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia, olhos avermelhados, tosse e faringite. Em alguns casos podem surgir exantemas (manchas avermelhadas no corpo), meningite e aumento dos linfonodos, baço e fígado. A maioria das pessoas melhora em quatro a sete dias.

Em alguns poucos pacientes (geralmente adultos jovens do sexo masculino) pode ocorrer icterícia (olhos amarelados), o que sinaliza maior gravidade. Podem aparecer manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos nasais, gengivas e pulmões) e insuficiência renal. O doente pode tornar-se torporoso e mesmo entrar em coma.

Uma aproximação diagnóstica pode ser feita pela história clínica e pelo relato de exposição a situações de risco. Já numa fase inicial, as bactérias podem ser visualizadas por meio de exame direto de sangue ou de cultura, inoculação em animais ou detecção do DNA do microrganismo, pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR).

Numa fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas na urina, de onde podem ser cultivadas ou inoculadas. São usados métodos sorológicos como o ELISA-IgM e a microaglutinação (MAT). Os exames de rotina devem incluir hemograma, ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina, CPK, dosagem de sódio e potássio, radiografia de tórax, eletrocardiograma e gasometria arterial.

O diagnóstico diferencial da leptospirose com outras doenças assemelhadas (dengue, gripe, malária, hepatite), tem de ser feito por meio de exames sorológicos ou pelo isolamento da bactéria em culturas de sangue ou líquor.

O tratamento fundamental da pessoa com leptospirose é de suporte orgânico, principalmente hidratação. Medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico e anti-inflamatório não devem ser utilizados, pelo risco de agravarem os sangramentos. Os antibióticos (doxiciclina, penicilinas, estreptomicina) podem ajudar a evitar a evolução para as formas mais graves. Pessoas com formas leves de leptospirose podem ser tratadas em domicílio, mas as formas graves necessitam de tratamento em hospital.

Como prevenir a leptospirose?

•A vacina para humanos não está disponível no Brasil e não confere imunidade permanente. A vacina para animais, disponível no Brasil, evita a doença, mas não impede a transmissão para seres humanos.

•Evitar o contato com água que tenha a possibilidade de estar contaminada com urina de animais (enchentes, córregos e lagos que possam estar contaminados).

•Quando for necessário o contato com águas suspeitas (drenagem de córregos e rios ou águas de enchentes, por exemplo), usar botas e luvas impermeáveis.

•Se a água a ser ingerida (beber, cozinhar, etc.) estiver turva, deve ser fervida antes de ser utilizada.

•Mantenha vacinados os animais com os quais tenha contato.

A enfermidade costuma ser autolimitada. Normalmente as formas mais brandas da leptospirose evoluem para a cura. A maioria dos pacientes melhora ou se cura em uma semana. A evolução para graves complicações (insuficiência renal ou hepática, meningite, deficiência respiratória) ou para a morte pode ocorrer em cerca de 10% das formas graves, que são mais raras.

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