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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Creatina: para matar curiosidade!




A Creatina é uma combinação de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. Foi descoberta, extraída e isolada da carne de mamíferos em 1832. Humanos produzem a creatina no rim, fígado e pâncreas, mas aloja a maior parte nos músculos, inclusive no coração.

Apesar da creatina ter sido descoberta no início do século XVIII, foi apenas no final do século XX que os cientistas descobriram que quando usada como suplemento, a creatina pode ajudar de forma significativa no aumento da massa muscular.

Mais de 500 estudos confiáveis demonstram que os suplementos de creatina podem ajudar a todos: homens e mulheres, em qualquer faixa etária, a manter a boa forma muscular. Cuidam ainda de alguns dos efeitos debilitantes do envelhecimento, como a sarcopenia, que é a perda da força e massa muscular relacionada com o avanço da idade. Um estudo publicado em fevereiro de 2003, examinou o efeito de 250 suplementos para aumentar a massa muscular magra e a força, junto a exercícios de resistência com pesos: de todos os suplementos, a creatina foi um dos poucos que constantemente aumentou a massa muscular magra e a força em jovens e idosos.

Outro estudo publicado em 2003, fez uma revisão bibliográfica de mais de 300 estudos sobre o potencial valor ergonômico da suplementação com creatina, concluiu que a suplementação com creatina fornece certa ajuda nutricional, geralmente sendo efetiva para uma grande variedade de exercícios.

A Creatina aumenta a capacidade de realizar exercícios e hipertrofia a massa muscular pelo seu papel regenerador da Adenosina Trifosfato(ATP). O ATP é a molécula de energia primária do corpo que é usado pelas células como o primeiro e principal substrato energético na produção de energia. Uma analogia que fazemos é imaginar o ATP como o combustível natural do corpo, um "gás natural", que é queimado rapidamente em uma poderosa usina para produzir eletricidade.

No corpo o ATP é quebrado para produzir energia bioquímica e durante este processo bioquímico, o ATP perde uma de suas moléculas de fosfato e se transformando na Adenosina Difosfato(ADP), e é nesse momento que a creatina entra em ação. A Creatina, que é armazenada no corpo como fosfato de creatina ou fosfocreatina, recarrega o ADP doando uma molécula de fosfato para o ADP produzir novamente o ATP, para que este então possa ser usado para fornecer mais energia. Portanto, sem a Creatina para recarregar o ATP, nós ficaríamos literalmente famintos por energia.

Na próxima vez que você assistir aos jogos de futebol, dê uma olhada nos grandes jogadores das linhas ofensivas ou defensivas. Então tente imaginar qual parte do corpo deles que consome mais energia. Serão suas enormes pernas? Ou o incrível volume de seu tórax? Suas pernas, que mais parecem um tronco de árvore que têm que carregar o peso corporal por todas as partes do campo?

A resposta surpreendente não está em nenhuma das opções anteriores. À parte do corpo humano que precisa da maior quantidade de energia é pequena; pesa por volta de 1,5 kg, é também conhecida como massa cinzenta e se aloja em nosso crânio, ou seja, é o cérebro. Enquanto o cérebro humano tem somente de 1-3% do peso total do corpo de uma pessoa, seus bilhões de neurônios (as células nervosas ativas do cérebro) usam de 15 - 20% do total energético de nosso corpo, ou seja 15 – 20% do total de ATP produzido em nosso organismo.

A energia fornecida pelo ATP é usada pelo cérebro para reparar os neurônios, produzir, armazenar e secretar os neurotransmissores, e para gerar as descargas bioelétricas que acontecem quando os neurônios se comunicam entre eles. Esse processo bioelétrico, o qual é ativo a cada segundo todos os dias, acontece por uma troca contínua e rápida dos íons de sódio e potássio pelas membranas dos neurônios, um processo que depende de bombas bioquímicas dentro das membranas para mover os íons de sódio e potássio para frente e para trás. Foi calculado que por volta de 45% do ATP de um neurônio pode ser usado para dar poder a estas importantes bombas de sódio e potássio.

Quando você percebe o quanto o ATP é importante para a função cerebral, logo associa a creatina nesse processo. Não deveria ser nenhuma surpresa que certas desordens genéticas, caracterizadas por erros inatos do metabolismo da creatina no cérebro, pudessem causar defeitos neurológicos significantes. O primeiro erro inato do metabolismo da creatina no cérebro foi descrito clinicamente em 1994; é a deficiência de "GAMT" (metiltransferase guanidinoacetato). A deficiência de "GMAT" é uma desordem recessiva autossomal, na qual o nível de creatina no cérebro é quase indetectável. Esta deficiência genética se manifesta logo ao nascer e provoca uma parada no desenvolvimento , ocasionando retardo mental, inaptidão da fala, e fraqueza muscular.

Estudos mostraram que a suplementação oral com creatina em pacientes com esta desordem pode ajudar a diminuir ou até mesmo reverter alguns de seus sintomas mais debilitantes.

A deficiência "AGAT" (arginina: glicina amidinotransferase), é outra desordem genética autosomal, na qual um mínimo ou nenhum metabolismo de creatina no cérebro resulta em retardo mental, fala desordenada, e habilidade motora comprometida.
Em um estudo de duas irmãs com quatro e seis anos que envelheceram com deficiência de AGAT, a suplementação com creatina provocou um progresso rápido na habilidade motora e um aumento geral no desenvolvimento cognitivo.

Recentes estudos mostraram que a creatina não só pode ajudar em desordens genéticas do metabolismo da creatina no SNC, mas também em desordens não genéticas. É postulado agora por muitos pesquisadores de doenças neurológicas que as desordens neurológicas devastadoras como Parkinson, Huntington, e as doenças de Alzheimer, compartilham processos bioquímicos fundamentais nas suas patogêneses, como o stress oxidativo acentuado e a deterioração do metabolismo da creatina, o que impede a renovação do ATP e conseqüentemente a falta de energia para as células nervosas. Para dar suporte a essa teoria, vários modelos de estudos com animais e também com humanos, mostraram que a suplementação com creatina pode melhorar significativamente vários sintomas comuns de muitas doenças neurológicas. Acredita-se que a creatina possa realizar esta tarefa, agindo como um propulsor para regenerar o ATP e melhorar a oferta de energia celular com comportamento de um antioxidante.

Parkinson é uma doença neurológica crônica que foi primeiramente descrita em 1817 por um médico de Londres chamado Dr. James Parkinson. Desde aquele tempo, não se sabiam as causas de tal enfermidade. O que se sabe é que os neurônios na área do cérebro conhecida como substância nigra, se degeneram e morrem, produzindo níveis reduzidos de dopamina, que é um neuroquímico vital para o cérebro. Os sintomas mais comuns da doença de Parkinson incluem tremores durante o descanso, rigidez, problemas de equilíbrio e depressão.

Enquanto os cientistas continuam procurando a causa para a doença de Parkinson, alguns médicos pesquisadores estão postulando que a deterioração do ATP e a agressão causada pelo stress oxidativo danificam os neurônios e podem representar papéis chaves na patogênese dessa doença que afeta 1.5 milhões de pessoas.

Suplementos como a creatina, podem ajudar a impulsionar os níveis de ATP e também trabalhar como antioxidantes, agindo como possíveis agentes seguros e efetivos contra a doença de Parkinson. Recentes estudos em animais, estão mostrando que a suplementação com creatina pode proteger contra ambas as causas da doença de Parkinson, ou seja, a depleção de dopamina e a perda dos neurônios. Enquanto nenhum estudo com humanos for publicado, faz sentido pensar que a creatina age eficazmente como um potente antioxidante cerebral e melhora os níveis e a função do ATP nos neurônios, provando ser valiosa no combate à doença de Parkinson.

Existem muito mais informações a respeito da creatina - não conunda com "creatinina", que é um produto do metabolismo renal - nada a ver uma coisa com a outra.

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