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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Efeitos dos Ansiolíticos




Aparentemente o efeito ansiolítico dos Benzodiazepínicos está relacionado com um sistema de neurotransmissores chamado gabaminérgico do Sistema Límbico. O ácido gama-aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor com função inibitória, capaz de atenuar as reações serotoninérgicas responsáveis pela ansiedade.

Os Benzodiazepínicos seriam, assim, agonistas (simuladores) deste sistema agindo nos receptores gabaminérgicos.

Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do cérebro funcionam exageradamente, resultando num estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam funcionando demais e a pessoa fica mais tranqüila e menos responsiva aos estímulos externos.

Como conseqüência desta ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade do nosso cérebro que se caracteriza por:

1) diminuição de ansiedade;
2) indução de sono;
3) relaxamento muscular;
4) redução do estado de alerta.

É importante notar que os efeitos dos benzodiazepínicos podem ser fortemente aumentados pelo álcool, e a mistura álcool + benzodiazepínico pode ser prejudicial.

Efeitos Colaterais
Do ponto de vista orgânico, os benzodiazepínicos são bastante seguros, pois são necessárias altas doses (20 a 40 vezes mais altas que as habituais) para trazer efeitos mais graves. Nessas doses pode haver hipotonia muscular, dificuldade grande para ficar de pé e andar, a hipotensão, perda da consciência (desmaio). Com doses maiores a pessoa pode entrar em coma e morrer.

O principal efeito colateral dos ansiolíticos benzodiazepínicos é a sedação e sonolência, variável de indivíduo para indivíduo e de acordo com a dose do medicamento. Um aumento da pressão intra-ocular teoricamente pode ocorrer mas, na clínica, trata-se de raríssima observação.

Os efeitos teratogênicos (malformações fetais) são ainda objeto de estudo, porém, tendo em vista sua utilização clínica durante décadas, permite-se uma indicação mais flexível do diazepam durante a gravidez.prática clínica tem demonstrado que a dependência aos Benzodiazepínicos pode acontecer, mas não invariavelmente.

A tendência do paciente em aumentar a dose dos Benzodiazepínicos para obter o mesmo efeito, ou seja, a tolerância[2], parece ser rara. Em relação a isso notamos, no mais das vezes, uma má utilização da droga. Isto é, em não sendo tratada a causa básica da ansiedade e esta se tornando mais intensa, haverá maior necessidade da droga.

Essa maior necessidade da droga decorrente do aumento da ansiedade não deve, de forma alguma, ser confundida com o fenômeno da tolerância.aos sintomas de abstinência aos Benzodiazepínicos, embora possa ser possível com alguns deles, o que observamos com mais freqüência é o retorno dos sintomas psíquicos que promoveram sua indicação por ocasião de sua retirada. Isso pode, eventualmente, ser confundido com abstinência na expressiva maioria dos casos.

Ora, se a situação psicoemocional que determinou a procura da droga não foi decididamente resolvida, mas apenas protelada, então, retirando-se o ansiolítico os sintomas voltarão. Isso não pode ser tomado como síndrome de abstinência.

O Transtorno de Ajustamento, uma forma de Ansiedade associada ao Estresse
Na realidade, é no Transtorno de Ajustamento onde a idéia de dificuldade adaptativa emocional à vida tem sido mais bem demonstrada. Aqui a reação emocional da pessoa aos estressores de sua vida é caracterizada por acentuado sofrimento.

Por definição, um Transtorno de Ajustamento deve se resolver dentro de 6 meses após o término da situação considerada estressante ou de suas conseqüências. Mas os sintomas emocionais podem persistir por um período mais prolongado, principalmente quando ocorrem em resposta a uma situação estressante crônica e duradoura, como por exemplo, uma doença debilitante crônica ou em decorrências das grandes dificuldades financeiras, profissionais, conjugais, etc, que se prolongam.

Portanto, esse transtorno ansioso patológico pode ocorrer durante o período de adaptação a uma exigência existencial importante, quando um acontecimento estressante afete a integridade do ambiente social da pessoa, como por exemplo o luto, as experiências de separação, as grandes perdas.

Também pode ocorrer quando a situação estressora compromete o sistema suporte existencial, como por exemplo, a imigração, estado de refugiado, ou mesmo durante os severos esforços de adaptação a alguma etapa da vida ou do desenvolvimento, como é a escolarização, nascimento de um filho, derrota em atingir um objetivo pessoal importante, aposentadoria.

A predisposição e a vulnerabilidade pessoal desempenham um papel importante no desenvolvimento do Transtorno de Adaptação, mas mesmo considerando a predisposição pessoal, admite-se que esse transtorno não teria ocorrido se não houvesse o estresse desencadeante.

Pode ainda, o Transtorno de Ajustamento, apresentar-se com um misto de Ansiedade e Depressão ou com Perturbação da Conduta.

Neste subtipo a manifestação predominante é uma perturbação da conduta, na qual existe violação dos direitos alheios ou de normas e regras sociais importantes, adequadas à idade. Esse tipo pode ser comum em adolescentes, os quais manifestam rebeldia, vandalismo, direção imprudente, lutas corporais, descumprimento de responsabilidades legais.

O estado de sofrimento e de perturbação emocional causado pelo Transtorno de Adaptação, usualmente compromete muito o funcionamento social e ocupacional, havendo severo prejuízo do desempenho no trabalho, na escola e nos relacionamentos sociais e familiares. Atualmente os Transtornos de Ajustamento estão associados com um maior risco de tentativas de suicídio e suicídio completado.

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