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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Comportamento violento





Além da natureza tumoral de lesões produtoras de comportamento violento, o tipo mais comum de doença cerebral associada à agressão e violência tem sido a Epilepsia do Lobo Temporal. Mark e Ervin documentaram muito bem o caso de Jennie, uma adolescente considerada como criança modelo.

Um dia, ao ser criticada por ouvir alto demais seus discos, teve um acesso destrutivo e quebrou tudo que estava em seu quarto. Seus estados de ânimo variavam entre o angelical e o demoníaco e, finalmente, depois de estrangular um bebê de meses por não suportar seu choro. Jennie foi institucionalizada. Como seu irmão tinha epilepsia, aventou-se a possibilidade de sua extrema agressividade ser ocasionada por uma doença cerebral orgânica.

Posteriormente constatou-se um foco irritativo temporal esquerdo, o qual entrava em atividade quando a paciente era estimulada a sentir raiva. O eletroencefalograma conseguido durante a estimulação por choro de bebê mostrou claramente a alteração desencadeada pela irritação da paciente.

Exemplo de Lesão ocasionando Comportamento Violento
Em 1966 o mundo ficou estarrecido com o comportamento de Charles Whitman, no Texas, o qual promoveu um assassinato em massa que vitimou 16 pessoas e feriu 24. Muitos outros casos semelhantes tornaram-se manchetes de jornais, às vezes até com maior violência.
Os escritos de Charles Whitman, encontrados depois da tragédia, diziam o seguinte:

"... eu realmente não me compreendo estes dias. Supostamente sou um jovem médio, razoável e inteligente. Contudo ultimamente venho sendo vítima de pensamentos pouco comuns. ...Falei com um médico uma vez durante duas horas, e tentei transmitir-lhe meus medos de que eu me sentia subjugado por impulsos violentos extremamente fortes. ...Venho tendo tremendas dores de cabeça e consumi dois grandes vidros de Excedrin nos últimos três meses".
"Foi depois de muito pensar que decidi matar minha esposa Kathy esta noite, depois que eu a apanhar no trabalho. ...Amo-a muito e ela tem sido boa esposa para mim, tão boa quanto qualquer homem possa desejar. Racionalmente não encontro nenhuma razão para fazer isso. ...Neste momento, porém, a razão predominante em minha mente é que em verdade não considero que valha a pena viver neste mundo, e eu estou preparado para morrer, e não desejo deixá-la sofrer sozinha nele. Pretendo matá-la de forma tão indolor quanto possível..."

Na noite do dia em que escreveu esta carta Whitman matou, não só sua esposa, como também a sua mãe. Na manhã seguinte ele se escondeu atrás de barricadas no topo de uma torre da Universidade do Texas com um rifle de caça equipado de luneta e, durante 90 minutos, atirou em tudo que se movia, quando finalmente mataram-no a tiros. Um exame post-mortem de seu cérebro evidenciou um glioblastoma, tumor altamente maligno, na área do núcleo amigdalóide.

GENÉTICA E AGRESSIVIDADE
Geneticamente podemos dizer da fisiopatologia da agressão que, de fato, não se trata de um traço de personalidade invariavelmente herdado, mas os fatores de influência na agressão podem ser, seguramente, transmitidos geneticamente. Tais fatores incluem o perfil de atividade hormonal, os limiares de ativação das estruturas cerebrais e, evidentemente, as epilepsias geneticamente transmitidas.

Em cães, é bem sabida a potencialidade agressiva de determinadas linhagens, entretanto, nos seres humanos, tendo em vista as inúmeras variáveis ambientais e culturais essa conclusão não tem sido possível.

A citogenética tem permitido uma eficiente identificação dos cromossomos humanos e algumas alterações relacionadas ao comportamento mais agressivo. Somente um, entre os 23 pares de cromossomos, difere os machos das fêmeas: a mulher tem um par igual (XX) enquanto o homem tem um cromossomo igual ao da mulher (X) e um outro diferente (Y), portanto, o XY, característico do sexo masculino, determina a distribuição hormonal e as demais características do homem. No estudo da agressão tem particular interesse uma anomalia cromossômica caracterizada por um Y a mais, ou seja, um genótipo aberrante XYY ao invés do XY normal.

Numa população de prisioneiros violentos, Moyano encontrou uma incidência de 3,5% de homens XYY, enquanto na população geral é estimada uma incidência entre 0,7 e 0,2%. O mesmo autor termina seu trabalho concluindo que a configuração XYY se constitui num fator predisponente à conduta agressiva exagerada, embora não pareça ser um elemento exclusivo como determinante da mesma.

Neste sentido, poderia aventar-se a hipótese de que o cérebro dos sujeitos portadores de um cromossomo Y extra estaria semi-programado para a conduta agressiva e anti-social, mas que esta só se manifestaria, em toda sua amplitude, quando se somasse uma série de elementos ambientais adversos. Ainda que esta anomalia cromossômica possa, de fato, estar associada à agressividade e violência, não se trata aqui de doença mental.

Os opositores da hipótese XYY para a agressividade argumentam que a maior estatura e maior compleição dos portadores dessa anomalia favoreceriam, psicodinamicamente, uma tendência à agressão. Isso se daria em decorrência da maior possibilidade de êxito social através da violência, já que, normalmente, são indivíduos mais fortes. Além disso, tais pessoas são bastante estimuladas ao comportamento violento pelo fato de despertarem, nos demais, a expectativa de atuação agressiva. A sociedade atribui naturalmente aos fortes um papel social de homens mais capazes fisicamente.

HORMÔNIOS E AGRESSIVIDADE
Em relação à relação da agressão com hormônios, a testosterona tem sido o hormônio sexual mais importante. Experimentos têm demonstrado que a agressividade determinada pelo isolamento prolongado pode ser diminuída com tratamento a base de estrogênio e, em menor proporção, com progesterona. As relações entre agressividade e impulso sexual têm merecido especial destaque por parte dos pesquisadores, notadamente em relação à morfologia e função do diencéfalo, área que parece controlar a secreção gonadal dos hormônios sexuais.

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