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quarta-feira, 28 de março de 2012

Esgotamento




É muito tênue o limte entre a loucura e a desrazão. A expressiva maioria dos Transtornos Afetivos, onde se incluí a Depressão, proporciona atitudes psicoemocionais não alienantes, ou seja, proporcionam um descontrole da crítica e do juízo muito mais próximo da desrazão que da alienação. As patologias alienantes são as esquizofrenias, demências, deficiências mentais, psicoses orgânicas e surtos de mania.

Devemos considerar o estresse uma ocorrência fisiológica e normal no reino animal. O estresse é a atitude biológica necessária para a adaptação do organismo à uma nova situação. Em medicina entende-se o estresse como uma ocorrência global, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista emocional. As primeiras pesquisas médicas sobre o estresse estudaram toda uma constelação de alterações orgânicas produzidas no organismo diante de uma situação de agressão.

Fisicamente o estresse aparece quando o organismo é submetido à uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção, por exemplo, ou, do ponto de vista psicoemocional, à uma situação entendida como de ameaça. De qualquer forma, trata-se de um organismo submetido à uma situação nova (física ou psíquica), pela qual ele terá de lutar para adaptar-se, conseqüentemente, sobreviver. Portanto, o estresse é um mecanismo indispensável para a manutenção da adaptação à vida, indispensável pois, à sobrevivência.
Esgotamento

Atualmente esse termo é de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que chamamos vida moderna. Ninguém gosta de pensar na Ansiedade, no Estresse, no Esgotamento ou na Depressão como formas de algum transtorno emocional, é claro. Isso pode parecer muito próximo do descontrole, da "piração" ou da loucura e, como de fato, todos temos a possibilidade de, pelo menos uma vez na vida, sermos afetados pelo estresse, pelo esgotamento ou pela depressão, então será melhor não considerá-los como formas de algum transtorno emocional.

O que popularmente (e corretamente) se conhece por esgotamento teria origem em duas ocasiões (Figura 1): primeiro, quando a situação à qual a pessoa terá que se adaptar (estímulo externo ou interno) for suficientemente importante e duradoura para gerar forte tensão. Nesse caso haverá esgotamento por falência adaptativa, devido aos esforços (emocionais) para superar uma situação de forte tensão, normalmente considerada provocativa do ponto de vista subjetivo ou objetivo (situação b da Figura 1). Isso quer dizer que o estímulo necessário para desencadear o estresse seria ameaçador tanto para a pessoa que a ele está reagindo, quanto para outras pessoas submetidas à mesma situação.



Em segundo lugar, o esgotamento ocorre quando a pessoa não dispõe de estabilidade emocional suficientemente adequada para adaptar-se a vários aspectos da vida cotidiana. Os estímulos estressores, nesse caso, são estressores exclusivamente para essa determinada pessoa, portanto, objetivamente falando, são estímulos não tão traumáticos. Isso quer dizer que a pessoa sucumbiria emocionalmente a situações não tão aversivas para outras pessoas colocadas na mesma situação mas, não obstante, particularmente agressivas a ela. Seria uma ameaça subjetivamente representada.

Digamos, então, que o esgotamento ou a ansiedade crônica e patológica poderiam surgir em duas circunstâncias: 1 - decorrente daquilo que o mundo traz à pessoa (seu destino) e; 2 - decorrente daquilo que a pessoa traz ao mundo (sua sensibilidade pessoal).

O assunto poderia ser tratado dessa forma simples e prática, sem mistérios, se não fosse o ditado popular de que "cachorro mordido por cobra tem medo de lingüiça". Isso sugere a idéia de que o destino pode, não obstante, modular ou condicionar determinada forma de valorizar a realidade, a tal ponto que os fatos poderiam, dependendo das vivências de cada um, significar estímulos de maior ou menor capacidade estressora.

Assim sendo, podemos supor que nossos filtros afetivos tenham, não apenas uma natureza constitucional ou biológica mas, sobretudo, uma natureza bio-psíco-dinâmica. Nesse caso, a serotonina, o GABA, os neuroreceptores variados, a adrenalina e as vias neuronais, representariam a porção constituição da personalidade que reage à vida, de maneira específica e pessoal. A vida ou o destino em si, por outro lado, representariam o elemento circunstancial da personalidade que reage à vida.

Assim sendo, a situação conhecida por esgotamento não se limita às questões adaptativas de natureza eminentemente emocional, como acreditam muitos. Fisicamente há no esgotamento alterações significativas em todo organismo, a começar pelas glândulas supra-renais (de adrenalina e cortisona). Por causa das alterações hormonais produzidas nessas glândulas no "esgotamento", poderá haver dificuldades no controle da pressão arterial, alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico e no controle dos níveis de glicose do sangue, entre muitas outras modificações orgânicas. Psiquicamente, a ansiedade crônica do "esgotamento" acaba levando a um estado de apatia, desinteresse, desânimo e uma espécie de pessimismo em relação à vida.

Organicamente, no esgotamento, há alterações significativas nas glândulas supra-renais (de adrenalina e cortisona), há dificuldades no controle da pressão arterial, há alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico, no controle dos níveis de glicose do sangue, entre muitas outras. Psiquicamente a ansiedade crônica ou esgotamento leva à um estado de apatia, desinteresse, desânimo e uma espécie de pessimismo em relação à vida. Se hoje sabemos muito sobre o estresse e a ansiedade, tanto do ponto de vista comportamental quanto neuroquímico, pouco sabemos ainda sobre seu aspecto principal ou primordial.

Estamos falando sobre esse tal estímulo desencadeador. É por aí onde tudo começa, ou seja, todas as reações orgânicas, as atitudes, emoções, comportamentos, alterações químicas fisiológicas, etc e tal, começam sempre à partir do tal estímulo.

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