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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cafeína! Vai uma dose aí?




Muito provavelmente a cafeína vem sendo utilizada, por seus efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, desde o período paleolítico (Barone e Roberts, 1984). Os relatos mais confiáveis, entretanto, referem que ela tem sido consumida há milênios. Os chineses já a consumiam no século IV a.C.

Nossa cultura atual reconhece que o café, tal como se conhece hoje, seja originário da Etiópia (antiga Abissínia), difundindo-se na península arábica através do Iêmen e, dos árabes, para o resto do mundo. Na Europa o café foi mais fortemente introduzido a partir do século XVI pelos espanhóis e holandeses, no período das conquistas ultramarinas (James, 1997). Antes disso o café era consumido de maneira restrita e a bebida nobre era o chá.

A inclinação periódica de desqualificar o café, muitas vezes em favor do chá, é igualmente antiga. Um fato curioso ocorreu com o rei sueco Gustavo II. O monarca considerava o café uma bebida revolucionária e uma ameaça a civilização. Por causa disso idealizou uma experiência para mostrar as conseqüências do uso do produto: um prisioneiro condenado à morte seria forçado a beber café diariamente até morrer, enquanto outro condenado beberia chá. Por ironia, os médicos responsáveis pelo estudo morreram primeiro, seguidos pelo assassinato do rei. Quanto aos prisioneiros, o primeiro a falecer foi o bebedor de chá, aos 83 anos (Messias,...2001).

A cafeína, quimicamente conhecida por 1,3,7-trimetilxantina, é o ingrediente ativo do café, mas pode estar presente em muitas comidas e bebidas. Essa substância pertence ao grupo de compostos das metilxantinas, onde se inclui também o chá. As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso, produzindo certo estado de alerta de curta duração.

Além do café, a cafeína também é encontrada em outras bebidas, em proporções menores, tais como as bebidas contendo cacau, cola, chocolate, além do chá e de alguns remédios do tipo analgésico ou contra gripes. Devido à diversidade de produtos que contém cafeína, presente em mais de 60 espécies de plantas do mundo, ela é, seguramente, a droga psicoativa mais popular no mundo.

A cafeína é mesmo a substância estimulante de maior consumo em todo mundo. Só nos Estados Unidos, calcula-se que a média de ingestão diária por pessoa seja superior a 150 mg, o equivalente a 3,5 kg de café por ano por pessoa.

Considerando que a cafeína está presente no café, chá, chocolates, refrigerantes à base de cafeína ou medicamentos, pode-se dizer que cerca de 80% da população geral faz uso dessa substância diariamente, embora seja muito difícil quantificar seu consumo (Strain & Griffiths, 2000). Nas últimas décadas, devido ao aumento do consumo de refrigerantes do tipo cola, tem crescido o consumo de cafeína, sobretudo entre os adolescentes.

De todos os estudos publicados até agora sobre a cafeína, não se pode extrair de forma incontestável, dados que comprovem que essa substância apresenta perigos ao organismo (Boa Saúde). Ao lado de muitas recomendações médicas, técnicas e científicas na direção de se evitar consumir a cafeína em excesso, a substância pode até atuar de forma terapêutica e ser consumida com a devida prescrição médica.

Níveis de cafeína por volume

Café Expresso (2 xícaras) = >250 a 330 mg
Café descafeinado => 1 - 5 mg
Café preparado por decantação => 40 - 170 mg
Café preparado por gotejamento => 60 - 180 mg
Café solúvel => 30 - 120 mg
Chá preparado => 20 - 110 mg
Chá instantâneo => 25 - 50 mg
Chocolate => 2 - 20 mg
Coca Cola => 45 mg
Diet Coke => 45 mg
Pepsi Cola => 40 mg
Refrigerantes diversos => 2 - 20 mg
Medicamentos analgésicos => 30 - 200 mg
Remédios para resfriados => 30 - 100 mg

Ela fica no sangue de quatro a oito horas. Combate a depressão, estimula a memória, mas em doses altas pode prejudicar o sono e os ossos.

Um, dois, até três cafezinhos por dia podem ser benéficos. Acima disso, o consumo de alimentos que contêm cafeína pode causar problemas para o sistema nervoso e piorar os efeitos do estresse. Uma dose maior do que 180 miligramas de cafeína por dia (três cafés ou quatro refrigerantes dietéticos), podem prejudicar o sono e causar irritabilidade. A cafeína estimula o sistema nervoso e a pessoa, ao dormir, não consegue liberar em quantidades ideais um outro hormônio chamado melatonina, responsável pelo descanso. Não liberando esse hormônio, não descansa o suficiente e acorda irritada.

É bom saber também que o excesso de cafeína pode ocasionar mais do que insônia. Ela é capaz de interferir na absorção do cálcio. Segundo a ortopedista Pérola Papler, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialista no tratamento da osteoporose, a cafeína pode provocar a eliminação do cálcio pela urina. Esse mineral é o mais importante na manutenção da massa óssea.

Após os 30 anos é natural perdermos parte da massa óssea. As mulheres são as que mais sofrem esse efeito. Chegam a perder 0,5% do tecido ósseo por ano. E se essa perda for maior do que 1% ao ano pode, até os 40 anos, desenvolver a temida osteoporose - doença caracterizada pelo enfraquecimento dos ossos. Muitos fatores são responsáveis pela osteoporose, mas sabe-se que a queda dos níveis de estrógeno e progesterona e a alimentação pobre em cálcio são os dois maiores agravantes do problema.
cafeína limitada.

Contra a falência hormonal, apenas a terapia de reposição funciona. Mas em relação à dieta, os médicos recomendam: caprichar nas quantidades de alimentos que contenham cálcio, principalmente na idade de maior formação óssea (entre 12 e 20 anos). O ideal é que se consumam entre 800 a 1200 miligramas de cálcio por dia. Para isso, deve-se incluir nas refeições, por exemplo, dois copos (400 mililitros) de leite (440 miligramas), duas fatias grossas (80 gramas) de queijo-de-minas (550 miligramas) e meio copo (100 mililitros) de iogurte (120 miligramas).

Além disso, limitar o consumo de cafeína, para que ela não prejudique a absorção do cálcio. A nutricionista Celeste Elvira Viggiano, de São Paulo, explica que os principais alimentos ricos em cafeína são mesmo o café, o chá-mate, o chocolate, o guaraná e os refrigerantes à base de cola.

O Brasil, maior produtor de café do mundo, está encorajando as crianças em idade escolar a tomar café, introduzindo-o inclusive na merenda, sob argumento de que melhora o desempenho nos estudos e desestimula o uso de drogas ilícitas.
A campanha promocional do Cafés do Brasil deverá atingir entre cinco a seis milhões dos 32 milhões de crianças através de programas nas escolas.

Considerado ousado e ambicioso pela própria organização que reúne produtores e governo, o projeto visa o incentivo e a difusão ao hábito de consumo de café, proporcionando elementos para diminuir a rejeição, quebrar o "tabu" de consumo e demonstrar suas qualidades. O objetivo é mostrar às crianças , didaticamente, todo o processo pelo qual passa o produto , da semente à xícara , disseminando assim o hábito de tomar café. As pessoas que bebem café iniciaram o hábito quando tinham entre nove e 14 anos de idade, segundo pesquisas.

A campanha tenta conquistar alguns médicos, que se opõem à promoção do consumo do estimulante cafeína pelas crianças, explicou Carlos Brando, coordenador de marketing do programa, durante Simpósio Mundial de Chá e Café realizado na Holanda.
Pesquisa realizada no país abrangendo 150.000 crianças revelou que aquelas que beberam café tiveram melhor desempenho na escola e menor probabilidade de usar drogas ilegais ou álcool, disse Brando.

Estudo dirigido pelo dr. Darcy Lima, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, identificou ácidos clorogênicos no café como um componente que estimula as áreas de satisfação do cérebro. Isso diferencia o café dos refrigerantes à base de cola que estimulam somente pela cafeína.

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