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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Placebo

Você já ouviu falar em medicação placebo?. Provavelmente sim e eventualmente pode até ter sido tratada com uma. Melhor ainda, pode ter sido beneficiada de tê-la utilizado. Se você não ouviu falar, vai aí a explicação. A palavra placebo existe desde o final do século 18 e se refere à uma droga ou tratamento inócuo que objetiva a melhora clínica do paciente. Em tese um remédio ou tratamento sem efeito. Mas que paradoxalmente pode surtir efeito positivo para o doente, que em muitos casos não tem outra opção mais adequada de tratamento.

Parece esquisito e muitos devem estar pensando que neste caso é melhor ou, pelo menos, mais ético, não dar nada para o paciente. Mas o fato é que existem muitas evidências de que o efeito placebo funciona. Pois bem, um dos mais importantes periódicos científicos do mundo, o Lancet, acaba de publicar um artigo que vai esclarecer a questão. Para os autores a ação do placebo não é explicada apenas pela regressão espontânea dos sintomas ou problemas metodológicos dos estudos em que a medicação foi empregada. O efeito placebo deve-se sim a dois mecanismos: psicológicos e neurobiológicos.

Quanto aos psicológicos, a ação decorre da expectativa de melhora e condicionamento do próprio paciente. Ambos determinam inconscientemente mudanças fisiológicas como secreção de hormônios e respostas de defesa imunológica. Quanto aos mecanismos neurobiológicos, admite-se, por exemplo, que a propriedade analgésica do placebo decorre da liberação de substâncias chamada opioides endógenos. Mas eles também estão envolvidos com liberação de neurotransmissores e neuromoduladores. Para concluir os autores vão mais longe e afirmam que estes mecanismos podem interagir com o tratamento medicamentoso, mesmo nos casos onde não se utiliza nenhuma droga placebo, já que em dadas situações clínicas e de relacionamento médico-paciente, o efeito placebo pode ativar os mesmos mecanismos.

Ou seja, parte importante da explicação do efeito placebo está na velha e conhecida relação médico-paciente. E neste caso é importante que o médico também acredite no que está prescrevendo. Mas convenhamos isso não deveria ser uma grande novidade. (Finniss et al. Biological, clinical and ethical advances of placebo effects. Lancet, 375:686-694,2010)



Escrito por Dr. Alexandre Faisal

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