Pesquisar este blog

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Meningite: cenário atual da doença no país.

Você sabia que somente a meningite bacteriana meningocócica tem potencial epidêmico? E que ela é transmita por pessoas sadias, portadoras assintomáticas do meningococo, bactéria normalmente encontrada na garganta? O médico especialista em doenças infecciosas e parasitárias David Barroso, pesquisador do Laboratório de Sistemática e Bioquímica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), explica como ocorre a transmissão e a melhor forma de prevenção desta doença, com casos recentes no país, na região Nordeste. Qual o cenário atual da meningite no país?

Nesta década, a doença meningocócica tem sido registrada no Brasil na forma de casos esporádicos (1 a 5 casos por 100.000 habitantes), surtos localizados ou aglomerados de casos. Epidemias de grandes proporções (mais de 20 casos por 100.000 habitantes) não têm sido observadas. Atualmente, há em vários estados do país um aumento ou predomínio do número de casos decorrentes do sorogrupo C, o qual pode ser prevenido pelo uso de vacina.

Há risco do surto ocorrido recentemente na Bahia chegar a outras regiões do país?
Surtos como atualmente em curso na cidade de Porto Seguro, causados pelo sorogrupo C, têm sido registrados em outras regiões, como aqueles que ocorreram nas cidades de Corupá (SC, 2001), Parati (RJ, 2004), Rio de Janeiro (RJ, 2006), Petrópolis (RJ, 2007) e o balneário de Búzios (RJ, 2008). Com o deslocamento rápido de pessoas, a disseminação do meningococo, que é uma bactéria normalmente encontrada na garganta de pessoas sadias, se faz de uma maneira eficaz e muito dificilmente contida, pois os portadores sadios não adoecem e nada sentem durante semanas ou meses.

Como a meningite é transmitida?
O doente não é a fonte de contágio, a não ser em condições excepcionais, como respiração boca-a-boca, mas sim os portadores sadios, que apesar de estarem infectados pelo meningococo não apresentam sintomas. Isto é verdadeiro mesmo durante epidemias de grandes proporções. A transmissão é feita de pessoa a pessoa por meio das secreções eliminadas pela boca, durante uma conversação, respiração, tosse, espirros ou troca de saliva.

Qual o período de incubação?
É um período curto, de 1 a 2 dias (variando de 1 a 14 dias), acarretando doença grave e rapidamente progressiva, de 12 a 24 horas, o que exige logo a internação do doente.

Qual a melhor forma de prevenção da doença?
A única forma eficaz de prevenção da doença é a vacinação, o que precisa ser realizado o mais rápido possível durante situações emergenciais, para atingir o máximo de proteção e benefício para a comunidade. No entanto, a melhor forma de controle da doença pelo sorogrupo C, atualmente, é por meio da utilização de rotina da vacina conjugada, a única com eficácia em crianças menores de 2 anos e aquela que confere proteção duradoura, independente da faixa etária. Deste modo a vacina conjugada, que possui alta eficácia e segurança de uso em larga escala, protege contra a doença na sua forma esporádica ou epidêmica.

Quais são os primeiros sintomas?
A doença meningocócica, normalmente, começa com mal estar geral, febre e vômitos. Após o início da febre e sintomas de infecção do trato respiratório superior (dor de garganta), surgem dores nas articulações e nos músculos. Entre o primeiro e o segundo dia de doença, surgem lesões hemorrágicas com rápida disseminação por toda a pele.

Existe tratamento para meningite? Como ele é feito?
Sim. O tratamento envolve internação hospitalar, pela necessidade de terapia com antibiótico por via venosa e outras medidas de suporte. Nos casos mais graves, há necessidade também de tratamento de terapia intensiva. É preciso frisar que o sucesso do tratamento depende do diagnóstico rápido e a imediata administração de antibiótico parenteral. O tratamento é feito durante sete dias, sendo que a alta é autorizada no oitavo dia de internação.

Que tipos de pesquisas sobre meningite estão em andamento no IOC?
Atualmente, estamos investigando a origem da bactéria meningocócica, mapeando sua sensibilidade aos antibióticos e pesquisando alternativas vacinais. Padronizamos um ensaio de PCR (sigla para Reação em Cadeia da Polimerase) para o diagnóstico das principais causas de meningite bacteriana (meningococo, pneumococo e hemófilos), o que permite um aumento do número de casos confirmados e um melhor acompanhamento do agravo.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

Nenhum comentário: