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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Álcool Dependência

Alcoolistas que preferem bebidas destiladas, como uísque, cachaça ou vodka, têm uma dependência de álcool mais grave, aderem menos a tratamento para parar de beber e têm mais recaídas, quando comparados aos que preferem cerveja. A conclusão é de um estudo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), que ressalta a possibilidade de tratamentos diferentes serem mais eficazes para viciados que preferem um dos dois tipos de bebidas.

O estudo foi o primeiro no mundo a relacionar a preferência por uma bebida e a aderência ao tratamento. Contudo, mais pesquisas precisam ser feitas para saber se os resultados valem para a população toda ou só para aquela amostra.

A pesquisa foi parte de um estudo que testou dois tipos de remédios em 100 consumidores de destilados e em 53 que preferiam cerveja. As pessoas que bebiam destilados aderiram menos aos tratamentos, independente dos remédios usados. Além disso, elas tinham uma dependência mais grave e a vontade de beber, chamada de fissura pelos médicos, era maior. Já os pacientes que preferiam cerveja ficavam mais tempo sem beber e sofriam menos com isso. A descoberta discorda de estudos anteriores, que verificaram uma fissura maior em bebedores de cerveja.

É usada uma escala para medir o nível de dependência. O prejuízo físico, psicológico e social dos que bebiam destilados era mais grave dos que os que preferiam cerveja. Durante o tratamento com remédios eles tinham mais recaídas.

Segundo estimativas feitas em 2005 por pesquisadores da UNIFESP, 12,3% da população brasileira das grandes cidades é dependente de álcool — ou seja, bebe mais do que pretendia, perde interesse por outros assuntos, consome progressivamente maiores doses de bebida e podem sofrer crises de abstinência.

Atualmente, os médicos não tratam de forma diferenciada quem bebe cerveja ou destilados. A idéia de separar durante o tratamento grupos que consomem bebidas diferentes é nova, originada de pesquisas dos últimos cinco anos.

Tratamentos

É possível que quem bebe destilados e procure ajuda médica já tenha tido tantas experiências ruins que tenha uma crença menos otimista em relação a um novo tratamento. Se isso for verdade, os médicos deveriam fazer um apoio mais intenso na abordagem cognitivo-comportamental.

Os profissionais de saúde precisariam analisar com mais profundidade o comportamento desses pacientes e trabalhar para ajudá-los a prevenir a recaída. Eles podem auxiliar o alcoolista a mudar seu estilo de vida. Devem ajudá-lo a manejar e a desenvolver habilidades sociais, para que possa ter outros prazeres. É provável que o doente tenha que fazer novos amigos, mudar de grupo.

Parece haver consenso entre os especialistas que a associação de terapia psicológica com remédios é a melhor maneira de tratar quem tem problemas com álcool. Tanto dependentes de álcool que preferem cerveja quanto aqueles que preferem destilados têm chance de se recuperar.

O sucesso do tratamento depende da família, da pessoa e da proposta de tratamento, que deve ser individualizada.

Mas quem trata precisa mostrar para a pessoa que ela tem responsabilidade pelos seus comportamentos. Se um alcoolista perguntasse para ele por que investir num novo tratamento, quando muitos outros já deram errado, ele devolveria a pergunta. Vale a pena investir no lado saudável que você ainda tem? Provavelmente o álcool tem consumido progressivamente este seu lado saudável, mas sempre resta algum ainda gritando por sobrevivência.

A pesquisa foi feita com doentes voluntários que se inscreveram no setor de assistência do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (PRO-GREA) do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas (HC), da FMUSP. O grupo está procurando alcoolistas que queiram receber tratamento e participar de pesquisas. Além do álcool, os pacientes só podem estar viciados em cigarro.

Interessados devem ligar para o (11) 3069-6960. Mais informações: (11) 3069-7891/92.

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