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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Novo medicamento biológico melhora os sintomas refratários da artrite reumatoide


Baricitinib diário, um inibidor da Janus quinase JAK1 e JAK2, de uso oral, produz melhora rápida dos sinais e sintomas da artrite reumatoide em pacientes com doença ativa que não obtiveram resposta a pelo menos um inibidor do fator de necrose tumoral (TNF), como indica o estudo RA-BEACON, apresentado no congresso da The European League Against Rheumatism (EULAR Rome 2015).

Este estudo envolveu 527 pacientes, a duração média da doença no grupo avaliado era de 14 anos e cerca de 30% dos pacientes já tinham usado mais de três fármacos biológicos antirreumáticos modificadores da doença (DMARDs), sendo uma coorte altamente refratária ao tratamento. No entanto, na 12ª e 24ª semanas, uma melhoria de 20% nos sintomas foi atingida em cerca de 55% dos pacientes que receberam baricitinib. Na verdade, a diferença entre os grupos usando placebo ou baricitinib já era estatisticamente significativa na primeira semana.

No momento da inscrição no estudo, os pacientes estavam estáveis com a terapia com um DMARD convencional, mas ainda tinham doença ativa, definida como mais de seis articulações inchadas e mais seis articulações sensíveis, em 68 articulações contadas, e um nível elevado de proteínas de fase aguda.

O resultado primário do estudo foi uma melhoria de 20% nos critérios do American College of Rheumatology na 12ª e 24ª semanas do estudo.

Todos os DMARDs biológicos foram interrompidos pelo menos 28 dias antes de o regime de medicamentos incluído no estudo ter sido iniciado. Os pacientes foram randomizados para receber baricitinib (4 mg/dia ou 2 mg/dia), além da terapia convencional com DMARD convencional ou com placebo. E os doentes tinham de ter tido uma resposta inadequada a pelo menos um inibidor de TNF.

Em pacientes previamente expostos a um DMARD biológico, uma melhoria de 20% foi atingida na 12ª semana por mais pacientes no grupo baricitinib 4 mg do que no grupo placebo (64% vs 32%). O mesmo padrão foi observado para pacientes previamente expostos a pelo menos três DMARDs biológicos (53% vs 13%; p<0,001).

Uma melhoria de 50% foi conseguida por mais pacientes em ambos os grupos baricitinib do que no grupo placebo na 12ª semana (34% vs 13%) e na 24ª semana (40% vs 22%; p<0,001).

O índice Disease activity score (DAS-CRP), que avalia a proteína C-reativa ao invés da taxa de sedimentação de eritrócitos, diminuiu de um modo linear ao longo do tempo nos dois grupos baricitinib, embora em maior medida com a dose de 4 mg, em relação ao grupo placebo (p<0,001). Reduções nos escores do índice Reductions in Clinical Disease Activity Index espelharam as do DAS-CRP. Mais uma vez, os resultados foram significativamente maiores nos dois grupos baricitinib, embora mais evidentes com a dose de 4 mg, do que no grupo de placebo (p<0,001).

Havia eventos adversos mais graves no grupo da dose de 4 mg do que no grupo de 2 mg na 12ª e 24ª semanas.

A taxa de infecções graves manteve-se relativamente constante em todos os grupos (2% e 3%) e não houve diferença significativa nas taxas entre quaisquer dos grupos. Em contraste, houve mais casos de herpes zóster no grupo de 4 mg do que no grupo de 2 mg ou no grupo placebo (7 vs 2 vs 2). No entanto, esses casos tenderam a ocorrer em pacientes que tiveram várias exposições a biológicos anteriormente. Este poderia ser um indicador de idade avançada, doença mais refratária ou simplesmente maior exposição a agentes imunomoduladores. Houve também uma diminuição ligeira na contagem de hemoglobina e de neutrófilos, mas nenhuma elevação de enzimas hepáticas grau 3 ou 4 ou raras interrupções do tratamento devido a alterações laboratoriais.

Outros estudos com o baricitinib em pacientes que nunca usaram DMARD e em doentes que não alcançaram uma resposta adequada ao metotrexato estão em andamento.

O baricitinib é uma opção de tratamento que pode ser usado por via oral. No entanto, no estudo RA-BEACON, o risco de herpes zóster aumentou e os níveis de hemoglobina diminuíram, o que mostra que os efeitos colaterais deste medicamento precisam ser atentamente avaliados antes de estabelecer esta terapia.

O estudo foi financiado pela Eli Lily e Incyte Corporation.

Fonte: EULAR Rome 2015

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