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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Inibidores da acetil-colinesterase para o tratamento da Síndrome de Alzheimer


Inibidores de colinesterases (I-ChE) são os principais medicamentos usados para o tratamento de Alzheimer por agirem diretamente nas sinapses nervosas, tentando solucionar um dos problemas dessa doença: a pouca oferta do neurotransmissor acetilcolina. Em poucas palavras essa pouca oferta deve-se a perda de neurônios que a usam como neurotransmissor durante a fase inicial da doença. A acetilcolina é essencial no processo de memorização e sua baixa oferta provoca o sintoma mais conhecido do Alzheimer: o esquecimento de coisas cotidianas.

Antes da adoção dos I-ChE foram testadas outras formas de tratamento relacionadas com a acetilcolina. Uma das estratégias era a substituição dos percursores do neurotransmissor, porém ela não se mostrou eficiente no incremento da atividade colinérgica central.

Um neurotransmissor é uma substancia responsável por levar uma informação de um neurônio a outro, pois dois neurônios nao encostam-se em uma sinapse. Contudo, após a captação do neurotransmissor pelo neurônio pós-sinaptico, a parte da substância que restou no espaço extracelular deve ser retirada para que não ocorra estresse excessivo dos neurônios e para que os neurônios colinérgicos possam voltar ao estado de repouso (ocorra a repolarização dos neurônios).

As colinesterases são enzimas que catalizam a hidrólise (destruição) da acetilcolina, transformando-a em colina e ácido acético. Como na Doença de Alzheimer (DA) há um déficit colinérgico, a inibição das enzimas que catalizam a destruição da acetilcolina aumentaria sua disponibilidade sináptica. As duas principais colinesterases são a acetilcolinesterase e a butirilcolinesterase. Os I-ChE fazem parte das drogas quem agem diretamente na DA, e o seu uso tem como objetivo frear o progresso da doença e o tratamento do déficit cognitivo, pois a a reversão dos danos causados dificilmente é observada.

Os I-ChE podem ser classificados de acordo com a duração de sua ação sobre as colinesterases e a possibilidade de reversão de sua inibição. Os fármacos comerciais que são I-ChE incluem a rivastigmina, a galantamina e o donerzepil. Os dois últimos são inibidores reversíveis das acetilcolinesterases, respectivamente de duração intermediária e longa. A rivastigmina tem ação de duração intermediária e é lentamente reversível.

Tacrina e rivastigmina também inibem a butirilcolinesterase, resultando em mais efeitos colaterais, mas auxiliando no controle de outro problema da DA que é a formação de placas senis entre os neurônios. Essas placas são formadas por proteínas beta-amilóides mal formadas e sua maturacão tem relação com a butirilcolinesterase.

A rivastigmina pode ser classificada como pseudo-irreversível, pois a interação da enzima com a droga leva a formação de dois produtos: um de rápida excreçao e um complexo carboamilado com a enzima, o qual impede a hidrólise da acetilcolina por duração competitiva e duradoura, mas é reversível. Desse modo o efeito dessa droga perdura mesmo após a eliminação da droga-mãe do organismo, reduzindo os riscos de interação com outros medicamentos.

A resposta ao tratamento feito com os I-ChE é heterogênea, sendo os benefícios observados a partir de 12 semanas e cessam após 6 a 8 semanas de tratamento. A eficácia desses fármacos em pacientes com DA leve ou moderada é discreta, mas consistente quando comparada aos pacientes que não fazem seu uso, principalmente sobre a cognição e as capacidades funcionais.

A tacrina foi uma das primeiras drogas com a função inibidores a ser prescrita para os enfermos, ela lançou a base da terapia colinérgica (modo como é conhecido o tratamento feito com essas drogas). Entretando, estudos posteriores comprovaram sua hepatotoxicidade e somando isso a sua dificuldade posológica (quatro doses diárias) o resultado foi o desuso desse medicamento.

Os inibidores de colinesterases de segunda geração (modo como é conhecido o donezepil, a rivastigmina e a galantamina) possuíam o mesmo efeito da tacrina, mas com efeitos colaterais em menor grau, posologia mais fácil e, em geral, menor toxicidade. Os efeitos colaterais mais observados são (1) efeitos adversos gastrintestinais: náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, dispepsia, dor abdominal, aumento da secreção ácida; (2) cardiovasculares: oscilação da pressão arterial, síncope, arritmia, bradicardia; (3) outros sintomas como tonturas, cefaléia, agitação, insônia, câimbras, sudorese, aumento da secreção brônquica.

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