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sábado, 20 de julho de 2013

Toque retal: exame muitas vezes necessário


O toque retal é o exame feito através da introdução do dedo indicador do médico, revestido de luva esterilizada, no ânus do paciente, o que permite palpar a porção mais distal do reto (porção final do intestino grosso), bem como a próstata, e analisar possíveis anormalidades existentes nesses órgãos.

O toque retal é muito utilizado pelos urologistas para examinar a próstata, uma glândula externa ao reto, mas que repousa diretamente sobre ele.

Vou abordar especificamente sobre esse uso do toque retal.

Esse exame, juntamente com as dosagens sanguíneas de antígeno prostático específico (PSA), representa a melhor e mais segura maneira de detectar precocemente a suspeita ou a existência do câncer de próstata que, do contrário, pode evoluir silenciosamente e só exibir sintomas quando já estiver muito evoluído ou produzir metástases.

Por isso, recomenda-se que exames regulares de toque retal e dosagem de antígeno prostático específico sejam feitos em homens a partir dos 40 ou 50 anos de idade.

Afinal, costuma-se dizer, possivelmente com um exagero leigo, que o homem que viver muito "teve, tem ou terá" câncer na próstata.

A próstata é uma glândula exócrina, pertencente ao sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga e à frente do reto, envolvendo a uretra. No homem adulto, a próstata normal pesa cerca de 20 gramas.

Ela pode ser dividida em quatro zonas:

•Zona periférica: envolve a uretra distal e é onde se alojam 70% dos cânceres de próstata.

•Zona central: envolve os ductos ejaculatórios, é de onde partem cerca de 25% de todos os cânceres de próstata.

•Zona transicional: raramente associada ao câncer, mas que é responsável por uma hiperplasia prostática benigna.

•Zona fibromuscular anterior: composta somente de músculos e tecido fibroso. Anatomicamente, pode ser dividida em lóbulos anterior, posterior, laterais (direito e esquerdo) e medial.

Sua função principal é produzir e armazenar um fluido incolor e alcalino (pH 7,29) que constitui parte do volume do fluido seminal, o qual, juntamente com os espermatozoides, forma o sêmen. Seus músculos lisos ajudam a expelir o sêmen durante a ejaculação.

A correta função da próstata conta com a presença de hormônios masculinos, sobretudo a testosterona, produzida principalmente nos testículos.

São três as principais doenças que podem acometer a próstata:

•Hiperplasia benigna da próstata: caracterizada por um aumento benigno do tamanho da próstata, que normalmente se inicia após os 40 anos de idade.

•Prostatite: é a inflamação da próstata.

•Câncer da próstata: pode evoluir silenciosamente até que haja disseminação da doença.

O procedimento é muito simples e rápido, feito em consultório e dura apenas alguns minutos, se tanto.

Normalmente, o paciente estará deitado numa maca ou cama, em uma posição parecida à posição ginecológica das mulheres, de barriga para cima, com as pernas fletidas e abertas, ou deitado de lado, apoiado na mesa de exame, e deve manter o ânus acessível e relaxado.

O médico, usando luvas, é claro, lubrifica seu dedo indicador e o introduz no ânus do paciente, solicitando a ele que efetue um leve esforço defecatório e então palpa o interior do reto e, privilegiadamente, a próstata.

O exame é indolor e pode apenas ocasionar algum ligeiro desconforto, o qual pode ser aumentado devido ao não relaxamento da musculatura do ânus.

O preconceito que ronda o exame, da parte de muito homens, tem feito com que o câncer de próstata possa progredir muito antes de ser diagnosticado, dificultando sobremaneira o tratamento ou mesmo tornado-o impossível.

Deve-se ter em mente que alguns tumores de próstata são tão indolentes e de evolução tão lenta que nem chegam a necessitar tratamentos, mas outros são bem mais agressivos, crescendo e dando metástases mais rapidamente.

Daí ser de toda conveniência que sejam diagnosticados bastante precocemente.

O simples acompanhamento através das dosagens sanguíneas do antígeno prostático específico (PSA) não oferece segurança suficiente porque não há uma correspondência linear entre os níveis sanguíneos do PSA e a evolução do câncer de próstata.

Pessoas com PSA elevado podem não ter câncer e outras com PSA normal podem tê-lo. Além disso, o PSA sofre influência de muitos outros fatores que não o câncer.

Tampouco os exames de imagens podem substituir o toque retal. O câncer de próstata, ao contrário de outros cânceres, não forma um tumor, mas se distribui em numerosos pequenos nódulos que só podem ser percebidos ao toque retal.

O toque retal é um exame importante para a área da proctologia, já que muitos tumores e outras doenças se manifestam na porção terminal do reto.

É também de grande importância para a urologia porque permite palpar a próstata através do reto. Estima-se que todo homem que viver até os 100 anos terá algum tumor na próstata.

Como um meio de levantar precocemente a suspeita do câncer de próstata, o toque retal deve ser feito pelo menos uma vez ao ano por homens acima dos 50 anos, ou acima dos 40 anos para aqueles incluídos em grupos de risco: descendentes de negros, homens com parentes de primeiro grau que tenham tido câncer de próstata, homens com PSA acima de 2,5 ng/mL, etc.

No entanto, somente uma biópsia da próstata pode diagnosticar com certeza o câncer e determinar a sua gravidade.

O exame de toque retal é inadequado para diagnosticar ou monitorar muitas doenças que afetam o cólon porque ele apenas examina menos de 10% da mucosa do órgão.

Em geral, o toque retal pode ser usado para diagnosticar tumores retais; examinar a próstata; diagnosticar apendicite e casos de abdômen agudo; estimar a tonicidade do músculo esfíncter anal; fazer palpações ginecológicas de órgãos internos; avaliar hemorroidas etc.

Muitas vezes o resultado do exame pode sugerir uma proctoscopia (exame endoscópico do reto), uma colonoscopia (exame endoscópico do cólon) ou uma biópsia de próstata.

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