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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tratamento psiquiátrico de obesidade




A neurose do corpo perfeito também persegue, por ordem de freqüência, as adolescentes, as mulheres adultas e os homens em geral. A Tribuna do Brasil, de Brasília, em sua edição de junho de 2002, divulgou uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo com 133 praticantes de ginástica olímpica, nadadoras e garotas que fazem aulas de educação Física na escola, entre 11 e 19 anos de idade, onde apurou-se que 74% das ginastas, 56% das nadadoras e 58% das demais confessaram o temor da obesidade.

Essa situação acaba fazendo com que a psiquiatria, hoje em dia, não apenas deva se ocupar das pessoas que realmente se encontram com sobrepeso e obesidade por razões emocionais, como também das pessoas que sofrem por temer essas situações. Nesses casos, o mais comum é que apresentem Anorexia e Bulimia, tratados em outra parte.

Admite-se que a porcentagem de gordura corporal deve situar-se entre 15 e 18% para o sexo masculino e entre 20 e 25% para o sexo feminino. Podem ser considerados obesos os homens com percentual superior a 25% e as mulheres com mais de 30%.

Considerar os fatores psicológicos envolvidos na obesidade é muito importante, tanto para se pensar sobre suas causas, quanto em seu tratamento. A hiperalimentação pode refletir um distúrbio ansioso, um distúrbio afetivo, um transtorno alimentar (do tipo compulsão alimentar) e mesmo um desarranjo na dinâmica familiar.

Não é raro constatar mães (ou pais) que super alimentam seus filhos, talvez como uma espécie de compensação para outras emoções; seja de culpa, seja por frustrações passadas, seja como manifestação distorcida de amor, etc.

A hiperfagia (excesso de fome) pode perfeitamente ser uma resposta a situações de estresse, pode ainda servir para compensar dificuldades na interação social, nos conflitos sexuais e nas relações interpessoais.

As pessoas magras normalmente pensam na comida e/ou comem, quase só quando sentem fome. As obesas, por outro lado, costumam pensar em comida o tempo todo e se sentem estimuladas à comer nas mais variadas circunstâncias, tais como, no horário das refeições, ao passearem por um shopping center, ao sentirem cheiro de comida e assim por diante. Na realidade o tipo de relação entre sujeito e objeto é característica nos obesos, quando o objeto diz respeito à comida.

Todo paciente obeso deve, antes de iniciar qualquer tratamento sério, passar por um exame clínico completo, eventualmente complementado por alguns exames laboratoriais, para que possa se assegurar de não ser portador de doenças que se acompanhem de obesidade, como é o caso, por exemplo, do hipotireoidismo. O tratamento da obesidade simples, por sua vez, de baseia no tripé dieta, exercício físico e estabilidade emocional.

Uma das maneiras mais corretas de corrigir a obesidade é, primeiramente, avaliar a causa da obesidade. Quando está envolvida uma razão emocional para a obesidade, podemos estar diante de um círculo vicioso; ansiedade (ou depressão), comer demais, obesidade, mais ansiedade (ou depressão), voltar a comer demais... e assim por diante. Por outro lado, uma das atitudes mais incorretas em relação à obesidade é, de um dia para o outro, cortar tudo e passar à dieta zero.

Considerando que a grande maioria dos obesos são conseqüências da persistência de erros alimentares, é muito importante um diagnóstico nutricional e uma orientação dietética profissional. Essa orientação tem o objetivo de mostrar o valor calórico de cada alimento e elaborar um cardápio adaptado à vida e rotina da pessoa.

O tratamento da obesidade infantil, algumas orientações são de utilidade práticas para os pais:

1. Não proibir alimentos, apenas determinar a porção a ser servida;

2. Estabelecer horários;

3. Ensinar a comer devagar e mastigar os alimentos;

4. Não fazer refeições assistindo televisão;

5. Diminuir gradativamente a quantidade de alimentos;

6. Não proibir sanduíches, desde que elaborados com alimentos pobres em gorduras;

7. Mude o hábito alimentar familiar se preciso;

8. Estimule atividade física regular;

9. Consulte um especialista na área ao menor sinal de perda de controle alimentar.

Outras recomendações devem ser também anotadas:

1. Cortar calorias nas refeições: os pais não devem superalimentar seus filhos à mesa. Se o cardápio é sempre muito calórico, talvez seja hora de repensar os hábitos alimentares da família em benefício da criança. Estudos comprovaram que os hábitos alimentares dos pais contribuem para o desenvolvimento da obesidade em crianças em idade escolar.

2. Limitar os lanchinhos: os pais não devem forçar seus filhos a comerem frutas e vegetais, ao invés disso, eles devem limitar a oferta de "guloseimas" em seus armários. A criança dificilmente aceitará frutas ao ter biscoitos e outras massas ao seu alcance.

3. Limitar Fast-foods: os pais devem reduzir gradativamente as saídas para lanchonetes e outros fast-foods.

4. Introduzir atividades físicas: a atividade física é indispensável para a criança queimar calorias reduzindo seu excesso de gordura.

5. Redução do tempo de TV: Estudos têm mostrado a relação direta entre assistir TV e a obesidade infantil.

Um dos grandes problemas de quem faz regime é que as dietas são extremamente restritas e enjoativas. Depois de algum tempo de tratamento, é comum a pessoa sentir-se desmotivada, enjoada das dietas e, por fim, acabam cedendo às pressões psicológicas e sociais para que voltem a comer como antes.

Dieta e Exercícios

Nenhuma proposta de tratamento pode ser considerado válida se não incluir um plano nutricional individualizado, com vistas à diminuição na ingestão calórica. Trata-se de uma especialização dos profissionais nutricionistas (veja sites na coluna ao lado).

Assim sendo, ao mesmo tempo em que se pretende uma abordagem psiquiátrica para avaliação do grau de ansiedade e/ou depressão, para avaliação de outros diagnósticos alimentares e início do tratamento medicamentoso, deve-se proceder a orientação dietética personalizada e conduzida por profissional especializado.

O mesmo se diz dos exercícios. Sabendo que a obesidade representa, na expressiva maioria dos casos (mais de 90%) uma desproporção entre o consumo e o aporte calórico, junto com a dieta há necessidade, imperiosa, de um programa de exercícios que favorecerão o consumo calórico.

A maior dificuldade de tratamento está na indisposição e desinteresse das pessoas, tanto em relação à dieta, quanto aos exercícios. A maioria acredita que existem "remedinhos" milagrosos que fazem perder o peso sem que a pessoa saia de frente da televisão e sem passar nenhuma vontade alimentar. Aliás elas sempre lembram alguma amiga que consultou um determinado médico, o qual receitou uma certa fórmula e, plim-plim, sua amiga emagreceu 12 quilos.

Algumas mulheres insistem em dizer que "não comem quase nada", apesar de obesas. E costumam trazer a filha junto, na consulta, para ajudar a garantir que, de fato, comem quase nada. Essas pessoas têm a nítida convicção de que sofrem alguma alteração na tireóide, apesar de todos exames terem dado normais.

Quando falamos nos exercícios, se apressam a dizer que não têm tempo e que a lide doméstica já é um "exercício e tanto". Gostam de fazer parecer ao médico que seu caso é, realmente, uma coisa misteriosa, um desafio à medicina: não comem, fazem muito exercício doméstico e, não obstante, mantém-se obesas. Aí, então, vem a frase final: "- Ah doutor, se eu não tiver algum remédio para ajudar, sei que não vou conseguir emagrecer nada."

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