O bruxismo, disfunção caracterizada pelo ranger de dentes durante o sono que afeta cerca de 30% dos brasileiros, está associado a dificuldades respiratórias ao dormir. É o que aponta uma pesquisa ainda inédita no Brasil divulgada recentemente, durante o Congresso Internacional de Odontologia, em São Paulo.
O trabalho, resultando de dez anos de estudos de um grupo de pesquisadores em dor orofacial, bruxismo e desordens do sono da PUC – Rio Grande do Sul, em parceria com o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, foi publicado pelo The International Journal of Prosthodontics, órgão oficial do Colégio Internacional de Protesistas.
O estudo usou placas de avanço mandibular (popularmente chamadas de placas para ronco, por serem usadas para combatê-lo) em pacientes com bruxismo. Os resultados foram mais satisfatórios do que quando a placa específica contra o bruxismo foi usada.
A placa para ronco é um dispositivo que traciona a musculatura da garganta, facilitando a respiração. Ela amenizou o bruxismo em 27 das 28 pessoas avaliadas. Já os aparelhos específicos contra o distúrbio têm sucesso em apenas 40% dos casos.
O bruxismo aparece durante micro-despertares do sono. A pessoa que tem dificuldades para respirar ou tem outros distúrbios do sono tende a ter despertares mais frequentes.
Todo mundo tem um pouco de bruxismo. É algo que acontece naturalmente. Mas o fenômeno passa a ser um problema quando há ranger de dentes e pressão sobre as mandíbulas.
Se não for tratado, o problema pode levar ao desgaste e à perda dos dentes, além de provocar dores de cabeça e lesões nas articulações da mandíbula, com prejuízos para a mastigação. Tudo isso ocorre porque a região não está preparada para ser usada com tanta intensidade: quem tem bruxismo chega a apertar os dentes 12 mil vezes por noite, enquanto um indivíduo normal o faz cerca de 280 vezes. Estalidos ao abrir a boca no despertar podem ser uma pista do problema.
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