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sexta-feira, 9 de maio de 2008

A etiologia do câncer de estômago.


A etiologia do Câncer Gástrico não é conhecida. Estudos epidemiológicos conseguem detectar relações entre a incidência do CA Gástrico e fatores ambientais, hereditários, e condições predisponentes. Populações orientais que migram para o ocidente experimentam uma grande redução na incidência do CA Gástrico, o que é sugestivo da participação de fatores ambientais e dietéticos nos mecanismos carcinogênicos envolvidos. Recentemente têm surgido investigações que sugerem uma relação entre infecção pelo Helycobacter Pilori e as neoplasias gástricas, tanto carcinomas quanto linfomas (Bolin - Sydney, 1995; Deltenre - Bruxelas, 1995). Os fatores mais freqüentemente apontados como importantes na gênese dos tumores gástricos são:

· Dieta
Acredita-se que a dieta é importante, porém sem comprovação direta. Carnes assadas, peixes defumados ou em conserva, molhos e álcool e de deficiência de magnésio e de vitamina A foram todos postulados, porém sem comprovação como causas de câncer gástrico.
Foi postulado que a maior ingestão de vitamina C e a refrigeração são responsáveis pela menor incidência de câncer gástrico nos EUA as últimas décadas, porém a hipótese do nitrito propriamente dita ainda não foi avaliada.

· Indivíduos com grupo sangüíneo A.
O grupo sanguíneo A está associado à incidência mais alta de câncer gástrico até mesmo nas áreas do mundo onde esse câncer é raro. Tal fato e o aumento de 3 vezes na incidência de câncer gástrico em parentes de primeiro grau (pais, irmãos, filhos) de pacientes com câncer gástrico levantaram a possibilidade de um componente genético.

· Infecção gástrica pelo Helicobácter Pilori.
Estudos epidemiológicos constataram que o Helycobater pylori, um microorganismo que afeta o estômago e que está relacionada à alta taxa de recidiva das úlceras duodenais, está associado com o adenocarcinoma gástrico e alguns linfomas gástricos.

· Tabagismo.

· Portadores de Anemia Perniciosa, Acloridria e Gastrite Atrófica.
A anemia perniciosa já foi considerada uma condição pré-maligna, porém a alta incidência prévia de câncer gástrico deixou de ser testemunhada. Isso pode ser um reflexo da incidência progressivamente menor de câncer gástrico que está sendo observada em âmbito mundial. Apesar da gastrite atrófica ser observada habitualmente em associação com o câncer gástrico, esse distúrbio é extremamente comum e a esmagadora maioria desses pacientes nunca desenvolve câncer.

· Portadores de Pólipos Adenomatosos Gástricos (20% são malignos).
Os pólipos adenomatosos do estômago, especialmente aqueles com mais de 2 cm, ocasionalmente podem dar origem a um carcinoma. Entretanto, a maioria dos pólipos do estômago é hiperplásica e não sofre transformação maligna.
A úlcera gástrica não se transforma em câncer. Entretanto, podem existir focos de câncer em associação com uma úlcera. Em todas as úlceras gástricas deve-se suspeitar a existência de pequenas áreas de processo maligno até mesmo quando a úlcera parece benigna pela radiografia ou endoscopia. A biópsia e o exame citológico revelam a verdadeira natureza da lesão

Os recentes progressos da genética abrem um novo campo de estudo referente à etiologia dos tumores malignos, bem como a novos meios terapêuticos para o tratamento destas doenças. Dois tipos de alterações genéticas podem estar envolvidas na etiologia do câncer, inclusive o CA Gástrico:

· Mutações ou deleções de genes carcinossupressores (Gene p53)
Uchino et all (Japão, 1993) estudaram 118 casos de câncer gástrico, procurando a ocorrência de uma mutação genética no gene p53 do cromossoma 17p13. Este é um gene que tem efeito carcinosupressor. Uma mutação neste local produz a perda desta proteção do organismo, sendo um fator carcinogênico já reconhecido para tecidos de muitos órgãos. Esta mutação foi procurada em 59 pacientes com tumores restritos a lâmina própria e 59 pacientes com tumores avançados. Observaram a existência da mutação em 37% do grupo 1 e 42% do grupo 2. Embora esta diferença não seja estatisticamente significativa, observaram que não havia esta mutação em 18 casos precoces de tumores indiferenciados. Isto leva a crer que existem diferentes mecanismos biológicos implicados na oncogênese do câncer gástrico. Os tumores diferenciados podem depender da mutação p53, mas os indiferenciados surgem sem relação com esta mutação, tendo, portanto outra etiologia.

· Expressão exagerada de genes carcinogênicos (p.e. c-erbB-2)
Outros estudos indicam a implicação de proteína produzida pelo oncogene c-erbB-2 no desenvolvimento do câncer gástrico. Motojima et al (Japão, 1994) estudaram 120 pacientes com câncer gástrico e encontraram correlação entre a presença da proteína produzida pelo erbB-2 e maior mortalidade nos casos de tumores bem diferenciados. Nos tumores mal diferenciados não se observa esta correlação, sugerindo que o processo biológico envolvido no desenvolvimento destes tumores é diferente, talvez associado a outros carcinógenos.

Pesquisadores procuram identificar uma proteína produzida por HER2/neu, que pode sensibilizar o sistema imunológico contra aquela oncoproteína do c-erbB-2. Estes estudos têm interesse prognóstico, mas abrem espaço para novos horizontes terapêuticos.

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