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sexta-feira, 21 de abril de 2017

Próteses de quadril



O uso de uma prótese adequada é um fator importante para que os bons resultados da artoplastia perdurem a longo prazo, de forma que os pacientes possam manter uma vida ativa e sem dor.


Da mesma forma que um quadril natural, a prótese de quadril possui basicamente 2 partes: acetabular e femoral. Existe uma grande diversidade de modelos disponíveis, variando deste o meio como se fixa a prótese ao osso até o tipo de material utilizado onde ocorre o movimento.


Para que funcione adequadamente, a prótese deve estar fixa ao osso e esta fixação pode ser alcançada através de duas técnicas. A primeira técnica não utiliza cimento ortopédico, e baseia-se no crescimento de osso do paciente para dentro de poros na superfície da prótese.


A segunda técnica envolve o uso de cimento ortopédico, o qual funciona como uma argamassa entre o implante e o osso hospedeiro. Este cimento é um polímero conhecido como polimetacrilato de metila. No momento da cirurgia ele é produzido apartir da mistura de uma porção em pó e uma líquida, adquirindo consistência pastosa. Após, o cimento é colocado no osso e solidifica em alguns minutos, permitindo a fixação do implante ao osso do paciente.


Cada parte de uma prótese de quadril é fabricada em diversos tamanhos. O cirurgião prevê o tamanho e formato a ser utilizado durante o planejamento pré-operatório. Existem próteses especiais feitas para pacientes com ossos mais estreitos, mais largos ou deformados.

Nas cirurgias de revisão de artroplastia do quadril são eventualmente necessárias próteses longas, ainda maiores ou materiais especiais.

Componentes acetabulares cimentados

Estes componentes são produzidos apartir de um tipo especial de plástico conhecido como polietileno de ultra alto peso molecular. Este plástico possui alta resistência ao desgaste e tem sido melhorado nos últimos anos através do uso de tipos especiais de radiação para aumentar as ligações entre as moléculas (polietileno “cross-linked”). Os componentes acetabulares cimentados são fabricados em diversos diâmetros, para serem usados de acordo com a anatomia do paciente. A sua superfície externa é irregular de maneira a facilitar a fixação ao osso acetabular com cimento ósseo. A superfície interna é côncava e onde a cabeça femoral irá articular.Geralmente um anel metálico está presente permitindo a identificação na radiografia.



Os componentes acetabulares não-cimentados são geralmente produzidos com titânio ou ligas especiais de titânio e fixam-se através do crescimento ósseo para dentro de microscópicos orifícios em sua superfície metálica. Este crescimento ósseo demora algumas semanas para se completar e é o que fixa definitivamente o componente acetabular ao acetábulo. Geralmente são produzidos com orifícios para a colocação de parafusos, utilizados algumas vezes para auxiliar na fixação inicial da parte metálica ao osso. Existem alguns modelos revestidos por hidroxiapatita para auxiliar a fixação definitiva ao osso.


Na parte interna do componente metálico, encaixa-se um componente de polietileno ou cerâmica que fará articulação com a cabeça femoral.


Componentes femorais cimentados

Da mesma forma que no acetábulo, os componentes femorais podem ser fixados ao osso com ou sem cimento ósseo. Os componentes cimentados são de superfície polida e geralmente compostos de ligas especiais de aço ou cromo-cobalto. Eles são produzidos em variados tamanhos e existem em formatos especiais para pacientes com fêmures deformados, muito grandes ou estreitos. Na sua parte proximal é acoplada a cabeça femoral artificial, que fará a articulação com o componente acetabular. Essa cabeça femoral pode ser metálica ou de cerâmica, e com variados diâmetros.


Para que ocorra crescimento ósseo que fixe os componentes femorais não cimentados, estas próteses são inseridas sob pressão no canal femoral. Elas são geralmente compostas por ligas especiais de titânio mais rígidas que as usadas nos componentes acetabulares. Eles são fabricados em diferentes tamanhos, com modelos especiais para pacientes com canais femorais muito estreitos, largos ou deformados. A parte proximal (superior) é o local onde a cabeça femoral é acoplada. A parte intermediaria possui microporos que devem ser preenchidos por osso para que ocorra a fixação da prótese. Também existem os componentes revestidos por materais sintéticos com composição parecida a do osso e que axiliam na fixação da prótese ao osso do paciente.


Para fazer a articulação entre os componentes acetabular e femoral, utilizam-se cabeças femorais de ligas de aço, cromo-cobalto ou cerâmica. Estas são disponíveis em diferentes tamanhos dependendo do fabricante e do componente acetabular. O cirurgião tem também a opção de cabeças que encaixam em diferentes profundidades, permitindo que se ajuste a anatomia de cada paciente. Os mesmos tipos de cabeça femoral utilizados nas próteses femorais cimentadas podem ser utilizados nas não-cimentadas.


Em casos de fratura do colo femoral em idosos com cartilagem do acetábulo preservada, eventualmente pode ser utilizado o componente femoral com uma grande cabeça femoral de metal articulando diretamente no acetábulo do paciente, com a articulação se fazendo diretamente entre a cabeça femoral metálica e a cartilagem acetabular. Nesta situação a artroplastia é conhecida como parcial, ou seja, o componente acetabular protético não é utilizado.


Os materiais utilizados em artroplastia de quadril evoluiram muito nos últimos 20 anos, especialmente considerando a resistência ao desgaste. Porém, não é somente o tipo de material implantado que determina os resultados em artroplastia do quadril. Bons resultados a longo prazo dependem muito de uma cirurgia tecnicamente bem indicada e realizada. Existem diferentes escolas no mundo que defendem diferentes materiais. Diversos trabalhos demonstram bons resultados tanto com próteses cimentadas quanto não-cimentadas. Entretanto, alguns pacientes precisam de um determinado modelo de prótese ou tem alto risco de falha com outro. Os pacientes tem diferentes idades, anatomias e níveis de atividade física, de modo que a escolha da prótese deve levar estes e outros fatores em consideração.

Em conclusão, bons resultados dependem de uma cirurgia bem indicada, bem planejada, bem realizada e do uso de material adequado.


Fonte:
Dr. Munif Hatem

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