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sexta-feira, 24 de março de 2017

Rim flutuante


A ptose renal, também conhecida como nefroptose ou rim flutuante, é uma condição adquirida em que um ou ambos os rins se deslocam caudalmente pelo menos dois corpos vertebrais (ou mais de 5 centímetros) durante a mudança de posição, de deitado para ereto. Essa mudança de posição do rim altera a disposição das estruturas anatômicas envolvidas com consequentes alterações em seu funcionamento.

O rim móvel foi descrito pela primeira vez por Franciscus de Pedemontanus no século XIII. Em 1864, Józef Dietl caracterizou os sintomas da nefroptose aguda. O termo nefroptose foi cunhado primeiramente por Glenard em 1885.

A causa da ptose renal é relativamente desconhecida, mas teoriza-se que a falta de gordura perirrenal e de suporte fascial pode levar ao deslocamento descendente do rim. A maioria dos casos típicos de ptose renal envolve mulheres brancas magras. Além disso, os pacientes com nefroptose frequentemente apresentam um pedículo vascular renal mais longo do que o normal, o que permite uma incursão renal maior que a normal. Acredita-se também que a ptose renal possa resultar da deficiência de apoio da fáscia perirrenal.

A dor da nefroptose é atribuível: (1) à hidronefrose aguda causada pela dobra do ureter e consequente retenção de urina, (2) ao estreitamento do lúmen dos vasos sanguíneos renais, devido ao alongamento desses vasos e isquemia renal transitória e (3) à estimulação do nervo visceral devido à sua tração no hilo renal.

Normalmente, os ureteres experimentam dobras ou torções que dificultam a circulação da urina filtrada e os vasos sanguíneos que alimentam o rim sofrem estiramentos ou estreitamentos que prejudicam o fluxo sanguíneo, gerando isquemia renal e elevação da pressão arterial.

Muitas ptoses renais são assintomáticas. As sintomáticas são mais comuns em mulheres, numa proporção de 5 a 10:1 em relação aos homens e são mais comuns no lado direito que no esquerdo (70% dos casos). Tipicamente, envolvem mulheres jovens, com idade entre 20 e 40 anos, que apresentam dor abdominal e costovertebral, de flanco ou de quadrante inferior do abdômen que se acentua na posição ereta e alivia quando a(o) paciente se deita, porque o rim volta para a fossa renal. Em muitos casos, uma massa correspondente ao rim pode ser palpada na porção lateral inferior do abdômen, do lado do rim com ptose.

Os fatores de risco para o desenvolvimento de ptose renal sintomática incluem rápida perda de peso e atividade física excessiva. Outras manifestações podem ser náuseas, vômitos, calafrios, taquicardia, oligúria e hematúria transitória ou proteinúria por obstrução. Chama-se ectopia renal a um deslocamento congênito permanente do rim para uma posição anômala. Normalmente, os pacientes com esta condição têm ureteres mais curtos e um fornecimento de sangue arterial renal também ectópico.

O diagnóstico inicial da ptose renal sintomática deve se basear nos sintomas do doente e ser confirmado pela urografia intravenosa, através da obtenção de imagens com os indivíduos eretos e supinos. Também a ultrassonografia pode fornecer imagens valiosas. Muitas vezes, a ptose renal é um achado ocasional quando do exame de imagens do abdômen feito por outro motivo.

A condição muitas vezes é tratada com nefropexia, um procedimento cirúrgico que protege o rim flutuante com o retroperitônio. As suturas para fixar o rim ptótico ao retroperitônio ainda estão em uso hoje em dia. Desde 1993, a nefropexia tem sido feita também por via laparoscópica.

A reparação cirúrgica é benéfica em certos doentes sintomáticos com obstrução do sistema de coleta da urina ou fluxo sanguíneo renal, documentadamente alterados por causa de ptose renal.

Os diagnósticos diferenciais a serem feitos incluem cólica renal, colecistite (lado direito), obstrução intestinal, doença espástica do intestino, pielonefrite, doença cística ovariana, ruptura de cisto ovariano e apendicite ou diverticulite crônica.

A progressão da nefroptose pode levar a complicações graves, como pielonefrite, hidronefrose e hipertensão arterial secundária. A pielonefrite deve-se à estagnação da urina dentro do rim, criando um ambiente favorável para a reprodução de organismos patogênicos. A hidronefrose se desenvolve como resultado do impedimento da saída de urina do ureter por inflexão ou torção do mesmo. A hipertensão arterial ocorre devido às alterações no fluxo sanguíneo da artéria renal.

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