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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Pacientes em remissão de depressão mostram melhorias na memória e na motivação com o uso do medicamento modafinil


Modafinil, um medicamento usado para tratar a narcolepsia - sonolência diurna excessiva - pode melhorar a memória em pacientes que estão se recuperando de depressão, de acordo com uma nova pesquisa da Universidade de Cambridge. Os resultados, publicados na revista Biological Psychiatry: CNNI, são de um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo e oferecem esperança de tratamento para alguns dos sintomas cognitivos associados à depressão.

Clínicos gerais e psiquiatras muitas vezes ouvem queixas sobre falta de concentração ou dificuldade de memória de pacientes com depressão, mas não conseguem bons resultados com o tratamento destes sintomas.

A depressão é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo. Sintomas como dificuldade de concentração ou indecisão contribuem para esta incapacidade associada à depressão. Quase todos os pacientes com depressão apresentam problemas de concentração, memória e atenção. Pelo menos metade de todos os pacientes com depressão apresenta déficits cognitivos que podem ser medidos objetivamente. Estes déficits tendem a persistir na fase de recuperação. Pacientes com problemas cognitivos persistentes têm piores resultados, como dificuldades no trabalho e aumento do risco de recaídas.

A depressão está associada tanto a afastamentos do trabalho, como ao “Presenteeism” ou presentismo, no qual os funcionários podem não ser capazes de trabalhar tão bem como de costume. Após uma depressão, certas pessoas se sentem angustiadas quando têm dificuldades em atingir o seu nível anterior de desempenho no trabalho quando retornam às suas atividades. No entanto, os tratamentos atualmente disponíveis não abordam especificamente os déficits cognitivos da depressão. Relatórios recentes têm destacado a importância de definir a cognição como um alvo para o tratamento na depressão.

Em um estudo financiado pelo Medical Research Council (MRC) e Wellcome, pesquisadores do Department of Psychiatry and the Behavioural and Clinical Neuroscience Institute, da Universidade de Cambridge, investigaram o potencial do modafinil para tratar a disfunção cognitiva na depressão. O modafinil já mostrou em outros estudos ter efeitos benéficos sobre a função cognitiva em distúrbios psiquiátricos, tais como a esquizofrenia.

Sessenta pacientes, com idade entre 18 e 65 anos, com depressão em remissão, completaram tarefas de memória, atenção e planejamento em computador após receber modafinil ou placebo. Os resultados mostraram que os doentes que receberam uma dose de modafinil apresentaram melhorias nas funções de memória, em comparação com os doentes tratados com placebo. Especificamente, os pacientes tiveram benefícios em dois tipos de memória - memória episódica e memória de trabalho, que são importantes em nossas atividades do dia-a-dia.

A memória episódica é usada quando estamos lembrando onde deixamos as chaves de casa ou onde estacionamos o carro, já a memória de trabalho é a habilidade que usamos quando estamos “guardando na cabeça” um novo número de telefone enquanto tentamos encontrar uma caneta e um papel para anotá-lo, por exemplo.

O estudo demonstrou que os pacientes que receberam modafinil erraram menos do que aqueles que receberam um placebo. Por exemplo, em uma das tarefas que envolveu lembrar a localização entre um número crescente de caixas de um padrão particular, os pacientes que receberam modafinil tiveram menos da metade do número de erros do que os que receberam o placebo, no nível mais difícil.

Este estudo mostra que o modafinil pode ser uma opção viável para lidar com persistentes problemas cognitivos na depressão. Os pesquisadores afirmam que não ficou claro a partir do estudo se os mesmos efeitos seriam vistos a longo prazo, o que exige que novos trabalhos sejam realizados para ver se a medicação que melhora a cognição e a motivação pode facilitar o retorno ao trabalho com sucesso após a depressão.

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