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terça-feira, 31 de maio de 2016

Doença de Gaucher


A doença de Gaucher é uma doença em que ocorre um acúmulo de glicocerebrosídeos em vários órgãos do corpo, prejudicando o funcionamento deles. Há três tipos da doença: tipo I, não neuropática, que é a forma mais comum; tipo II, neuropática infantil aguda, que começa tipicamente dentro de seis meses após o nascimento e tipo III, neuropática crônica, que pode começar em qualquer momento na infância ou mesmo na idade adulta. A doença foi descrita originalmente pelo médico francês Philippe Gaucher, em 1882.

A doença de Gaucher é uma doença genética na qual ocorre uma deficiência da enzima glucocerebrosidase, levando a um acúmulo de glicocerebrosídeos nas células brancas do sangue, especialmente nos macrófagos e também no baço, fígado, rins, pulmões, cérebro e medula óssea. A doença é causada por uma mutação recessiva de um gene localizado no cromossomo 1 e afeta igualmente homens e mulheres. Os três tipos da doença de Gaucher são autossômicos recessivos. Assim, ambos os pais devem ser portadores para que os filhos sejam afetados (apenas 25% da prole é afetada).

Graças à mutação genética, os macrófagos que deveriam limpar as células vermelhas e brancas do sangue são incapazes de fazê-lo totalmente e o produto residual se acumula sob a forma de fibrilas, transformando-se em “células de Gaucher”. No cérebro, a enzima se acumula durante o desenvolvimento e a formação da bainha de mielina dos nervos, devido ao volume de lipídios complexos. Cada um dos tipos da doença tem sido associado a mutações específicas. Ao todo, cerca de 80 mutações são conhecidas. Elas ocorrem principalmente no pool genético judaico Ashkenazi.

A doença de Gaucher é caracterizada por sinais de contusões, fadiga, anemia, baixa contagem de plaquetas no sangue e aumento do fígado e do baço. As manifestações da doença podem incluir mau funcionamento do fígado, distúrbios do esqueleto ou lesões ósseas que podem ser dolorosas, complicações neurológicas graves, inchaço dos gânglios linfáticos e, ocasionalmente, das articulações adjacentes, distensão abdominal, tonalidade acastanhada na pele e depósitos de gordura amarela nos olhos.

Os sintomas do tipo I podem começar cedo na vida ou na vida adulta e incluem aumento do fígado, aumento do baço, o qual pode romper e provocar complicações adicionais, fraqueza do esqueleto e doença óssea. O aumento do baço pode causar anemia, trombocitopenia, leucopenia. Normalmente, o cérebro não é afetado e raramente ocorre comprometimento renal ou dos pulmões. As equimoses ocorrem facilmente, devido aos baixos níveis de plaquetas e a fadiga ocorre como consequência do baixo número de glóbulos vermelhos.

O tipo II exibe sintomas que incluem aumento do fígado e do baço, lesão cerebral extensa e progressiva, distúrbios do movimento ocular, espasticidade, convulsões, rigidez dos membros e dificuldades de sugar e engolir.

As manifestações do tipo III se caracterizam por sintomas neurológicos progressivos, mas mais suaves em comparação com a versão aguda ou tipo II, aumento do baço e/ou do fígado, convulsões, falta de coordenação, irregularidades ósseas, problemas respiratórios, distúrbios dos movimentos oculares e doenças do sangue, incluindo anemia.

O diagnóstico da doença de Gaucher pode ser feito por análises bioquímicas do sangue e pela análise de células sanguíneas que se mostram ao microscópio com a aparência de "papel enrugado".

Algumas formas de doença de Gaucher podem ser tratadas com terapia de substituição enzimática. Para aqueles pacientes com o tipo I da doença e a maioria do tipo III, o tratamento de substituição pode diminuir o tamanho do fígado e do baço, reduzir anormalidades esqueléticas e reverter outras manifestações.

Pessoas gravemente afetadas podem ser mais susceptíveis à infecção, devendo, por isso, fazer uso profilático de antibióticos em situações de risco de infecções. Dependendo da gravidade da doença, os pacientes do tipo I podem viver até a idade adulta. As crianças afetadas pelo tipo II da doença geralmente morrem até os dois anos de idade. Os pacientes do tipo III muitas vezes vivem até seus primeiros anos da adolescência e idade adulta.

Em se tratando de uma condição genética, não há como prevenir a doença de Gaucher. Contudo, o aconselhamento genético deve ser recomendado às famílias portadoras de mutações.

Os portadores heterozigotos da doença de Gaucher têm risco cinco vezes maior de desenvolver a doença de Parkinson e têm risco aumentado de câncer, em particular de mieloma.

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