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segunda-feira, 28 de março de 2016

Felicidade e Saúde


Saúde precária pode causar infelicidade e aumento da mortalidade.

Relatórios anteriores indicando redução da mortalidade associada à felicidade podem ser devidos ao aumento da mortalidade de pessoas que são infelizes por causa de sua saúde precária. Além disso, a infelicidade pode estar associada a fatores de estilo de vida que afetam a mortalidade.

O objetivo do UK Million Women Study foi verificar se, depois de levar em consideração a má saúde e o estilo de vida de pessoas que são infelizes, persiste qualquer evidência sólida de que a felicidade ou medidas subjetivas de bem-estar relacionam-se diretamente com a redução da mortalidade.

O estudo prospectivo com mulheres do Reino Unido, recrutadas entre 1996 e 2001 e acompanhadas eletronicamente por causa específica de mortalidade, fez um questionário de autoavaliação das mulheres sobre sua saúde, felicidade, stress, sentimentos de controle e grau de relaxamento.

As principais análises foram sobre mortalidade antes de 1º de janeiro de 2012, por todas as causas, por doença isquêmica do coração e por câncer em mulheres que não tinham doença cardíaca, acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica ou câncer no momento em que responderam o questionário de base.

Foi utilizada a regressão de Cox, ajustada para fatores de autoavaliação de saúde e de estilo de vida no início do estudo, para calcular índices de mortalidade, comparando a mortalidade em mulheres que relataram infelicidade (ou seja, feliz às vezes, raramente ou nunca) com aquelas que relataram ser felizes a maior parte do tempo.

De 719.671 mulheres nas principais análises (idade média de 59 anos), 39% relataram estar feliz a maior parte do tempo, 44% geralmente felizes e 17% infelizes. Durante 10 anos de acompanhamento, 4% das participantes morreram.

A autoavaliação mostrando ter uma saúde precária no início do estudo foi fortemente associada à infelicidade. Mas após o ajuste para a autopercepção de saúde, o tratamento para hipertensão, diabetes, asma, artrite, depressão ou ansiedade e vários fatores sociodemográficos e de estilo de vida (incluindo o tabagismo, carência e índice de massa corporal), a infelicidade não foi associada à mortalidade por todas as causas, por doença isquêmica do coração ou por câncer. As observações realizadas foram igualmente nulas para medidas relacionadas, tais como estresse ou falta de controle.

Os dados deste estudo mostram que, em mulheres de meia-idade, a saúde precária pode causar infelicidade. Mas que a felicidade e as medidas complementares de bem-estar não parecem ter qualquer efeito direto sobre a mortalidade.



Fonte: The Lancet, volume 387, número 10021, de 27 de fevereiro de 2016

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