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sexta-feira, 11 de março de 2016

Algumas considerações sobre reações a medicamentos


Um erro frequente é considerar que os efeitos farmacológicos se podem dividir claramente em dois grupos: efeitos desejados ou terapêuticos e não desejados ou secundários.

Na realidade, a maioria dos medicamentos produz efeitos vários.

No entanto, o médico pretende que o doente experimente só um (ou alguns) deles.

Os outros efeitos podem ser classificados como não desejados.

Apesar de quase toda a gente, incluindo os médicos e o pessoal de saúde, se referir ao efeito secundário, o termo reação adversa ao medicamentos é mais apropriado para os efeitos não desejados, desagradáveis, ou potencialmente nocivos.

Não deve surpreender-nos o facto de as reações adversas aos medicamentos serem frequentes.

Calcula-se que em alguns países cerca de 10 % das admissões nos hospitais são devidas a reações adversas aos fármacos.

Entre 15 % a 30 % dos doentes hospitalizados apresentam, no mínimo, uma reação adversa a algum fármaco.

Embora muitas destas reações sejam relativamente leves e desapareçam ao suspender-se a sua administração ou ao modificar-se a dose, outras são mais graves e de maior duração.

É possível dividir as reações adversas aos fármacos em dois grupos principais.

O primeiro compreende as reações que representam um excesso dos efeitos farmacológicos e terapêuticos que se conhecem e se esperam de um fármaco determinado.

Por exemplo, um doente que está em tratamento com um medicamento para reduzir a pressão arterial elevada pode sofrer enjôos ou vertigens se esta diminuir excessivamente.

Um diabético pode manifestar falta de forças, suor, náuseas e palpitações se a insulina ou o fármaco hipoglicemiante reduzir em excesso o nível do açúcar no sangue.

Este tipo de reação adversa ao medicamento, embora previsível, às vezes é inevitável.

Uma reação adversa ocorre se a dose de um fármaco for excessiva, se o doente for demasiado sensível a este, ou se outro fármaco retardar o metabolismo do primeiro, aumentando assim a sua concentração no sangue.

O segundo grupo são as reações que resultam de alguns mecanismos que ainda não se compreendem muito bem.

Este tipo de reação adversa a um determinado fármaco é imprevisível até que o médico obtenha informação sobre outros doentes com reações semelhantes.

Exemplos dessas reações adversas consistem em erupções cutâneas, icterícia (lesão do fígado), anemia, diminuição do número de glóbulos brancos, lesões do rim e lesões nervosas com possíveis alterações visuais e auditivas.

No entanto, essas reações afetam só um grupo reduzido.

Essas pessoas podem ser alérgicas ou hipersensíveis a um medicamento, devido a diferenças genéticas no metabolismo do fármaco ou à resposta do organismo à sua ação.

Alguns efeitos secundários dos medicamentos não se ajustam facilmente a nenhum dos dois grupos.

Estas reações são previsíveis e os mecanismos envolvidos são amplamente conhecidos.

Por exemplo, a irritação gástrica e a hemorragia surgem, muitas vezes, se se tomar continuadamente aspirina ou outros anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno, quetoprofeno e naproxeno.

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