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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Opistótono


O opistótono (do grego: opisthen=para trás + tonos=tensão) não é uma doença, mas um sintoma que pode ocorrer em várias condições clínicas. Tipicamente, é um espasmo próprio do tétano, em que a coluna vertebral e as extremidades se curvam para diante e o corpo em arco fica apoiado sobre a parte de trás da cabeça e dos calcanhares quando a pessoa é colocada em decúbito ventral. Com isso, a cabeça, o pescoço e a coluna vertebral formam um arco côncavo para trás. Essa postura resulta da contração sustentada dos músculos posteriores do pescoço e do tronco.

Além do tétano, o opistótono pode ocorrer em crianças com meningite ou naquelas em que haja alguma outra lesão do sistema nervoso. Pode ainda ocorrer se houver deficiência de hormônio do crescimento, certas doenças metabólicas como acidemias orgânicas, convulsões, desequilíbrio eletrolítico grave, lesão grave na cabeça, kernicterus grave (alta concentração de bilirrubina em núcleos cerebrais de recém-nascidos), hemorragia subaracnoidea e na intoxicação pela estricnina, entre outras condições. Pode ser também uma característica da hidrocefalia aguda grave. Alguns medicamentos para combater espasmos também podem causar opistótono. As distonias causadas pelos neurolépticos podem causar um efeito semelhante ao opistótono. O opistótono às vezes pode ser visto na intoxicação pelo lítio. Em casos raros, filhos que nasceram de mulheres que consumiram grandes quantidades de álcool na gestação podem ter opistótono.

O opistótono pode ser produzido experimentalmente em animais por transecção do mesencéfalo, o que resulta na interceptação de todas as fibras corticorreticulares e no homem provavelmente ocorre pelas mesmas razões. A hiperextensão ocorre devido à facilitação do trato reticuloespinhal anterior causada pela inativação de fibras corticorreticulares inibitórias, que normalmente agem sobre a formação reticular da ponte. Assim, a postura típica do opistótono é um efeito extrapiramidal e é provocada por um espasmo dos músculos axiais ao longo da coluna vertebral. Esses espasmos fazem com que as costas da criança fiquem muito arqueadas, com os calcanhares e a cabeça extremamente dobrados para trás. As mãos e braços da criança se movimentam de forma rígida. O opistótono pode surgir subitamente e ocorrer repetidas vezes, em crises.

O opistótono normalmente é um sintoma de doenças graves e se constitui numa emergência médica. É muito mais comum em bebês e crianças do que em adultos e, além disso, é mais exagerado em bebês e crianças, porque os seus sistemas nervosos são menos maduros. Opistótono pode ser induzido por qualquer movimento, tais como um sorriso, alimentação, vocalização ou convulsão. Quando o opistótono vem junto com a presença do riso sardônico (contração involuntária dos músculos mastigatórios) geralmente é um sintoma de envenenamento por estricnina.

O opistótono requer um exame neurológico completo e deve ser complementado no mínimo com exames de sangue e urina, exame do líquido cefalorraquidiano, tomografia computadorizada ou ressonância magnética da cabeça e análise de eletrólitos.

O tratamento para o opistótono irá variar de acordo com a sua causa, para a qual deverá estar primariamente dirigido. Algumas causas podem ser curadas, outras não.

É possível prevenir opistótono tomando medidas para evitar ou tratar rapidamente as doenças que podem causá-lo.

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