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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Arritmias cardíacas 2


Diagnóstico

A descrição dos sintomas permite quase sempre fazer um diagnóstico preliminar e determinar a gravidade da arritmia. As considerações mais importantes consistem em saber se os batimentos são rápidos ou lentos, regulares ou irregulares, curtos ou prolongados, se aparecem vertigens, enjoos ou enfraquecimento e inclusive perda de consciência e se as palpitações se associam a dor torácica, sufocação e outras sensações incómodas.

O médico também necessita de saber se as palpitações se manifestam quando o doente está em repouso ou durante uma actividade pouco habitual ou enérgica e, além disso, se começam e acabam de maneira repentina ou gradual.

Geralmente, são necessários alguns exames complementares para determinar com exactidão a natureza da doença. O electrocardiograma é o principal exame diagnóstico para detectar arritmias e proporciona uma representação gráfica das mesmas.

No entanto, o electrocardiograma (ECG) só mostra a frequência cardíaca durante um breve período e as arritmias são, em geral, intermitentes. Por isso, um monitor portátil (Holter) que o doente transporte colocado durante 24 horas pode oferecer mais informação.

Este pode registar arritmias que aparecem de forma esporádica enquanto o doente continua as suas actividades diárias habituais e aponta num diário os sintomas detectados nas 24 horas. No caso de arritmias potencialmente mortais, é necessária a hospitalização para levar a cabo esta monitorização.

Quando se suspeita da existência de uma arritmia persistente e potencialmente mortal, os estudos electrofisiológicos invasivos podem ser de grande ajuda.

Para isso, introduz-se por via endovenosa até ao coração um cateter que contém alguns fios metálicos. Utilizando de forma combinada o estímulo eléctrico e uma monitorização sofisticada, pode determinar-se o tipo de arritmia e a resposta mais provável ao tratamento. As arritmias mais graves podem detectar-se através desta técnica.

Prognóstico e tratamento

O prognóstico depende, em parte, de se saber se a arritmia começa no pacemaker normal do coração, nas aurículas ou nos ventrículos. Geralmente, as que começam nos ventrículos são mais graves, embora muitas delas não sejam perigosas.

Geralmente, as arritmias não provocam sintomas nem interferem na função de bombeamento do coração, pelo que os riscos são mínimos. No entanto, as arritmias são fonte de ansiedade quando a pessoa se apercebe delas, pelo que compreender o seu carácter inofensivo pode servir de alívio. Por vezes, quando se muda a medicação ou se ajusta a dose, ou então quando se interrompe o consumo de álcool ou a prática de exercícios enérgicos, as arritmias aparecem mais espaçadas ou inclusive cessam.

A administração de fármacos contra as arritmias é muito útil no caso de sintomas intoleráveis ou quando representam um risco. Não existe um único fármaco que cure todas as arritmias em todas as pessoas. Por vezes é preciso experimentar vários tratamentos até encontrar um que seja satisfatório. Os fármacos antiarrítmicos podem, além disso, produzir efeitos colaterais e piorar ou inclusive provocar arritmias.

Os pacemakers artificiais, dispositivos electrónicos que actuam em vez do pacemaker natural, programam-se para imitar a sequência normal do coração. Geralmente, implantam-se cirurgicamente sob a pele do peito e possuem cabos que chegam até ao coração. Devido ao circuito de baixa energia e ao novo desenho de baterias, estas unidades têm uma duração de entre 8 e 10 anos. Estes novos circuitos eliminaram quase por completo o risco de interferências com os distribuidores dos automóveis, os radares, os microondas e os detectores de segurança dos aeroportos. No entanto, outros equipamentos podem interferir no pacemaker, como os aparelhos utilizados para a ressonância magnética nuclear (RM) e a diatermia (fisioterapia empregada para dar calor aos músculos).

O uso mais frequente que se dá ao pacemaker é para o tratamento de uma frequência cardíaca demasiado lenta (bradicardia). Quando o coração diminui a sua frequência abaixo de um determinado valor, o pacemaker começa a emitir impulsos eléctricos.

Em casos excepcionais, utiliza-se um pacemaker para enviar uma série de impulsos que detenham um ritmo anormalmente rápido do coração (taquicardia) e diminuir assim a sua velocidade. Estes pacemakers só se utilizam no caso de ritmos rápidos que se iniciam nas aurículas.

Por vezes, a aplicação de uma descarga eléctrica ao coração pode deter um ritmo anormal e restaurar o normal. Este método denomina-se cardioversão, eletroversão ou desfibrilhação.

A cardioversão pode empregar-se para tratar as arritmias que começam nas aurículas ou nos ventrículos. Geralmente, utiliza-se um aparelho grande (desfibrilhador), manipulado por uma equipa especializada de médicos e de enfermeiras, para gerar uma descarga eléctrica, com o objectivo de deter uma arritmia que possa provocar a morte.

No entanto, pode implantar-se cirurgicamente um desfibrilhador do tamanho de um baralho de cartas. Estes pequenos dispositivos, que detectam de forma automática as arritmias que podem ser mortais e emitem uma descarga, são implantados em pessoas que, de outro modo, poderiam morrer se o seu coração parasse repentinamente. Como estes desfibrilhadores não previnem as arritmias, estas pessoas tomam também fármacos antiarrítmicos ao mesmo tempo.

Certos tipos de arritmias corrigem-se através de intervenções cirúrgicas e outros procedimentos invasivos. Por exemplo, as arritmias provocadas por uma doença coronária controlam-se através de uma angioplastia ou uma operação de derivação das artérias coronárias (bypass).

Quando uma arritmia é provocada por um foco irritável no sistema eléctrico do coração, este foco pode ser destruído ou extirpado. O mais frequente é que o foco seja destruído através de uma ablação por cateter (emissão de energia de radiofrequência através de um cateter introduzido no coração).

Depois de um enfarte do miocárdio, podem aparecer episódios de taquicardia ventricular que podem ser mortais. Esta arritmia pode ter a sua origem numa área lesionada do músculo cardíaco que pode ser identificada e extraída através de uma intervenção cirúrgica de coração aberto.

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