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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Intolerância ao glúten!


O glúten é uma mistura de proteínas (gliadina e glutenina) que se encontra na semente de muitos cereais como o trigo, a cevada, o centeio, o malte e a aveia.

Uma vez ingerido, o glúten, no íleo (porção do intestino delgado), transforma-se em uma espécie de cola e adere às vilosidades existentes em suas paredes, danificando-as.

O glúten está presente em muitos dos alimentos comuns ao brasileiro, como pães, biscoitos, bolos, macarrão, etc. e, embora seja inconveniente para todas as pessoas, é mais deletério para algumas pessoas específicas, que reagem a ele de modo especial.

A intolerância ao glúten é a incapacidade ou dificuldade permanente de digestão do glúten.

Isso acontece mais nitidamente nos indivíduos que têm uma doença geneticamente determinada, chamada “doença celíaca”, na qual o glúten danifica as vilosidades intestinais (paredes do intestino delgado) e provoca má absorção de outros nutrientes.

Essa doença manifesta-se quando se começa a introduzir cereais na dieta do bebê, no entanto pode surgir mais tarde, na idade adulta.

Embora geralmente seja genética, a intolerância ao glúten pode também ser devido à permeabilidade intestinal alterada por outras causas.

Os principais sinais e sintomas da intolerância ao glúten já podem ser observados no bebê, a partir de quando haja introdução de cereais na sua alimentação.

Eles são muito variados, podendo ser leves e pouco específicos ou constituírem um quadro clássico de má absorção intestinal.

Os mais comuns são: diarreias frequentes (fezes volumosas e espumosas, de aparência oleosa e tendência à flutuação na água e de odor desagradável); vômitos; irritabilidade; perda do apetite; emagrecimento; dor abdominal; abdômen globoso; palidez; anemia ferropriva (por deficiência na absorção de ferro e ácido fólico); diminuição da massa muscular e óssea.

Muitos pacientes, sobretudo no início da enfermidade, podem ter queixas inespecíficas como, por exemplo, desconforto abdominal, flatulência, aftas bucais e, paradoxalmente, constipação.

Em alguns casos, pode não haver nenhum destes sintomas e a intolerância ao glúten só pode ser descoberta pelas manifestações e consequências da doença celíaca, tais como: baixa estatura; anemia refratária aos tratamentos convencionais; artralgias (dores nas articulações); prisão de ventre crônica; osteoporose e esterilidade.

Uma história clínica plena de sintomas típicos leva naturalmente à suspeição do distúrbio e da doença celíaca.

Pode-se testar esse diagnóstico alternando por dois a três meses uma dieta com e sem glúten e verificando se o paciente piora e melhora, coincidentemente. Um dos primeiros exames a ser feito visa detectar alterações na pele e nas unhas.

Além disso, devem ser feitos hemogramas, testes sorológicos que diagnostiquem a doença celíaca, provas de absorção intestinal, exames de fezes e de imagens que ajudem a confirmar ou descartar o diagnóstico.

Uma biópsia duodenal endoscópica poderá ser necessária para confirmação do diagnóstico.

Um diagnóstico diferencial rigoroso deve ser feito com várias outras doenças que se assemelham à intolerância ao glúten como, por exemplo, a doença de Crohn, a síndrome de Zollinger-Ellison (falo dela amanhã) e a intolerância à lactose (falei dela ontem).

O tratamento consiste na abstinência total de alimentos que contenham glúten. Uma única “escapada” pode botar a perder uma abstinência de vários dias.

Os alimentos que não contêm glúten tampouco devem ser preparados ou servidos nas mesmas vasilhas em que forem preparados os alimentos que o contenham.

A dieta, no entanto, não é fácil de ser seguida, porque o glúten está presente em muitos alimentos comuns no dia a dia das pessoas (pães, biscoitos, bolos, pasteis, alguns legumes, massas, etc.).

Algumas medicações sintomáticas podem ser utilizadas em momentos de crise ou para corrigir efeitos secundários da doença, mas elas têm pouco efeito e são apenas paliativas.

Deve também ser feita a reposição das carências originadas pela deficiência da absorção intestinal.

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