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quarta-feira, 27 de março de 2013

Quimioterapia: vamos perder o medo?



Rigorosamente falando, quimioterapia é qualquer tratamento de doenças por meios químicos, geralmente medicamentos.

O uso popular tem reservado o termo para a quimioterapia antineoplásica ou antiblástica (tratamento do câncer) ou, no máximo, para o tratamento de doenças autoimunes ou para a supressão de rejeições a transplantes.

Vista assim, ela é aquele tratamento que implica a administração venosa de medicamentos ou de associação de medicamentos citostáticos ou citotóxicos, geralmente em regime de Day Clinic (hospital dia, como costumamos chamar, no Brasil).

Em geral, usa-se aplicar uma associação de medicamentos porque cada um deles combate o tumor agindo de forma diferente sobre o seu crescimento.

A chamada quimioterapia se destina ao tratamento do câncer.

O câncer (ou neoplasia) é um crescimento descontrolado de células, geralmente formando tumores, as quais invadem ou destroem localmente ou à distância (por meio de metástases), outros tecidos sãos do organismo.

As drogas quimioterápicas (também chamadas citotóxicas ou citostáticas) espalham-se por todo o organismo e combatem as células cancerosas onde quer que elas estejam.

A maioria delas atua prejudicando principalmente a reprodução das células cancerosas, de crescimento rápido, mas infelizmente também afetam as células normais.

Elas atacam de maneira preferencial e com mais intensidade as células malignas em razão de pequenas diferenças existentes entre elas e as células normais.

Outras células normais, de crescimento também rápido, como as responsáveis pelo crescimento do cabelo, substituição do epitélio das paredes dos intestinos e as da medula óssea acabam sendo também significativamente afetadas.

Como a divisão celular está alterada, os tumores de crescimento mais rápido (os mais ”invasivos”), nos quais a reprodução celular é mais acelerada, são justamente os mais sensíveis a este tratamento.

Da mesma forma, essas drogas atacam mais os tumores novos e mais diferenciados.

Posteriormente, se a doença progride, os tumores ficam mais indiferenciados e tornam-se menos responsivos aos agentes quimioterápicos.

Os pacientes com tumores cancerígenos que tenham potencial de se disseminar ou que já tenham se disseminado devem ser submetidos à quimioterapia.

No entanto, ela tem certas limitações. Pessoas muito idosas ou debilitadas necessitam cuidados especiais e adequação das doses. A quimioterapia não deve ser realizada em pacientes imunodeprimidos por outras razões e na presença de infecções ativas.

Certos parâmetros mínimos do hemograma e outros dados laboratoriais bioquímicos devem ser observados e podem desaconselhá-la.

Dependendo do tipo e do estágio em que se encontre o tumor, a quimioterapia pode ser administrada em conjunto com outros tratamentos, como radioterapia e/ou cirurgia.

A quimioterapia pode ser feita por via tópica, oral, intramuscular, subcutânea e até intracranial. No entanto a via intravenosa é a mais comum.

Nessa última modalidade, o tratamento costuma ser feito em uma Day Clinic isto é, numa clínica em que o paciente permanece algumas horas do dia enquanto recebe as medicações e pode ir para casa, em seguida.

Normalmente a medicação é administrada juntamente com um soro, por via venosa, e o paciente estará recostado numa poltrona confortável da qual pode levantar-se em caso de vômitos, por exemplo, ou necessidade imperiosa de ir ao banheiro. As aplicações podem ser diárias, semanais ou mensais, segundo a programação estabelecida pelo médico.

O tempo de duração do tratamento dependerá do tipo do tumor, da resposta do tumor, da adaptação do paciente ao tratamento, do estágio em que a doença se encontra, dentre outros fatores.

Se não ocorrerem sintomas intensos durante o período de tratamento, o paciente pode continuar com sua rotina diária normal.

Durante o tratamento o paciente pode ingerir bebidas alcoólicas, desde que moderadamente, e manter normalmente sua vida sexual, no entanto, as mulheres devem ter o cuidado de não engravidarem porque as medicações usadas na quimioterapia podem causar malformações fetais.

O paciente deve abster-se, se possível, de quaisquer tratamentos dentários. Se for imperioso fazê-los, o médico deve ser previamente consultado.

No decorrer do tratamento devem ser feitos exames de sangue, para avaliar parâmetros globulares e bioquímicos do paciente.

A quimioterapia antineoplásica pode utilizar-se de vários medicamentos, isoladamente ou em associação, na maioria dos casos:

•Agentes alquilantes: esses agentes são assim chamados porque adicionam um grupo alquila ao metabolismo das células (neoplásicas e normais), alterando ou mesmo evitando a reprodução celular.

•Antimetabólitos: os antimetabólitos competem com o metabólito e inibem a divisão celular.

•Inibidores mitóticos: produzidos sinteticamente ou extraídos da planta taxus brevifolia (ou teixo do Pacífico), inibem a divisão celular.

•Antibióticos antitumorais ("antibióticos citotóxicos"): inibem e combatem o desenvolvimento do tumor.

•Inibidores da topoisomerase: interferem na transcrição e na replicação do DNA das células.

•Terapia hormonal: os cânceres prostático e mamário podem ser inibidos por mudanças no balanço hormonal.

•Anticorpos monoclonais: simulam o sistema imune do paciente e atacam as células do tumor maligno, prevenindo seu crescimento.

Pode ocorrer resistência às drogas antineoplásicas devido a uma mutação genética das células, por irregularidades ou descontinuação do tratamento ou quando as doses são inadequadas.

Durante a aplicação dos remédios, habitualmente não há reações colaterais e mesmo mais tarde alguns pacientes podem não apresentar efeitos colaterais, no entanto, o mais comum é que pelo menos alguns deles se manifestem e possam deteriorar fisicamente os pacientes.

Os efeitos colaterais dependem do agente quimioterápico usado e os mais importantes são:

•Alopécia ou queda de cabelos ou unhas.

•Náuseas e vômitos.

•Aftas.

•Sensação de mal-estar.

•Tonteiras.

•Diarreia ou obstipação intestinal.

•Candidíase (um tipo de micose) oral.

•Anemia, infecções ou hemorragias.

•Hepato e nefrotoxidade (toxicidade para o fígado e para os rins, respectivamente).

•Enfermidades cardiovasculares.

•Lise tumoral intensa ou surgimento de tumores secundários (raros).

•Em mulheres, podem ocorrer distúrbios do ciclo menstrual.

Esses sintomas podem ser tão intensos que levam à interrupção do tratamento e à necessidade de sua substituição por outros, no entanto, os pesquisadores estão trabalhando intensivamente para conseguirem drogas com menores efeitos colaterais e maior eficácia e a cada dia surgem novos produtos com essas características.

Se ocorrer febre por mais de duas horas, manchas vermelhas pelo corpo, dor ou ardência ao urinar, dores pelo corpo inexistentes antes do tratamento, sangramentos, falta de ar ou dificuldade em respirar e diarreia por mais de dois dias, o paciente deve procurar o hospital ou o médico imediatamente.

Como o paciente em tratamento encontra-se imunodeprimido, deve evitar todas as situações que favoreçam contrair qualquer infecção.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer

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