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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Quando se indica o tratamento e/ou medicamentoso em questões emocionais ?




Antigamente dizia-se que todos os quadros de natureza "neurótica", ou seja, aqueles que eram conseqüência de algum problema vivencial, alguma experiência traumática, alguma fase de estresse, deveriam ser tratados exclusivamente com psicoterapia, ou seja, sem medicamentos.

Dizia-se ainda, que todos os quadros ditos "endógenos", ou seja, que apareciam independentemente das vivências, como as psicoses e as depressões graves, deveriam ser exclusivamente tratados com medicamentos.

Hoje, entretanto, sabemos que a indicação para terapia ou para tratamento medicamentoso deve ser avaliada caso-a-caso. De um modo geral, a associação medicamento-psicoterapia parece ser mais eficiente para os transtornos emocionais do que qualquer um desses tratamentos isoladamente.

Muitas vezes os medicamentos são indispensáveis e insuficientes (sem eles não dá para tratar e só com eles também).

Excluindo-se os surtos agudos, onde o juízo crítico está seriamente prejudicado, portanto, possivelmente imune à argumentação psicoterápica, nos demais estados emocionais a psicoterapia é bem vinda.

Acontece que, por razões práticas (e econômicas), o tratamento medicamentoso parece ser uma das únicas opções para um grande número de pacientes e, felizmente, com os avanços tecnológicos da ciência farmacêutica, os medicamentos estão ficando cada vez mais isentos de efeitos indesejáveis.

Quanto tempo pode durar o tratamento psiquiátrico?

Para responder adequadamente essa pergunta há necessidade de saber se o paciente ESTÁ "nervoso", ou se ele É "nervoso". Também é igualmente importante, no caso da pessoa ESTAR "nervosa", saber se a situação existencial que a levou ao transtorno ora tratado, continuará indefinidamente ou se pretende resolver-se.

Evidentemente, SER "nervoso", corresponde a SER hipertenso, SER míope, SER reumático, SER diabético, SER epiléptico e assim por diante, ou seja, são pessoas para as quais a medicina encontrou recursos capazes de controlar suas doenças de modo a viverem o mais próximo possível do normal. Portanto, o tratamento será crônico, na exata proporção da cronicidade de sua doença.

Caso a pessoa ESTEJA (é errado dizer ESTEJE! Essa expressão 'no ecizste!', como diria o Padre Quemedo!) atravessando uma fase ruim, doentia, alterada, com início bem delimitado na vida (há 1 ano, há 1 mês, há seis anos, etc), há enorme probabilidade da pessoa tomar esse medicamento por um período definido.

Normalmente os tratamentos psiquiátricos de quem ESTÁ passando por uma fase ruim gira em torno de 1 ano. Apesar do alívio dos sintomas aparecerem já no segundo mês de tratamento, interrompendo-se o tratamento precocemente há probabilidade dos sintomas retornarem.

Crianças devem submeter-se a tratamento psiquiátrico?

As crianças costumam apresentar transtornos emocionais com muita freqüência e deve ser, também, freqüentemente tratadas. Os quadros mais comuns são aqueles decorrentes da Depressão Infantil.

Nas crianças a Depressão não se manifesta como nos adultos. Normalmente ela se apresenta com rebeldia, irritabilidade, medo, baixo rendimento escolar, comportamento aderente à mãe, hiperatividade, etc. Outros quadros também se apresentam de forma diferente nas crianças e devem ser valorizados.

O tratamento psiquiátrico infantil é muito eficiente e cada vez mais isento de efeitos indesejáveis.

Grávidas podem fazer tratamento psiquiátrico?

Alguns transtornos emocionais que acometem as mulheres durante e após a gestação podem ter um efeito devastador sobre o relacionamento conjugal, sobre o feto e sobre o desenvolvimento infantil do nascido.

Considerando-se a relação custo-benefício os transtornos emocionais na gravidez devem ser tratados. A maioria dos medicamentos que se julgava atravessarem a barreira placentária (agindo no feto) tiveram essa questão revista e, sabe-se hoje, ser muito menor essa passagem do que se supunha.

De qualquer forma, podendo ser evitados medicamentos na gravidez, e não apenas psicotrópicos, mais segura será a gravidez. Essa decisão, entretanto, não deve colocar em risco a saúde emocional e física do feto e/ou do recém nascido.

Devo recordar que paciente portadoras de epilepsia DEVEM tomar medicamentos para controlar a doença. Não têm outra opção. E, ainda assim, dão à luz a crianças normais.

Idosos devem submeter-se à tratamento psiquiátrico?

Como já enfatizamos acima, atualmente os medicamentos têm sido cada vez mais isentos de efeitos indesejáveis, cada vez mais seguros para idosos (e crianças), portanto, os idosos devem submeter-se à tratamento psiquiátrico.

O tratamento dos quadros psiquiátricos comuns aos idosos tem o propósito de melhorar a condição de vida e minimizar os efeitos do envelhecimento patológico, juntamente com a melhora do relacionamento do idoso com seus familiares.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dislexia: alguns tópicos.




Em termos mentais o ser humano é memória, pensamento e linguagem. Cada um de nós tem potenciais diferentes com relação a estas três características e pode se expressar de formas diferentes, também em função delas.

Aprender é uma questão que envolve esses três níveis da consciência humana e é tão mais complexo quanto maiores as limitações envolvidas dentro deste universo extremamente variável. Tão variável quanto as variedades de potenciais existentes dentro de cada um de nós. Como cada ser humano é diferente do outro, as possibilidades de compreensão e de expressão são evidentemente diferentes também.

Exatamente por isso cada um tem melhor desempenho em determinado setor do conhecimento humano e também melhor expressão de inteligência, sendo, inclusive por isso que entende-se atualmente que há vários tipos diferentes de 'inteligências'.

Howard Gardner fez profundo estudo sobre as inteligências múltiplas, tendo demonstrado cientificamente que elas existem, cada uma em um nível e cada uma sendo expressa ao modo de cada indivíduo.

A compreensão sobre Dislexia vem se aprimorando com o tempo e, como em todas as patologias, houve muitos desencontros até que se chegasse a um consenso sobre sua realidade. Embora ainda existam dúvidas de compreensão sobre ela.

Mas podemos fazer algumas afirmações positivas sobre a doença Dislexia:

1. ela tem base neurológica, isto é,deve-se a uma alteração da função neuronal (do neurônio)

2. ela tem origem genética, isto é, trata-se de uma doença que é transmitida de geração a geração

3. o disléxico tem o hemisfério cerebral lateral direito mais desenvolvido que as pessoas que não são portadoras do problema

4. a maioria dos portadores de Dislexia tem algum grau de imaturidade psicomotora

5. há dois componentes neurológicos ligados à dislexia: o mecanismo de fixação visual e o de transição ocular, sendo que os disléxicos apresentam dificuldades em seu mecanismo de transição no correr dos olhos durante a leitura

De modo mais incisivo, a dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social.

Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.

Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Algumas considerações sobre psicoses e neuroses




São várias as tendências de reflexão sobre a Doença Mental, notadamente sobre as Psicoses que, embora provenientes de diversos momentos históricos do pensamento psicológico, estimulam bastante as discussões sobre o tema.

Temos o modelo Sociogênico, no qual a sociedade, complexa e exigente, é a responsável exclusiva pelo enlouquecimento humano.

Temos também o modelo Organogênico, diametralmente oposto ao anterior, onde os elementos orgânicos da função cerebral seriam os responsáveis absolutos pela Doença Mental.

Tem ainda o enfoque Psicogênico, onde a dinâmica psíquica é responsável pela doença e subestimam-se as disposições constitucionais.

Há ainda o modelo Organodinâmico, que compatibiliza todos três anteriores, onde participariam requisitos biológicos, motivos psicológicos e determinantes sociais. Na realidade esse modelo é mais conhecido como Bio-Psico-Social.

Tem sido quase unanimemente aceito na psiquiatria clínica a associação de determinadas configurações de personalidade predispostas e a eclosão de psicoses.

Estas personalidades são as chamadas Personalidades Pré-mórbidas, constituições que por si transtornam a vida do indivíduo ou incapacitam um desenvolvimento pleno, ou ainda, em certas circunstâncias, encerram uma maior aptidão para o desenvolvimento de determinadas doenças psíquicas.

A Constituição (Personalidade) Pré-mórbida é considerada pela psicopatologia como uma variação do existir humano e traduz uma possibilidade mais acentuada para o desenvolvimento de certa vulnerabilidade psíquica.

Aqui o termo "possibilidade" deve ser considerado em toda sua plenitude, ou seja, um caráter não-obrigatório mas que deve ser levado muito a sério.

Clinicamente e a grosso modo, podemos dizer que as neuroses diferenciam-se das psicoses pelo grau de envolvimento da personalidade, sendo sua desorganização e desagregação muito mais pronunciadas nas psicoses.

O vínculo com a realidade é muito mais tênue e frágil nas psicoses que nas neuroses, nestas a realidade não é negada mas vivida de maneira mais sofrível, valorizada e percebida de acordo com as lentes da afetividade e representada de acordo com as exigências conflituais.

Já nas psicoses, alguns aspectos da realidade são negados e substituídos por concepções particulares e peculiares que atendem unicamente às características da doença.

A sintomatologia psicótica caracteriza-se, principalmente, pelas alterações a nível do pensamento e da afetividade e, conseqüentemente, todo comportamento e toda performance existencial do indivíduo serão comprometidos

Na psicose o pensamento e a afetividade se apresentam qualitativamente alterados, tal como uma novidade cronologicamente delimitada na história de vida do paciente e que passa a atuar morbidamente em toda sua performance psíquica.

Essa alteração confere ao paciente uma maneira patológica de representar a realidade, de elaborar conceitos e de relacionar-se com o mundo 'objectual'.

Não contam tanto aqui as variações quantitativas de apercepção do real, como pode ocorrer na depressão, por exemplo, mas um algo novo e qualitativamente distinto de todas nuances anteriormente permitidas, um algo essencialmente patológico, mórbido e sofrível.

sábado, 27 de outubro de 2012

Giardíase: uma parasitose desagradável.




A giardíase, também conhecida por lambliose, é uma infecção intestinal causada pelo protozoário flagelado Giardia lamblia.

Ele pode se apresentar em forma de cisto ou trofozoíto, sendo que a primeira é a responsável por causar diarreia crônica com cheiro forte, fraqueza e cólicas abdominais no hospedeiro (cão, gato, gado, roedores, ser humano, dentre outros), graças às toxinas que libera.




Essas manifestações podem gerar um quadro de deficiência vitamínica e mineral e, em crianças, pode causar a morte, caso não sejam tratadas.
Ocorre em todo o mundo, mas é mais frequente em regiões onde as condições sanitárias e de higiene são precárias.

Os protozoários são transmitidos pela ingestão dos cistos oriundos das fezes de indivíduo contaminado, podendo estar presentes na água, alimento, nas mãos, e até mesmo durante sexo oral-anal. Moscas e baratas também podem transportá-los.

No estômago, dão origem aos trofozoítos. Esses colonizam o intestino delgado, se reproduzem e seus descendentes, após sofrerem processo de encistamento, são liberados para o exterior do hospedeiro, quando este defecar.

O período de incubação é entre uma e quatro semanas e a infecção pode ser assintomática.

O diagnóstico é feito via exame de fezes ou, em casos raros, biópsia de material duodenal.

A prevenção é feita adotando-se hábitos de higiene, como lavar as mãos após ir ao banheiro, trocar fraldas, brincar com animais e antes de comer ou preparar alimentos; ingerir unicamente água tratada; higienizar os alimentos antes do consumo e cura dos doentes.

Vale lembrar que o cloro não mata os cistos e que, portanto, alimentos ou água tratados unicamente com cloro não impedem a infecção por este protozoário.

Descrição da doença:

Nas infecções sintomáticas apresenta um quadro de diarréia crônica, esteatorréia (gordura nas fezes), cólicas abdominais, sensação de distensão, podendo levar a perda de peso e desidratação.

Febre é um sintoma menos comum e ocorre em menos de 15% dos casos.

Agente etiológico - Giardia intestinalis, protozoário flagelado, foi inicialmente chamado de Cercomonas intestinalis por Lambl em 1859 e renomeado Giardia lamblia por Stiles, em 1915, em memória do Professor A. Giard, de Paris e Dr. F. Lambl, de Praga. Muitos consideram Giardia intestinalis, o nome correto para esse protozoário.
Ciclo de vida:

A infecção ocorre pela ingestão de cistos em água ou alimentos contaminados. No intestino delgado, os trofozoítos sofrem divisão binária e chegam à luz do intestino, onde ficam livres ou aderidos à mucosa intestinal, por mecanismo de sucção. A formação do cisto ocorre quando o parasita transita o cólon, e neste estágio os cistos são encontrados nas fezes (forma infectante). No ambiente podem sobreviver meses na água fria, através de sua espessa camada.

Tratamento:

A giardíase deve sempre ser tratada, apresentando sintoma ou não. O tratamento preferencial é feito com Tinidazol 2g, dose única. Podendo também ser usado Metronidazol, Secnidazol ou Albendazol.

Prevenção:

A prevenção da giardíase é feita através de medidas de higiene pessoal, educação sanitária, incluindo lavar as mãos após uso do banheiro, filtrar a água potável e saneamento básico.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Enxaqueca: reconheça se tem mesmo.




A enxaqueca é uma doença neurológica de diagnóstico clínico, isto é, não é diagnosticada através de exames complementares, mas pela história clínica e avaliação médica, com predominância em pessoas jovens, principalmente mulheres, que pode ser prevenida e tratada. É apenas um dos quase 200 tipos de dores de cabeça que existem.

A doença se caracteriza por uma dor latejante que dura de quatro a 72 horas e afeta, em geral, apenas um lado da cabeça, mas pode afetar a cabeça toda. Ela piora com luz (fotofobia), cheiro (osmofobia), barulho (fonofobia) e movimentos (cinetofobia).

Diferentemente do que muitos acreditam, viver com o problema não é comum ou normal. E pior, tentar administrar o dia-a-dia com a enxaqueca pode ser prejudicial à saúde. Ou seja, não tente relevar os sintomas ou medicar-se por conta própria, indiscriminadamente.

A partir do momento em que o paciente começa a tomar mais de dois analgésicos por semana, ele já deve procurar ajuda médica.

Em recente pesquisa, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou a enxaqueca como a quarta doença crônica mais incapacitante, atrás apenas da quadriplegia, psicose e demência.

Para o leigo, qualquer dor de cabeça é enxaqueca. Só que há variações sintomáticas que podem indicar doenças diferentes. Quando um paciente que nunca teve dor apresenta uma cefaleia súbita e intensa, pode estar com um quadro de aneurisma. Quando a dor é desencadeada por esforço físico, tosse ou espirro, pode ser um tumor.

Se vier com febre, rigidez de nuca e vômito, pode ser meningite. Por isso, é fundamental procurar um especialista para fazer um diagnóstico e adotar o tratamento adequado.

A forma mais comum de enxaqueca é a sem aura. Aura são alterações visuais como pontos escuros, luminosos, linhas em zigzag ou manchas na visão que podem anteceder ou acompanhar a dor de cabeça, duram de 5 a 60 minutos. Na enxaqueca com aura a dor é precedida por alterações visuais ou sensitivas (dormência na mão, braço e língua).

Um alerta importante é que a enxaqueca com aura quando associada ao uso de anticoncepcional pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral (derrame). Se, além do anticoncepcional, a paciente for tabagista, o risco é muito maior.

Muito comum é a enxaqueca pré-menstrual, menstrual e pós-menstrual, que torna a vida das mulheres mais difícil, pois o próprio processo menstrual já é complexo, associado à enxaqueca pode ser um fardo. Mas tem tratamento e discutirei em postagem próxima.

O diagnóstico da enxaqueca deve ser feito pelo médico, portanto, cuidado com os 'diagnósticos' populares desta doença.

Pode ser confundida facilmente com outros tipos de cefaleia, como a tensional, por exemplo, que também é muito comum. Na verdade o 'universo' das cefaleias é grande, mas a enxaqueca tem características bem marcantes, como se pode ver abaixo.

Ela é uma enfermidade caracterizada por episódios de cefaleia (dor de cabeça) que variam entre quatro e 72 horas de duração associada a dois dos seguintes sintomas:

- Dor unilateral;

- Dor de intensidade média ou forte;

- Dor latejante ou pulsátil;

- Piora com a movimentação.


E um dos seguintes sintomas:

- Náusea ou vômito

- Fotofobia (sensibilidade à luz) ou fonofobia (desconforto provocado pelos sons).


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sonambulismo




O sonambulismo (do latim somnus = sono + ambulare = marchar, passear) é um transtorno comportamental do sono em que, tipicamente, a pessoa realiza atividades motoras complexas, como andar, comer, trocar de roupa, dirigir ou escrever uma carta, das quais de nada se lembra depois de acordar.

Nos episódios mais ligeiros e mais simples a pessoa pode apenas assentar-se na cama, vociferar alguma coisa, arranjar um cobertor, etc. Nos mais complexos pode ir à garagem, pegar o carro e dirigir até outra cidade. Pode-se dizer que no sonambulismo “as funções motoras despertam, mas a consciência continua a dormir”.

O sonambulismo geralmente ocorre 1 a 2 horas depois que a pessoa começou a dormir (estágios 3 e 4 do sono), durando cerca de uns poucos segundos até mais de 30 minutos. Ao contrário do que muitos acreditam, o sonambulismo não é um sonho atuado.

Ele ocorre antes do estágio REM do sono (onde acontecem os sonhos), em que as conexões motoras entre a mente e o corpo estão interrompidas. No caso dos sonâmbulos, as ondas elétricas vindas da ponte (região cerebral que faz a transição entre o cérebro e a medula espinhal) durante o sono são irregulares e não cumprem a contento a função de inibir a região motora.

Como está acontecendo com todos os fenômenos relacionados com o sono, a causa do sonambulismo tem sido muito estudada, apesar de ainda ser desconhecida. O sonambulismo é mais frequente nas crianças que nos adultos e, em muitos casos, desaparece com o crescimento, sugerindo assim estar ligado a uma falta de amadurecimento cerebral.

Parece também comportar uma causa genética, uma vez que os gêmeos homozigóticos de sonâmbulos apresentam seis vezes mais sonambulismo que a população geral. Alguns fatores, como o uso de sedativos ou álcool, a ansiedade, a febre, o estresse e alguns estados patológicos, parecem favorecer a ocorrência do sonambulismo.

A maioria dos sonâmbulos praticam atos triviais durante seus episódios, como abrir uma janela ou falar alguma coisa, mas podem também realizar atos inusitados ou perigosos, como urinar dentro de um armário ou escalar a fachada de um prédio. Alguns sonâmbulos podem ser violentos e mesmo cometer crimes durante o sonambulismo, mas isso é raro.

O sonambulismo pode ser desencadeado por algum estímulo interno (por exemplo, bexiga distendida) ou externo (por exemplo, ruídos). Ao contrário do que muitos creem, não é perigoso acordar o sonâmbulo; pode ser mais perigoso deixá-lo continuar em seu sonambulismo. Algum cuidado deve ser tido apenas com aqueles sonâmbulos potencialmente violentos.

Embora realizando atividades rotineiras e estando aparentemente acordados, de olhos abertos, os pacientes transmitem a impressão de estarem “desligados” do ambiente, com expressão vaga e distante: tropeçam em obstáculos, não demonstram preferências por objetos frios ou quentes, ásperos ou lisos ou por situações mais fáceis ou mais difíceis, mais seguras ou mais perigosas, etc, como fariam se estivessem plenamente acordados.

Com isso, podem expor-se a situações perigosas. Algumas experiências demonstram que, embora os sonâmbulos não guardem recordação de suas atividades sonambúlicas, podem conservar memória de um episódio de sonambulismo para outro. O sonambulismo pode terminar por um despertar espontâneo ou o indivíduo pode voltar para a cama e continuar dormindo até a manhã seguinte. Ao acordar de um episódio sonambúlico a pessoa pode ter, inicialmente, um breve período de confusão e dificuldade para orientar-se, em vista de que o sonambulismo ocorre em fases profundas do sono. Às vezes, o sonâmbulo pode despertar em um local diferente de onde tenha dormido ou com evidências de ter realizado alguma atividade durante a noite, sem se lembrar de tê-la feito.

Um paciente, por exemplo, acordou certa manhã e encontrou sobre a mesa um pão que não havia deixado lá na noite anterior e só pode concluir que durante um episódio de sonambulismo à noite tenha ido à padaria ao lado de casa e comprado o referido pão, coisa que posteriormente foi confirmada pela balconista.
Em algumas oportunidades pode haver uma vaga recordação fragmentária do episódio sonambúlico, mas não recordações extensas e bem articuladas. Assim, uma paciente que durante o sonambulismo desacertara o relógio da parede, acordou dizendo ter tido um sonho confuso com ponteiros.

Durante o sonambulismo as pessoas podem falar e mesmo responder a perguntas simples, mas é raro que consigam manter um verdadeiro diálogo.

Em alguns indivíduos o sonambulismo faz-se acompanhar de outras parassonias como comer durante a noite ou terror noturno, por exemplo, e está associado com outros transtornos mentais como transtornos da personalidade, transtornos do humor ou transtornos de ansiedade.

O diagnóstico do sonambulismo depende do relato do próprio paciente e das pessoas que convivem com ele. Exames de polissonografia (registro de vários parâmetros fisiológicos durante o sono) e de eletroencefalografia (EEG) podem complementar o diagnóstico.

Não há um tratamento eficaz para que a pessoa deixe de ter episódios de sonambulismo. Deve-se adotar medidas de segurança, como dormir em andar térreo; manter as janelas trancadas; retirar obstáculos e objetos perigosos (facas, tesouras, ferramentas, armas, etc) do alcance do sonâmbulo; não deixar chaves em portas. Em raros casos graves a pessoa tem que dormir em ambiente ainda mais protegido ou até mesmo em um saco com zíper.

Deve-se tratar os fatores potencialmente desencadeadores, tais como estresse, ansiedade e hábitos irregulares de sono e outras possíveis condições clínicas como depressões, distúrbios respiratórios, narcolepsia ou doenças neurológicas. Alguns medicamentos psiquiátricos também podem diminuir a frequência dos casos. Os antiepilépticos são usados em casos de crises violentas.

O sonambulismo geralmente se dá, pela primeira vez, entre quatro e oito anos de idade. Raramente seu início é na idade adulta.

O sonambulismo na infância em geral desaparece espontaneamente durante o início da adolescência, por volta dos 15 anos de idade.

O sonambulismo em adultos pode ocorrer como eventos isolados, mas o padrão consiste em episódios crônicos e repetidos, ao longo de vários anos.

Contrariamente à crença geral, não é perigoso despertar o sonâmbulo, sendo mais perigoso não acordá-lo.

Alguns sonâmbulos podem se tornar violentos ao acordar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Anemia Falciforme




A anemia falciforme (ou drepanocitose) é uma anemia hereditária, transmitida geneticamente, em que as hemácias defeituosas assumem forma semelhante a foices (donde vem o nome da doença), causando deficiência do transporte de oxigênio para os tecidos. Para que uma pessoa adoeça de forma plena, precisa que os genes alterados lhe sejam transmitidos por ambos os pais. Quando o gene é transmitido por apenas um dos pais ela porta o traço falciforme, que não leva à doença. As pessoas com este traço são saudáveis e nunca desenvolvem a doença. O risco, no entanto, passa a existir quando se unem duas pessoas com traço falciforme, já que existe a possibilidade de transmitirem a doença aos seus descendentes.

Ela é causada por uma herança homozigótica¹ que ocasiona uma grande quantidade de hemácias alteradas. É significativamente mais comum nos descendentes de africanos que em outras pessoas. Normalmente, a hemoglobina contida nas hemácias faz o transporte de oxigênio para os órgãos e tecidos. As hemácias normais são arredondadas e flexíveis, o que torna mais fácil que elas penetrem nos capilares. Nos indivíduos portadores de anemia falciforme elas tomam a forma de foice e se tornam mais rígidas.

Além disso, essas hemácias fabricam uma hemoglobina alterada (hemoglobina S). Essa forma de hemoglobina ainda consegue transportar oxigênio, mas quando ele passa aos tecidos deixa alterada a membrana das hemácias, que assim se tornam endurecidas e quebradiças.

Os sintomas mais chamativos da anemia falciforme são aqueles próprios das anemias em geral:

• Palidez.

• Fadiga.

• Astenia.

Mas há também a presença de sintomas típicos, como:

• Viscosidade sanguínea aumentada (devida à aglomeração das hemácias alteradas).

• Formação de trombos, nas mais diversas áreas do organismo.

• Úlceras de perna.

• Hemorragias.

• Priapismo.

• Acidente vascular cerebral.

• Infarto do miocárdio.

• Calcificações ósseas.

• Insuficiência renal e/ou pulmonar.

• Maior suscetibilidade às infecções, etc.

Como consequência da obstrução da circulação nas mais variadas regiões do corpo, é comum que o paciente sinta dores intensas. Esse costuma ser o sintoma mais frequente da anemia falciforme.

O diagnóstico da anemia falciforme deve se iniciar por uma detalhada história clínica e apreensão dos sintomas. Há a presença de alguns dos sintomas gerais das anemias e um déficit significativo de hemácias, uma vez que estas tendem a ter sua vida útil encurtada. A forma em foice das hemácias é típica. A eletroforese da hemoglobina, que permite separar os diversos tipos de hemoglobina, é o exame mais específico para o diagnóstico.

A presença de hemoglobinopatias, inclusive da anemia falciforme, podem ser detectadas precocemente pelo teste do pezinho, quando a criança nasce.

Não há tratamento definitivo para a anemia falciforme. O transplante de medula tem sido realizado em alguns poucos casos, com maior sucesso em crianças. Nas fases de agravamento da anemia falciforme pode-se fazer transfusões de sangue, hidratação intravenosa e amenizar as crises de dor com medicamentos analgésicos.

Os pacientes com complicações graves podem ser submetidos a transfusões regulares de sangue ou mesmo exsanguineotransfusão. Eventuais complicações devem ser tratadas pelos meios apropriados.

Não há como prevenir a anemia falciforme.

A expectativa de vida dos pacientes com anemia falciforme fica encurtada para cerca de 45 a 50 anos.

Esses pacientes devem ser periodicamente avaliados por um oftalmologista, uma vez que neles podem ocorrer alterações oculares.

¹Herança Autossômica Recessiva:

São necessários dois genes com defeito, um do pai e um da mãe para que a pessoa tenha a doença, como ilustrada abaixo. A maioria das doenças metabólicas hereditárias é herdada desta forma, ou seja, é necessário que o pai e a mãe carreguem o mesmo gene com defeito, por esta razão os casamentos entre parentes têm uma maior chance de ter filhos ou filhas com doenças recessivas.
O risco de ter um outro filho ou filha com uma doença recessiva é de 25%, uma chance em quatro, à cada gestação desse casal.
Se um indivíduo (homem ou mulher) portador de uma doença recessiva (aa), como a Doença de Gaucher for ter filhos com uma pessoa que não tem nenhum gene para a doença (AA) todos os filhos e filhas serão normais(Aa). Porém, se a pessoa afetada for ter filhos com uma pessoa que é normal, mais carrega o gene da doença (Aa), os dois tem um risco de 50% a cada gestação de ter filhos ou filhas com a doença. Por esta razão, é importante evitar casamento consanguíneo (entre parentes) e entre portadores da mesma doença. É aconselhável fazer um estudo da mutação da doença (análise DNA) antes de um afetado ter filhos com uma pessoa normal.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Musicoterapia: Música para alegrar a vida!

Em certos momentos a música cai como uma luva para alegrar o coração. Mas, claro, depende da qualidade da música e dos músicos.

Musicoterapia

A musicoterapia é uma terapia que utiliza música, sons e instrumentos musicais como forma de tratamento e prevenção de problemas de saúde.

Durante as sessões, o musicoterapeuta e a pessoa que buscou o tratamento se comunicam e interagem fazendo música.

O ato de fazer música, além de ser prazeroso, é carregado de emoções, afetos e diz muito sobre a pessoa.

Para realizar o tratamento não é necessário saber música ou tocar algum instrumento.

O tratamento musicoterapêutico tem por objetivo principal melhorar a qualidade de vida do indivíduo.

O musicoterapeuta é um profissional que cursou uma faculdade de musicoterapia com duração de quatro anos, portanto possui conhecimentos necessários para conduzir as sessões e o tratamento.

A clínica musicoterapêutica com bebês de 0 a 3 anos tem por objetivo trabalhar o relacionamento mãe – pai – bebê, uma vez que as condições emocionais do bebê se desenvolvem neste período em um processo de intercâmbio afetivo e emocional.

Dificuldades neste relacionamento inicial podem ocasionar diversos problemas para o bebê como dificuldades de sono, amamentação, retraimento, agitação entre outros sintomas e pode ainda afetar negativamente o relacionamento entre os pais. Nas sessões de musicoterapia, auxiliados pelo musicoterapeuta, mãe, pai e bebê se comunicam e expressam seu afetos e emoções através da música. A música cria um ambiente emocional fértil, seguro e acolhedor que favorece a construção de um relacionamento parental sólido e gratificante.

A musicoterapia com crianças atua nas dificuldades de comunicação e relacionamento destas com os pais e com outras crianças bem como nas dificuldades de aprendizagem, de brincar e lidar com frustrações. Com o auxilio do musicoterapeuta, o processo de “fazer música” durante as sessões de musicoterapia apresenta inúmeras situações onde criança utiliza suas próprias condições criativas e emocionais que serão de fundamental importância no convívio com o outro e na sociedade.

A musicoterapia também é indicada às crianças com transtornos globais do desenvolvimento (autismo, Asperger) e atua nas possibilidades de comunicação e interação, melhorando assim o convívio familiar e social. Crianças com outros quadros psiquiátricos (depressão, esquizofrenia, entre outros) também podem ser beneficiadas pelo tratamento musicoterapêutico.

Com adolescentes a musicoterapia pode atuar nas dificuldades de comunicação, socialização, relacionamentos e integração escolar, bem como nas dificuldades de aprendizado de origem emocional.

O trabalho musicoterapêutico com adultos é indicado em diversas circunstâncias: dificuldades com questões emocionais, crise nos relacionamentos pessoais, familiares ou no trabalho. A necessidade de superar traumas, elaborar a perda de alguém querido também são queixas freqüentes. Através da música e do auxilio do musicoterapeuta a pessoa entrará em contato consigo mesma e se verá em um ambiente propício para expressar seus conteúdos internos, reestruturar-se e sentir-se mais segura.

A musicoterapia também é indicada em quadros psiquiátricos (depressão, esquizofrenia, por exemplo) e em processos de reabilitação (coma, AVE, traumatismos, pós-cirúrgico, entre outros). Pessoas que sofrem de estresse e dor crônica também podem ser beneficiadas pelo tratamento musicoterapêutico. A música atua como facilitadora da comunicação e expressão de conteúdos emocionais, auxiliando a pessoa durante esse período delicado de sua vida.

A musicoterapia com o idoso trabalha as questões emocionais envolvidas no processo de envelhecer. Com a ajuda do musicoterapeuta a pessoa terá a oportunidade de compreender quem ela é, quais são seus papéis e o que pode fazer de melhor para lidar com sua própria vida.

Outra possibilidade de aplicação da musicoterapia como idoso se dá nos quadros de demência (Alzheimer, Parkinson, entre outras).

Clique no link abaixo e divirta-se um pouco: Nesse caso, a música é linda e não há o que discutir e a música envolve a todos os que transitam pelo lugar.



http://www.youtube.com/watch_popup?v=GBaHPND2QJg&vq=medium"

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Para dormir melhor




Não tome produtos com cafeína horas antes de dormir.

A cafeína é um estimulante presente no café, alguns chás e refrigerantes e mesmo no chocolate da sua sobremesa. O melhor é não ingerir cafeína por pelo menos quatro horas antes de ir deitar.

Durma e acorde todos os dias em horários semelhantes.

Evite as grandes mudanças na sua rotina, procurando dormir e acordar sempre no mesmo horário. Isto ajuda a organizar os ciclos de sono e vigília.

Tente separar o sono do estresse.

Para ter um sono mais tranquilo evite discussões sobre despesas domésticas, trabalho ou relacionamentos à noite. Deixe estes assuntos para as manhãs ou veja mesmo se precisam ser conversados.

À noite, para evitar o estresse, procure atividades prazerosas como ouvir música, ler um livro, meditar, etc.

Se for ler algum livro ou assistir a um filme antes de dormir, evite os que possuem conteúdo estimulante (suspense ou terror).

Sua cama deve ser um lugar para dormir.

Evite outras atividades como ver TV, ler ou trabalhar na cama. Faça estas atividades em um outro local e deixe sua cama para descansar.

Os sons, a luminosidade e a temperatura podem interferir na qualidade do sono. O corpo humano precisa de uma temperatura agradável e de um ambiente silencioso com o mínimo de iluminação para um bom sono.

Faça as atividades físicas pela manhã.

Algumas pessoas ficam excitadas ao fazerem atividades físicas próximas ao horário de dormir. Para evitar isso, escolha um horário para se exercitar pela manhã ou até no fim da tarde. Deixe a noite para ocupações mais tranquilas.

Descanse por pelo menos 30 minutos após o almoço.

Dormir um pouco após o almoço melhora a atenção e traz benefícios psicológicos. Não prolongue muito este período de descanso para não atrapalhar o sono noturno.

Não fume.

Entre outros danos à saúde, o cigarro atrapalha o sono. A nicotina é um estimulante e pode mantê-lo acordado. Evite o tabagismo.

Não vá dormir com fome ou alimentado em excesso, pois refeições pesadas podem causar grande desconforto, assim como a sensação de estomago "vazio".

Durma apenas o tempo suficiente para sentir-se bem. Ficar na cama mais do que o necessário pode prejudicar o sono da noite seguinte.

sábado, 20 de outubro de 2012

Os sonhos




O sono é a condição essencial para os sonhos. E o sono é um fenômeno fisiológico intrigante, porque nenhum outro órgão, senão o cérebro, muda tão radicalmente seu estado funcional entre o dia e a noite. E ao contrário do que se pensou durante muito tempo, o sono não é um período de repouso do cérebro, mas um período de grande atividade fisiológica... e de sonhos.

Desde tempos muito antigos, as pessoas acreditavam que os sonhos tinham algum sentido. Muitos dos conquistadores antigos incluíram interpretadores de sonhos em suas comitivas e orientaram por eles as suas ações militares. A própria Bíblia relata sonhos a que foram atribuídos significados. Na antiguidade (e ainda hoje, em alguns lugares), era também comum considerá-los como influência de espíritos e às vezes se atribuía a eles a faculdade de predizer o futuro. Embora já Aristóteles tenha visto neles um fenômeno natural, os progressos obtidos hoje em dia pela pesquisa fisiológica do dormir e do sonhar ainda não conseguiram responder cabalmente algumas das questões mais importantes sobre os sonhos: por que se sonha? Quanto se sonha?

Qual a função dos sonhos? Os sonhos são um fenômeno caótico ou têm algum sentido? Freud foi dos primeiros a acentuar que as pessoas sonham mais do que se recordam, o que atualmente pode ser demonstrado experimentalmente.

Hoje em dia, mediante experimentos conduzidos em laboratórios, sabe-se que as pessoas sonham todas as noites e a cada noite sonham mais do que conseguem se lembrar. Como os sonhos sempre são lembrados em números inferiores aos que são sonhados, tem-se que concluir que, com referência a eles, o esquecimento é a regra e a lembrança a exceção.

Esquecimento que se verifica tanto para os sonhos tidos recentemente, como para aqueles mais antigos. De fato, a maioria das pessoas já acordou muitas manhãs lembrando-se de sonhos, mas já não são mais capazes de relatar senão alguns poucos; a maioria deles foi, digamos, esquecida (Freud diria: reprimida). Estudando os sintomas das neuroses, Freud deparou-se com os sonhos e chegou à conclusão de que eles, como os sintomas, têm um sentido, embora tenha visto isso de um ponto de vista sexual, muito particular.

Na opinião dele, os sonhos têm a função de dar vazão a impulsos carregados de desejos, os quais, de outra forma, acordariam a pessoa. Nesse sentido diz que “os sonhos são os guardiões do sono”.

Do ponto de vista da neurofisiologia, o dormir é um processo ativo que se realiza em ciclos. Cada um dos ciclos comporta quatro estágios diferentes, nomeados de estágios I, II, III e IV, após os quais ocorre o chamado sono paradoxal ou sono de movimentos rápidos dos olhos (sono REM - rapid eyes moviments), durante o qual os sonhos ocorrem.

Sabe-se que o córtex cerebral é o ponto para onde convergem os estímulos fisiológicos que, durante a vigília, são descarregados sob a forma de movimentos, pensamentos, reações metabólicas e secreções e durante o sono são transformados em imagens visuais, matéria-prima dos sonhos. Essas imagens compõem cenas ou enredos que resultam nos sonhos.

Do ponto de vista da psicologia, o principal estudo sobre os sonhos continua sendo o de Freud. Segundo ele, o sonho é feito principalmente de imagens visuais e neles quase não pensamos, e sim, passamos por experiências. Os sonhos são, pois, desse ponto de vista, pensamentos “pensados” em imagens, sensações e sentimentos, não em ideias.

Schopenhauer dizia que “os sonhos são uma loucura passageira; a loucura um sonho que dura”. Na verdade, tal como o louco vivencia imagens inexistentes, enquanto sonhamos achamo-nos convictos dos mesmos absurdos que eles.

Segundo a hipótese de Freud, os sonhos provêm de desejos irrealizados e procuram realizá-los, mesmo que de forma indireta, em fantasia. Achou que essa ideia poderia mais facilmente ser constatada nos sonhos de crianças pequenas. Nelas é fácil perceber como os sonhos atendem de forma direta a desejos que ficaram insatisfeitos durante o dia.

A criança que desejou tomar sorvete e foi impedida, sonhará com sorvetes; a que desejou andar de bicicleta, mas foi impedida, estará fazendo isso em seus sonhos.

Como os desejos dos adultos são mais complexos e muitas vezes caem sob censura, sofrem uma deformação e quase nunca aparecem nítidos nos sonhos. Por isso, o sonho manifesto, aquele que assoma à consciência e que a pessoa pode relatar na manhã seguinte, não equivale diretamente ao sonho latente, aquele que tenderia a ser diretamente produzido pelos desejos e precisa, por isso, ser interpretado. A transformação de um em outro se dá por uma conciliação entre impulsos e defesas, que distorce o conteúdo do sonho.

Freud denominou a isso de elaboração dos sonhos. Geralmente, o sonhador associa seus sonhos com acontecimentos dos dias que o antecederam. Se perguntarmos ao sonhador por essas associações ele nos fornecerá ideias que levarão ao sonho latente, ou seja, aos impulsos que motivam os sonhos.

Segundo ele, interpretar um sonho é substituí-lo por um pensamento coerente. Se o sonho manifesto parece absurdo inicialmente, torna-se mais inteligível depois de interpretado. Interpretar um sonho é também traduzir a linguagem manifesta para a latente.

Para se fazer isso, devem ser observadas algumas regras. Aquele que relata um sonho, em geral começa assim: “eu tive um sonho...”, o que denota que o sonhador sente-se passivo em relação a seus sonhos. Porém, mais corretamente deveria dizer: “eu fiz um sonho...” Afinal, quem sonha faz o seu sonho, embora de maneira involuntária. Só essa mudança de uma maneira passiva de considerar para outra ativa já começa a conferir uma nova compreensão dos sonhos.

Outras regras são:

• Condensação: condensação é o fato de que os elementos dos sonhos manifestos (imagens, sensações, sentimentos, etc) resultam da fusão de vários elementos dos sonhos latentes. A condensação pode ocorrer também em virtude de omissões no sonho manifesto de elementos presentes no sonho latente.

• Deslocamento: causado pela variação de ênfase dos elementos dos sonhos. Fatores que parecem triviais aparecem nos sonhos como de grande importância e vice-versa. Esse mecanismo concorre para que os sonhos assumam uma aparência estranha.

• Simbolização: os sonhos expressam suas ideias por símbolos. Há símbolos também em outras manifestações humanas como nos mitos, no folclore, nas lendas, nas frases idiomáticas, nos provérbios, nos chistes, etc. Os símbolos sempre têm uma relação alusiva com as coisas simbolizadas.

• Associações: são aquelas ideias ou lembranças evocadas pelos sonhos. As associações são fornecidas pelo sonhador, enquanto que os símbolos têm de ser propostos pelo analista, quando for o caso. Certos fatos, por serem comuns a todas as pessoas, têm tendência a serem representados por símbolos mais ou menos idênticos, os símbolos universais.

A interpretação dos sonhos, contudo, é uma atividade mais complexa do que aqui se considera e só deve ser empreendida por um especialista.

Pessoalmente, dou pouca importância para os sonhos, que a mim parecem mais uma atividade íntima, pessoal, peculiar, ligada aos fatores da vida cotidiana e às preocupações de cada um, do que exatamente algo que ‘signifique’ determinada coisa.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Câncer da Bexiga




Câncer da bexiga são crescimentos celulares malignos dos tecidos que formam a bexiga urinária. Há diversas formas da doença, desde um tumor muito agressivo, como outro, que pode evoluir para a cura. O mais comum deles (90% dos casos) se inicia nas células do epitélio interior da bexiga podendo, se não tratado, infiltrar-se na camada muscular deste órgão. Depois do câncer da próstata, o câncer da bexiga é a neoplasia mais comum do trato urinário e um dos cânceres mais comuns em homens.

Hoje em dia conhecemos muito melhor a intimidade de cada tumor da bexiga e, graças aos avanços da medicina, nos últimos anos tem-se conseguido muitos progressos no tratamento de pacientes com esse tipo de câncer. A incidência dos tumores de bexiga é cerca de três vezes maior nos homens do que nas mulheres, aumentando com a idade. Ocorre mais nos países mais desenvolvidos que nos outros, talvez em razão de uma maior exposição (não protegida) a fatores químicos cancerígenos.

Em certa porcentagem de casos, o câncer da bexiga tem uma ocorrência familiar, mas geralmente ele é desencadeado por estímulos cancerígenos ambientais (fumo, aminas aromáticas, adoçantes, estase urinária, etc), o principal dos quais é o tabagismo, encontrado em 50% dos casos de câncer de bexiga. Cerca de 1/3 dos tumores de bexiga parecem resultar da exposição a fatores advindos do trabalho, como trabalhadores em indústria de metal, de borracha, indústria têxtil, tipografias e cabeleireiros.

Também, certas substâncias (como solventes, por exemplo) ou irritações crônicas da bexiga (como as produzidas pela esquistossomose, por exemplo) parecem predispor ao câncer, mas em cerca de 20% dos casos não é possível reconhecer nenhum desses fatores de risco.

Muitas vezes o câncer da bexiga é assintomático durante um longo período. A princípio, os sintomas não são específicos da enfermidade e podem também aparecer em outras afecções urinárias, como cistites ouprostatites, por exemplo. Posteriormente,

os sintomas incluem:

• Maior frequência de urinar.

• Dificuldades ao urinar.

• Dores vesicais.

• Sangramento visível ou não na urina.

O diagnóstico do câncer da bexiga deve começar por uma minuciosa história clínica e um exame físico detalhado, com especial atenção aos sintomas do paciente. Uma ecografia abdominal pode detectar uma primeira localização do tumor. O diagnóstico de certeza geralmente é feito pelo exame citológico da urina(identifica a natureza histológica do tumor) e/ou pela cistoscopia transuretral (exame que permite a análise morfológica do tumor - tamanho, forma, número de lesões), durante a qual podem ser colhidas amostras detecido para biópsia. Uma urografia excretora pode ajudar a identificar eventuais alterações do trato urinário alto. A ultrassonografia pode ser usada, mas às vezes falha em identificar tumores menores que 0,5 (meio) centímetro. A tomografia pode ser usada para identificar invasão da parede vesical, envolvimento de linfonodos ou estudar tumores com extensão extravesical.

O tratamento do câncer da bexiga depende de quão profundo tenha sido a invasão do tumor na parede da bexiga urinária o que, por sua vez, depende do quão precoce tenha sido o diagnóstico e o início da terapia. Os tumores que se restringem ao epitélio e que ainda não tenham penetrado na camada muscular podem ser retirados por uma curetagem realizada por via endoscópica e feitas infusões de BCG ou de substâncias quimioterápicas, diretamente na bexiga.

Os tumores superficiais, quando não tratados, podem evoluir e se tornarem mais profundos, começando a infiltrar a camada muscular da bexiga. Os tumores que tenham se infiltrado na camada muscular da bexiga(ou que tenham começado por ela) necessitam de cirurgias mais radicais, com remoção de parte ou da totalidade da bexiga e um novo órgão precisa ser reconstruído, geralmente a partir de tecido intestinal. Outras opções de tratamento são a radioterapia e/ou a quimioterapia, dependendo de aspectos específicos de cada caso, a serem julgados pelo médico.

Como o câncer da bexiga não tem uma causa única, não há como fazer-se uma prevenção eficiente. A prevenção que pode ser feita consiste em evitar-se os fatores de risco como, por exemplo, não cultivar o hábito de fumar e evitar ambientes onde haja exposição aos fatores cancerígenos.

O câncer da bexiga adequadamente tratado pode ser curado ou evoluir muito lentamente.

A cada reincidência do tumor (frequente) deve ser efetuada nova rodada terapêutica.

A evolução do câncer da bexiga depende de vários fatores, como o tipo histológico do tumor, a idade e o estado de higidez do paciente e a intensidade de seus hábitos de fumar, consumir bebidas alcoólicas ou expor-se a agentes agressores da bexiga.

A evolução do câncer da bexiga depende também do estádio do tumor, já que é muito influenciada pela presença de metástases.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Indícios 'precoces' de gravidez




O sinal mais conhecido da gravidez é o atraso menstrual, mas outros podem ser percebidos precocemente depois da concepção.

Eles diferem de mulher para mulher e de gravidez para gravidez em uma mesma mulher.

Algumas sentem-os já na primeira semana após a concepção, outras somente semanas depois ou nem os percebem.

Caso a mulher tenha vida sexual ativa e apresente alguns dos sintomas ou sinais abaixo, pode ser interessante fazer um teste de gravidez.

Mas não se esqueça de que mesmo apresentando muitos desses sintomas a mulher pode não estar grávida.

Sangramento de implantação:

Este pode ser o sinal mais precoce de gravidez. De 6 a 12 dias após a concepção o embrião se implanta na parede uterina, o que pode provocar um pequeno sangramento conhecido como “sangramento de implantação”.

Ele normalmente ocorre um pouco mais cedo do que o dia em que ocorreria a menstruação, é mais escasso e claro do que uma menstruação normal e tem curta duração.

Algumas mulheres podem sentir cólicas como se fossem menstruar.

Outras possibilidades: menstruação, alterações no ciclo menstrual, mudança de pílula anticoncepcional, infecção ou pequena erosão da mucosa da vagina causada por relação sexual.

Edema/Inchaço e maior sensibilidade nas mamas:

Começa geralmente na primeira ou segunda semanas depois da concepção.

As mulheres percebem mudanças em suas mamas, como maior sensibilidade ou dor à palpação, sensação de peso ou mamas latejantes.

Para muitas mulheres a sensibilidade e dor nos seios é o primeiro sinal de gravidez.

O aumento do tamanho dos seios devido à ação de hormônios é um sinal positivo de que está havendo uma preparação para a amamentação. Poderá ser notado o escurecimento dos mamilos e o aumento do seu diâmetro.

Outras possibilidades: desequilíbrios hormonais, uso de pílulas anticoncepcionais, sintoma de tensão pré-menstrual (TPM).

Fadiga/cansaço:

Sentir-se mais cansada ou sonolenta pode ser um sintoma presente já na primeira semana da concepção, devido ao aumento nos níveis de progesterona durante a gestação.

Outras possibilidades: estresse, exaustão, depressão, resfriado ou gripe, sobrecarga física ou mental.
Atraso menstrual:

O atraso menstrual é o sintoma mais comum da gravidez, ele geralmente é o que leva uma mulher a fazer um teste de gravidez. Entretanto muitas mulheres podem sangrar enquanto grávidas, mas tipicamente o sangramento tem menor volume e menor duração do que a menstruação habitual e deve ser sempre relatado ao obstetra que a acompanha.

Outras possibilidades: perda ou ganho excessivo de peso, fadiga, alterações hormonais, tensão, estresse, interrupção no uso de pílulas anticoncepcionais ou amamentação.

Náuseas e enjôos matinais:

Este sintoma geralmente aparece após 2 a 8 semanas da concepção. Algumas mulheres não apresentam náuseas ou enjôos matinais durante a gravidez, enquanto outras não deixam de sentir mesmo após os primeiros três meses de gestação. Eles podem estar presentes durante toda a gravidez, sendo mais comuns no primeiro trimestre. São mais frequentes pela manhã, mas podem ocorrer a qualquer hora do dia.

Cerca de 60-80% das mulheres têm estes sintomas, umas de forma mais intensa que outras. As mulheres que passam por esta experiência têm menos chance de ter um aborto natural.

O olfato mais apurado e alguns odores como frituras, perfumes, fumaça de cigarro podem causar enjôos repentinos.

Outras possibilidades: alergias alimentares, estresse, doenças do trato gastrointestinal.

Dores nas costas/dor lombar:

Dores lombares podem ocorrer precocemente na gravidez, entretanto são mais comuns no terceiro trimestre. Algumas mulheres apresentam dor lombar durante toda a gravidez.

Outras possibilidades: sintoma de TPM, estresse, problemas na coluna, desgaste físico ou mental.

Dor de cabeça/cefaléia:

As alterações hormonais da gravidez e o aumento da circulação sanguínea podem predispor a dores de cabeça durante a gestação.

Outras possibilidades: desidratação, excesso de cafeína, sintoma de TPM, problemas de visão e outras doenças podem levar às dores de cabeça.

Aumento da frequência urinária:

Por volta de 6 a 8 semanas depois da concepção a gestante pode sentir vontade de urinar com mais frequência que o habitual devido ao crescimento do útero além da cavidade pélvica.

Outras possibilidades: diabetes, infecção urinária, excesso de alimentos diuréticos como as frutas cítricas e uso de medicamentos diuréticos.

Aumento da circunferência abdominal:

Até seis semanas o útero ainda está na cavidade pélvica. Após este período, os órgãos do abdome vão “subindo” conforme o útero vai crescendo.

A partir daí, a barriga fica mais protuberante e pode ser observada. Em uma segunda gestação, pode haver um crescimento mais precoce da barriga, pelo relaxamento muscular.

Outras possibilidades: infecção do trato urinário, diabetes, aumento da ingestão de líquidos, uso de diuréticos.

Aversão ou desejos por certos alimentos:

Gestantes podem ter aversão por alguns alimentos e outras podem apresentar desejo de comer certos tipos de alimentos, principalmente no primeiro trimestre da gestação, quando as alterações hormonais são mais acentuadas.

Outras possibilidades: dietas não balanceadas, falta de algum nutriente no organismo, estresse, depressão, TPM, ansiedade.

Variações do humor:

As alterações hormonais podem deixar as grávidas sensíveis e chorosas, principalmente no início da gravidez. Além das características físicas, podemos pensar também que essas alterações de humor são um esforço da gestante para se adaptar a uma nova realidade de vida que acarreta novas funções, responsabilidades e aprendizagens.

Outras possibilidades: estresse, sintoma de TPM, problemas psicológicos.

Tonturas e desmaios:

As veias ficam dilatadas na gravidez e a pressão sanguínea pode cair, causando tonturas. Às vezes, no início da gravidez, os níveis de açúcar no sangue podem diminuir e levar a desmaios. Este é um sintoma raro.

Caso você apresente alguns dos sintomas acima, o próximo passo é realizar um exame de gravidez. Um teste rápido de urina ou um exame de sangue conhecido como beta-HCG pode confirmar ou não a presença de uma gestação.

Quanto mais cedo sua gravidez for confirmada, mais cedo você poderá fazer o pré-natal.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Frigidez




"Doutor, meu problema é a frigidez. O que o senhor me recomenda?" Essa questão, colocada de maneira tão simples, tem sido um dos maiores desafios à ginecologia e à psiquiatria. Trata-se de uma confissão, mais que uma queixa médica, geralmente acompanhada de sentimentos de frustração, vergonha, mágoa e constrangimento. Seria como se a parte psíquica que desperta o interesse pelo sexo estivesse morta ou desligada.

Por uma questão acadêmica a Frigidez deve ser diferenciada a falta de orgasmo feminino. Muitas mulheres que não conseguem experimentar orgasmo continuam tendo prazer e interesse sexual. Para abordar o tema de forma mais propriada, convém tomarmos a questão dos problemas sexuais femininos, todos eles, sob a forma de Disfunção Sexual Feminina.

Na absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos ou sociais, sendo um dos mais freqüentes determinantes a monotonia conjugal. Também a educação que se recebeu, a falta de diálogo entre os parceiros, as práticas sexuais pouco gratificantes e até a resistência em inovar acabam minando o relacionamento e facilitam o desinteresse. O próprio fato de envelhecer e as dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual.

Embora muitas pacientes nem precisam consultar o especialista para saber que são frígidas, fazer um diagnóstico correto é importante. Na grande maioria das vezes o problema tem origem emocional e, entre eles, o problema é com o parceiro. Mas, infelizmente, é o próprio parceiro que não aceita essa parcela de culpa e vive a "obrigar" a mulher a procurar um tratamento, geralmente, milagroso. Não deixe de ver a segunda parte, sobre os problemas sexuais do casal.

Apesar de mais rara, a falta de desejo pode estar ligada a problemas orgânicos, como por exemplo, alterações hormonais, debilidade física por conta de doenças e até mesmo pelo uso incorreto de medicamentos.
Os transtornos da função sexual, em ambos os sexos, estão ligados a problemas em fases específicas do ciclo de resposta sexual. As fases de resposta sexual são 4:

- Desejo
- Excitação
- Orgasmo
- Resolução

Para o diagnóstico de disfunção sexual feminina, é necessário que as manifestações sejam recorrentes ou persistentes. É também importante reconhecer se as manifestações são primárias ou secundárias a outras condições, e subdividi-Ias em situacionais ou generalizadas, e em adquiridas ou perenes. Também é fundamental ter em mente que existe considerável superposição entre diferentes subdiagnósticos.

A disfunção sexual feminina é, portanto, diagnóstico sindrômico, queengloba:

- Transtorno do desejo sexual hipoativo (HSDD) o Dispareunia
- Transtorno de excitação sexual
- Vaginismo
- Transtorno de aversão sexual
- Manifestações associadas à depressão ou a condições clínicas
- Manifestações iatrogênicas ou induzidas por substâncias

Síndrome de Marfan




A Síndrome de Marfan é uma doença do tecido conjuntivo (uma família variada de tecidos cuja função principal é fornecer forma e sustentação ao corpo e aos órgãos, e conectar e ancorar partes)descrita por um pediatra francês, Antoine Bernard-Jean Marfan, em 1896. Com este primeiro relato e outros subsequentes, ficou estabelecido que se tratava de uma doença genética com transmissão autossômica dominante, com expressividade variável intra e inter familial, sem predileção por raça ou sexo, que mostra uma prevalência de 1/10.000 indivíduos. Aproximadamente 30% dos casos são esporádicos e o restante familiar.

Em outras palavras, sabemos que a doença é genética porque podem existir várias pessoas afetadas na família e denomina-se autossômica dominante porque apenas uma mutação em um dos alelos é necessária para ocorrerem as manifestações clínicas. Todos nós temos 46 cromossomos (o conjunto de material genético), ou seja, 23 pares de cromossomos, um herdado da mãe e o outro do pai. Esses pares de cromossomos são iguais e os genes ocupam sempre o mesmo lugar em ambos. Cada gene que ocupa o mesmo lugar é chamado de alelo. Assim, uma mutação (alteração no código genético) em apenas um dos alelos é necessária para observarmos as características clínicas em uma doença autossômica dominante. Esta mutação pode ter sido herdada, e então ou o pai ou a mãe deve ter manifestações clínicas também, ou ter acontecido pela primeira vez, à qual chamamos de mutação nova. Uma vez portador da mutação e das características clínicas a chance de transmiti-la para os filhos é de 50%.

A Síndrome de Marfan tem um quadro clínico muito variado observado em uma mesma família e em famílias diferentes. A este fato chamamos de expressividade variável e ele é importante porque nem sempre um indivíduo afetado tem todas as características clínicas. Por isso é necessário examinar cuidadosamente os pais e os familiares próximos. Da mesma forma que um indivíduo discretamente afetado pode vir a ter um filho muito acometido, ou vice-versa.

As principais manifestações clínicas da doença concentram-se em três sistemas principais: o esquelético, caracterizado por estatura elevada, escoliose, braços e mãos alongadas e deformidade torácica; o cardíaco, caracterizado por prolapso de válvula mitral e dilatação da aorta; e o ocular, caracterizado por miopia e luxação do cristalino. A essa possibilidade de atingir órgãos tão diferentes denomina-se pleiotropia.

Sabendo que um determinado gene seria o responsável por estas manifestações clínicas e que um gene sempre comanda a fabricação de uma proteína, os pesquisadores se concentraram em descobrir que proteína seria comum aos ossos, olhos e coração, e no final dos anos 80 descobriram a existência de uma proteína chamada fibrilina, que faz parte do tecido de sustentação dos órgãos. Ela está presente em grande quantidade nos ligamentos que unem os ossos nas articulações e seguram as lentes dos olhos, chamadas de cristalino, assim como na camada interna das artérias, principalmente da maior artéria do corpo humano, chamada de aorta.

Entre pessoas famosas, acredita-se que tinham a síndrome Júlio César, Charles de Gaulle, Sergei Rachmaninoff, Maria I da Escócia, Abraham Lincoln, o violinista Niccolò Paganini e possivelmente Charles Maurice de Talleyrand. Um livro recente sugere que o faraó egípcio Amenófis IV (Akhenaton) pode ter tido esta condição. Alega-se que a colunista política norte-americana Ann Coulter sofre da Síndrome de Marfan. Rumores dizem que Osama bin Laden também tem a Síndrome.

O astro do vôlei Flo Hyman, conhecido por ter Marfan, e o compositor de musicais Jonathan Larson, que acredita-se que também tinha a Síndrome, morreram de dissecção de aorta.

O ator Brent Collins, da série de televisão Another World, era um anão com Síndrome de Marfan; aos 46 anos de idade, ele teve um repentino crescimento, o que o levou à morte. O ator Vincent Schiavelli possuía a Síndrome de Marfan, e era um membro honorário da National Marfan Foundation.

fonte: http://www.marfan.com.br

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Hipobulia e Abulia




Por Hipobulia e Abulia entende-se, respectivamente, a diminuição e a total incapacidade do potencial volitivo. Esse enfraquecimento da vontade pode ocorrer, fugazmente em indivíduos normais, em estados de fadiga ou em conseqüência de trauma emocional intenso. Nessa situação há lentidão concomitante das ações e dos movimentos (bradibulia e bradicinesia).

A debilidade da vontade é observada em todos os estados de depressão e de inibição. A Hipobulia pode ser permanente nas esquizofrenias e em oligofrênicos apáticos. O tipo mais característico de debilidade volitiva é encontrado na depressão, na qual a vontade está inibida em todo o período de duração do acesso. Em estados depressivos a Hipobulia é duradoura, onde surge junto com a baixa volição as típicas dificuldade de decisão.

Na esquizofrenia, a aparente debilidade volitiva (relativo à vontade) decorre mais de apatia do que de uma alteração volitiva. Em geral, nesses casos, existe indiferença afetiva e ausência de interesse pelo mundo exterior. Nas toxicomanias, particularmente no alcoolismo e nos traumatismos cranianos, observa-se certo grau de enfraquecimento da vontade.

Alguns autores tratam da Hipobulia sob o rótulo de Estupor. O Estupor já foi estudado como alteração quantitativa da consciência. Evidentemente, pode ser estudado também como alteração da atividade consciente, surgindo como um períodos em que as manifestações da atividade estão reduzidas ao grau mínimo ou mesmo abolidas. Neste quadro de Estupor há um prejuízo severo na capacidade de iniciativa e da reação diante dos estímulos externos. Nos estados estuporosos, o enfermo não reage ou reage pobremente aos estímulos do meio exterior, verificando-se habitualmente que ele não faz o menor movimento no sentido de atender às solicitações.

A pobreza de movimentos e a imobilidade podem ser observadas em diversos quadros clínicos:

1. Estupor depressivo - Verifica-se inibição global da atividade mental. Os movimentos são lentos e de pequena amplitude, falta a capacidade de decisão e de estímulos normais da vontade e a fala é bastante lentificada. Nos graus mais intensos de estupor, os pacientes se mantêm completamente imóveis e rígidos, necessitando de cuidados intensivos.

2. Estupor histérico - Manifesta-se, habitualmente, de modo súbito como reação intencional (embora involuntária) à vivências causadoras e psicodinamicamente compreensíveis. O paciente apresenta pobreza de ideação, desorientação, ausência de iniciativa e de espontaneidade, grande prejuízo mnêmico e de contacto. Entretanto, o Estupor histriônico ou psicogênico não impede que o paciente mantenha boas condições de higiene pessoal, mude com freqüência de posição e aceite alimentos.

3. Estupor catatônico - Nesses casos, há imobilidade psicomotora, falta de reação aos estímulos intensos e desinteresse total em executar movimentos de defesa. O fechamento contraído das pálpebras ou o desvio da cabeça é, na maioria das vezes, a única resposta a estímulos dolorosos. O paciente catatônico se mantém rígido mesmo que a posição seja incômoda. O contacto com o meio encontra-se abolido no Estupor Catatônico.

4. Em casos de Psicoses Orgânicas Notadamente em pacientes epilépticos e em lesões cerebrais infecciosas ou tóxicas é possível observar uma forma de bloqueio psicomotor estuporoso, acompanhado de obnubilação acentuada da consciência e desorientação. Também na hipertensão intracraniana por hidrocefalia interna podemos encontrar casos de Estupor.

O estado estuporoso com rigidez da mímica, acompanhada alguma vezes de rigidez muscular geral e grande pobreza de movimentos, pode ser observado na síndrome estriada, sobretudo em certas lesões cerebrais exógenas, encefalite infecciosa, intoxicação pelo monóxido de carbono.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Priapismo




Priapismo é a condição, associada ou não a um estímulo sexual, na qual o pênis ereto não retorna ao seu estado flácido habitual. Essa ereção é involuntária, duradora (cerca de 4 horas), geralmente dolorosa e potencialmente danosa, podendo levar à impotência sexual irreversível, constituindo-se numa emergência médica.

O priapismo ocorre principalmente à noite, apresentando duração variável (de minutos a horas) e pode ser induzido pelo ato sexual, masturbação, ingestão de bebidas alcoólicas e ereção noturna espontânea.

Há dois tipos principais de priapismo:

• Isquêmico (de baixo fluxo ou oclusivo): ocorre devido à estase sanguínea por diminuição do retorno venoso, com possível isquemia tecidual. Essa ereção pode evidenciar uma reduzida concentração de oxigênio (coloração vermelho escura) no sangue peniano.

• Não isquêmico (de alto fluxo ou arterial): caracteriza-se por um fluxo arterial elevado, com retorno venoso normal. Geralmente essa ereção é indolor e o sangue aspirado do pênis apresenta coloração vermelho-clara, do tipo arterial.

Os mecanismos podem ser neurológicos e/ou vasculares, pode ser condicionado por distúrbios sanguíneos (anemia falciforme, leucemia, etc) ou por lesões e traumas da medula espinhal. Nos idosos pode estar associado a neoplasias. Alguns medicamentos podem levar ao priapismo, sendo os mais comuns as injeções intracavernosas (no corpo do pênis) para o tratamento da disfunção erétil. Também pode ser causado por picada de certas aranhas como, por exemplo, da aranha "armadeira". Em alguns casos, não tem causa específica reconhecida.

Como resultado final, o priapismo pode resultar de:

• Lesão venosa: em que o sangue que chega ao pênis pelas artérias, não consegue retornar ao corpo.

• Lesão arterial: quando há a ruptura de uma artéria que leva o sangue para o pênis, situação na qual o sangue chega em grande volume, enquanto seu escoamento é lento. Nessa condição (geralmente devido a um trauma perineal ou peniano) a ereção não é tão rígida, nem tão dolorosa, quanto no caso da lesão venosa, podendo ser transitória.

O principal sinal do priapismo é uma ereção persistente (por mais de 4 horas), associada ou não ao desejo sexual e geralmente acompanhada de dor (sobretudo no priapismo isquêmico), que habitualmente não se inicia pelo desejo sexual, nem é aliviada com a ejaculação. O estado das veias penianas também deve ser observado.

Após uma ereção e ejaculação normais, as veias que drenam o sangue do pênis se relaxam e abrem e o pênis recobra sua flacidez habitual. Em muitos casos de priapismo isso não acontece e o pênis permanece insistentemente ereto.

O diagnóstico do priapismo é feito pelo exame clínico direto que mostra uma ereção sustentada do pênis. O médico pode lançar mão da gasometria para avaliar se o priapismo é isquêmico ou não. A contagem de plaquetas, no hemograma, ajuda a pesquisar se há ou não leucemia. Pode-se proceder a testes específicos para detectar a anemia falciforme.

Alguns exames complementares às vezes são necessários para definir melhor o diagnóstico das causas do priapismo, tais como doppler do pênis ou arteriografia (só usada para fazer a embolização seletiva, nos casos de priapismo não-isquêmico). O tratamento medicamentoso sempre deve preceder o cirúrgico. Se o priapismo não for solucionado com as medicações, segue-se o tratamento cirúrgico. O priapismo não-isquêmico não requer tratamento imediato e pode ter resolução espontânea. Se for necessário tratar, o tratamento deve consistir de embolização da artéria lesada.

Quase sempre o tratamento do priapismo necessita de uma intervenção médica urgente.

No caso de lesão venosa, o sangue que se encontra no corpo cavernoso do pênis deve ser aspirado por uma punção e deve ser introduzida nele substâncias que ajudem na sua detumescência. Se isso não for bastante para solucionar o problema, haverá necessidade de intervenção cirúrgica, para se criar um desvio (shunt) circulatório que permita a saída do sangue estagnado. Na lesão arterial, deve-se proceder à ligadura ou embolização da artéria em causa.

Como a maioria dos casos de priapismo é idiopática (doença ou alteração de que não se conhece a causa), torna-se difícil a prevenção.

Quando o priapismo tem causas conhecidas (injeções intracavernosas de medicamentos, medicamentos orais, etc), essas causas devem ser evitadas.

As complicações do priapismo podem ser:

• Isquemia do pênis ou partes dele.

• Coagulação intrapeniana do sangue retido, causando trombose e impotência.

• Gangrena.

sábado, 13 de outubro de 2012

Idoso deprimido




Informações para auxiliar na identificação de um idoso com depressão:

Observe o aspecto físico do idoso, pois podem revelar negligência com a higiene, com a aparência e com os cuidados consigo próprio.

A parte motora (movimentos) lenta e a indiferença no diálogo também são informações importantes para levantar suspeita de depressão.

Reclamações de 'cansaço' e 'desânimo' dão sinais de alteração de estado de espírito (chamado de disforia em medicina).

Algumas drogas podem ser causadoras de estado depressivo, portanto, é importante que se saiba o que o idoso está tomando no tratamento de sua(s) doença(s), pois, muitas vezes, a simples retirada de algum medicamento pode auxiliar no tratamento do 'estado depressivo'.

Análise clínica laboratorial pode indicar uma anemia que seja a causadora de um 'desânimo' muitas vezes confundido com depressão...

Uma vez confirmada a depressão, um clínico ou um geriatra podem medicar para o tratamento adequado.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Glândula Pineal




Pineal (Latim:pinus, pinha cônica): glândula de secreção endócrina situada de modo extremamente bem protegida junto ao centro do cérebro humano (outra glândula de secreção endócrina) – do qual, no entanto, não faz parte – encerrada entre os 2 hemisférios cerebrais, no alto da coluna vertebral.

Ao que tudo indica, a pineal humana foi melhor descrita pela primeira vez, no ano 300 A.C, pelo médico grego Herófilus e o anatomista, também grego, Erasistratus, ambos de Alexandria, que atribuíram ao órgão a função de válvula da memória.

A pineal recebeu este nome por ter o formato de um cone de pinheiro. É também chamada de terceiro olho porque, na sua formação, ela começa como um olho.

A glândula pineal é um órgão diminuto, do tamanho de uma ervilha, de coloração róseo-acinzentada, pesa não mais do que 100 mg e apresenta cerca de 8 mm de comprimento e 5 mm de largura no homem.

A pineal origina-se do epitálamo, que é estrutura do diencéfalo, na espessura da tela coroide, sobre os tubérculos quadrigêmeos anteriores e atrás do terceiro ventrículo. A pineal é inervada exclusivamente pelo sistema nervoso autônomo. (veja na gravura acima)

A glândula pineal segrega um hormônio próprio, a melatonina (5-methoxi-N-acetil triptamina), que inibe a química da maturação sexual e parece reagir à escuridão.

Admite-se que a glândula pineal seja a única fonte de melatonina no corpo humano.

Além disso, há uma série de substâncias químicas cerebrais dentro da glândula.

Até algumas décadas atrás, a glândula pineal era vista tão-somente como relíquia evolutiva ou remanescente anacrônico (que contém elementos estranhos ao contexto temporal no qual está inserido) do desenvolvimento evolucionário, espécie de apêndice engastado no centro das nossas cabeças, não possuindo nem desempenhando qualquer função biológica.

Os cientistas provaram o erro dessa crença descobrindo que a glândula pineal pára de segregar o seu hormônio, a melatonina, quando o índividuo é exposto a uma luz brilhante, de 2500 lux, aproximadamente a intensidade da luz solar indireta em um dia claro de primavera. O lux é a quantidade de luz recebida a 1 metro de distância de uma vela-padrão.

A melatonina, normalmente, é segregada apenas durante a escuridão noturna. Com as novas evidências científicas, admitem os pesquisadores que a pineal humana ainda funciona como “olho” sensível a luz. Suspeita-se que a pineal emita e capte ondas biomagnéticas.

Quais os efeitos da melatonina no organismo?

Eis 14 efeitos da melatonina sobre importantes fatores sexuais:

01. Adia o início da puberdade.

02. Diminui o peso das gônadas.

03. Diminui a progesterona ovariana.

04. Diminui o hormônio estimulante dos folículos do soro.

05. Diminui o hormônio luteinizante do soro.

06. Diminui a síntese da testosterona.

07. Diminui o hormônio luteinizante da pituitária.

08. Diminui os fatores liberadores da gonadotropina hipotalâmica.

09. Aumenta a prolactina do soro.

10. Aumenta o metabolismo da testosterona no fígado.

11. Aumenta a síntese da progesterona.

12. Aumenta a serotonina da pituitária.

13. Inibe as contrações uterinas.

14. Suprime a ovulação espontânea ou induzida.

A melatonina não só atua sobre o nosso sono, produzindo o aumento dos ciclos MOR, como enriquece os nossos sonhos com vivacidade maior, atos que também liberam da pineal a substância chamada vasotocina, o mais potente fator indutivo do sono.

Pesquisadores da Medicina afirmam que a glândula pineal influi na regulação do relógio biológico ou biorritmo fisiológico do individuo, ritmos sazonais ou mudanças circadianas, relativas ao ritmo 'cosmoclimático' e ao ciclo dia/noite, sendo, de alguma forma, responsável pelo ato de 'reacertar' nossos relógios internos (Cronobiologia) quando atravessamos fusos horários.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O cérebro: um pouco de história da medicina.




A evolução da medicina é profunda nesse último século, não há como contestar, apesar das inúmeras dificuldades sob o ponto de vista social e político, quando se pensa no atendimento médico propriamente dito.

Mas, o campo científico é, de fato, fascinante e a pesquisa sobre esse órgão fantástico que é o cérebro vem se aprofundando mais e mais, particularmente em função das potencialidades inerentes às imagens que efetivamente demonstram seu funcionamento em determinadas circunstâncias.

As pesquisas sobre o cérebro são demonstradas em épocas remotas, como são encontrados em documentos de 2500 anos A.C. sobre a trepanação (abertura de orifícios no crânio) para, provavelmente, tratar doenças como a epilepsia, ou, ainda, por razões 'espirituais'.

Por volta de 1543 D.C. o médico europeu Andreas Vesalius publicou o primeiro livro de que se tem notícia no mundo moderno de anatomia com ilustrações detalhadas do cérebro humano.

Tomas Willis, em torno de 1664 escreveu um atlas do cérebro que localizava as suas diversas funções ligadas a determinadas áreas do órgão.

O físico italiano Luigi Galvani descobre a base elétrica da atividade do sistema nervoso no ano de 1791.

Próximo a 1849 o físico alemão Hermann von Helmholtz mediu a velocidade de condução neural e desenvolveu a tese de que a percepção depende de 'interferências inconcientes' (nossa! o cidadão já era, digamos, espírita!).

Em 1850 o físico alemão Franz Joseph Gall funda a frenologia, técnica que atribui diferentes características a áreas específicas do crânio.

Entre 1862 e 1874 os pesquisadores Broca (lê-se 'Brocá') e Wernicke descobriram as duas áreas do cérebro ligadas à linguagem.

O cientista italiano Camillo Golgi descobre a possibilidade do uso de nitrato de prata para a observação dos neurônios. Publicou sua descoberta em 1873 e ganhou o prêmio Nobel em 1906, pela sua descoberta.

Em 1889 Santiago Ramón y Cajal propõe, na obra A doutrina do neurônio, que eles - os neurônios - são elementos independentes e unidades básicas do cérebro. Divide o prêmio Nobel de 1906 com Golgi.

Sigmund Freud, em 1900, abandona a neurologia por estar desenvolvendo teorias referentes à psicofisiologia e à psicanálise.

Em 1906 dois fatos marcantes: Santiago Ramón y Cajal descreve como os neurônios se comunicam e Alois Alzheimer descreve a degeneração pré-senil do cérebro.

O fisiologista britânico Henry Hallett Dale isola a 'acetilcolina', o primeiro neurotransmissor descoberto, em 1914. Ganha o prêmio Nobel de 1936.

Hans Berger desenvolve os primeiros eletroencefalogramas em 1924.

Em 1934 o neurologista português Egas Moniz executa a primeira leucotomia. Ele inventou, também, a angiografia do cérebro.

O italiano Vittorio Ersparmer identifica o neurotransmissor serotonina em 1935.

Entre 1970 e 1980 é desenvolvida a tecnologia de escaneamento do cérebro. Nesse período surgem o PET scan, o SPECT, o IRM (ressonância magnética) e o MEG.

Década de 90: avanços imensos nas áreas de imageamento do cérebro, que permitiu uma série enorme de descobertas, que levou a chamar esta década de década do cérebro.

Em 1992 Giacomo Rizzolatti descobre os 'neurônios-espelho', com importante papel na empatia e sociabilidade.

O português antônio Damásio distingue partes do cérebro associadas ao processamento de emoções e sugere que elas influenciariam de forma decisiva na memorização, em 1995.

Elisabeth Golf, da Universidade de Princeton, demonstra que a formação de novos neurônios (neurogênese) acontece no cérebro de macacos, no ano de 1997. No ano 2000 estudos comprovam que o processo também acontece em cérebros humanos até o final da vida.

Anos 2000: Cada vez mais estudos reforçam a teoria da neuroplasticidade, através da qual o cérebro seria capaz de modificar estruturas e funções ao longo da vida. Esta descoberta derruba a teoria de que o cérebro seria o mesmo desde a infância.

Em 2008 pesquisas com o cérebro em repouso demonstram que algumas regiões do órgão, relacionadas à criatividade e à memória, ficam mais ativas durante o sono.

O brasileiro Miguel Nicolelis faz um macaco movimentar um braço robótico, através de seu pensamento, no ano de 2011;

Finalmente, no ano de 2012, cientistas de várias universidades testam dispositivos para 'leitura da mente', através de softwares que permitiriam decodificar sinais do cérebro e possibilitar a comunicação, trazendo esperanças para pessoas que perderam a fala e os movimentos.

UFA!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dia do Professor





Nossas homenagens a esta classe tão sofrida e, hoje em dia, infelizmente, tão desvalorizada.

Sou profundo admirador do trabalho sério de todos os Professores/Educadores, ao enfrentarem situações tão desfavoráveis para exercer suas atividades.

O Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro.

Mas poucos sabem como e quando surgiu este costume no Brasil.

No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Tereza D’Ávila), D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”.

Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.

Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor.

Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como “Caetaninho”. O longo período letivo do segundo semestre ia de 01 de junho a 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.

O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. Com os professores Alfredo Gomes, Antônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada, para depois crescer e implantar-se por todo o Brasil.

A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Espondilolistese




Espondilolistese é o deslizamento de uma vértebra sobre a vértebra de nível seguinte, no sentido anterior, posterior ou lateral, provocando um desalinhamento da coluna, o que geralmente ocasiona dor ou irritação de raiz nervosa, com seus sintomas correspondentes, tais como alterações da sensibilidade, formigamento, dormência, etc.

Segundo a etiologia (origem), elas podem ser divididas em:

1. Displásica: malformação congênita que afeta a porção superior do sacro ou do arco da quinta vértebra lombar (L5).

2. Ístmica: quando afeta o istmo vertebral.

3. Degenerativa: quando ocasionada pelo processo degenerativo próprio do envelhecimento.

4. Traumática: ocasionada por um traumatismo que atinja a coluna vertebral.

5. Patológica: quando ocasionada por alguma patologia que atinja a coluna vertebral.

Quanto ao grau do deslizamento, elas costumam ser classificada em:

• Grau I: de zero a 25%.

• Grau II: de 25% a 50%.

• Grau III: de 50% a 75%.

• Grau IV: de 75% a 100%.

• Grau V: ptose vertebral. Esse deslizamento é mais comum nos níveis mais baixos da coluna, que são os que suportam os maiores pesos (geralmente entre a quarta e quinta vértebras lombares - L4 e L5).

A espondilolistese ocorre com maior frequência nas 4a e 5a vértebras lombares (L4 e L5) e, principalmente, em pacientes que participam de atividades que aumentam o estresse nesta região, como ginastas, dançarinos e jogadores de futebol.

A forma degenerativa da espondilolistese ocorre em idosos na maioria das vezes e é provocada pelo desgaste das articulações entre as vértebras, o que faz parte do quadro geral de degeneração da coluna com a idade.

É uma doença que corresponde a um defeito articular das vértebras, de natureza congênita ou ocasionada por lesões ocorridas na infância. Ela é a forma de espondilolistese mais frequente na infância e na adolescência.

As espondilolisteses traumáticas e patológicas podem ocorrer em qualquer momento da vida.

Dependendo do seu tipo e grau a espondilolistese pode gerar dor lombar, dor irradiada, dor nas pernas ao caminhar, formigamento, encurtamento dos músculos posteriores das pernas, perda de força e coordenação dos movimentos, incapacidade de andar.

O diagnóstico da espondilolistese deve começar por uma história clínica que leve em conta os sintomas do paciente e ser complementado pelas radiografias, pela tomografia computadorizada e/ou pela ressonância magnética da coluna vertebral.

O tratamento dessa enfermidade inicialmente visa aliviar a dor e, em princípio, deve ser fisioterápico, utilizando técnicas de fisioterapia manual, mesas de tração e descompressão e exercícios de musculação. Esse tratamento visa melhorar a mobilidade músculo-articular, diminuir a compressão entre as vértebras, restituir o espaço para as raízes nervosas e fortalecer os músculos que sustentam a coluna vertebral.

As medicações analgésicas e até mesmo os bloqueios (injeções de anestésicos) de ramo nervoso (em casos graves) podem ser utilizados. Muitos casos parecem beneficiar-se da acupuntura. Também o Pilates individual bem orientado, associado a outros tratamentos, pode ser usado com sucesso.

Ela tem a 'vantagem' de não produzir impacto para as articulações.

Somente se deve recorrer à cirurgia nos casos mais graves e/ou naqueles em que os tratamentos conservadores não funcionarem. A cirurgia tem o objetivo de descomprimir os nervos pinçados e fixar a vértebra deslizante. Para essa fixação usam-se parafusos de titânio.

A evolução da espondilolistese depende da sua natureza e de sua causa. Ela pode estabilizar-se no nível em que se encontra e não gerar sintomas, ser sintomática desde o início ou evoluir com dor e prejuízos funcionais.

Em casos em que haja dores e/ou repercussões funcionais significativas e resistentes aos tratamentos conservadores, impõe-se a cirurgia.