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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Leucodistrofia Metacromática




A Leucodistrofia Metacromática (LDM), também conhecida como Sulfatidose, é uma doença genética causada por problemas no metabolismo da mielina, uma espécie de gordura que forma o revestimento protetor da maioria das células nervosas. Essa “capa” permite que estímulos elétricos sejam trocados entre as células. Por isso, danos neste revestimento interrompem a passagem do estímulo elétrico, o que leva ao surgimento de sinais e sintomas neurológicos no paciente.

Os problemas de metabolismo nas células nervosas são causados por falta da enzima arilsulfatase A ou, de forma mais rara, pela deficiência da proteína ativadora SAP 1.

Na falta de arilsulfatase A, ocorre o acúmulo de substâncias celulares no cérebro e nos nervos periféricos e, em menores quantidades, nos rins, vesícula biliar e órgãos viscerais.

Na maioria dos casos, a doença se manifesta ao redor dos dois anos de idade, mas também pode surgir aos três anos, por volta dos quinze e ainda em adultos. A doença pode ser classificada em tipo infantil, tipo juvenil e tipo adulto.

Um reduzido número de pacientes pode apresentar a doença por deficiência da proteína ativadora SAP 1, sendo que nestes casos, a atividade da enzima arilsulfatase A, cuja ausência causa a maioria dos casos da doença, é normal.

Podem ocorrer níveis baixos de atividade da enzima arilsulfatase em indivíduos clinicamente normais. Estes indivíduos não apresentam depósito de substâncias no cérebro e são considerados “pseudo-deficientes”.

A forma infantil da LDM é a mais freqüente e representa de 60% a 70% dos casos. A doença geralmente surge ao redor dos dois anos de idade e tem como principal sinal a dificuldade da criança para caminhar ou para permanecer em pé. Neste período inicial, os membros inferiores podem apresentar também alterações de tônus e de reflexos. Com o progresso da doença, ocorrem a incapacidade de ficar em pé ou sentar, perda do controle do sustento da cabeça, redução do tônus muscular, alteração motora involuntária, tremores em movimentos intencionais, dificuldade de articular a fala, dificuldade de engolir, choro constante, cegueira, convulsões e regressão neurológica. Nos estágios finais, o paciente apresenta rigidez, postura anormal, espasmos e choro. A sobrevida média fica ao redor de três a sete anos.

A forma juvenil e adulta da LDM também apresenta alterações de marcha, mas o comprometimento mental e comportamental tem uma importância maior no quadro clínico do paciente.

O diagnóstico laboratorial é feito pela determinação da eliminação de substâncias celulares na urina, pela medição da atividade da enzima arilsulfatase A em células de defesa do organismo, como os leucócitos ou em células da derme, a segunda camada de pele, os fibroblastos, e por análise molecular. Também devem ser consideradas alterações em exames eletrofisiológicos e de imagem cerebral.

Atualmente, não há um tratamento específico e curativo para os pacientes com esta doença. São indicadas medidas de suporte visando o controle das complicações e um adequado aporte nutricional. O transplante de medula óssea, se realizado precocemente ou ainda quando a criança é pré-sintomática, pode retardar o progresso da doença. Na Europa e nos Estados Unidos estão sendo realizados ensaios clínicos com terapia de reposição enzimática, mas seus resultados ainda não foram totalmente divulgados.

Graças a uma nova terapia gênica (Tiget), desenvolvida no Hospital San Raffaele de Milão, voltado ao tratamento de doenças raras, hoje é possível ter alguma esperança para a cura da doença, desde que o paciente ainda não tenha manifestado os sintomas da doença.

É necessário retirar a medula óssea do paciente, na qual são conservadas a células-tronco do sangue e expor estas últimas à ação de um lentivírus (que transporta no próprio genoma a forma sadia do gene ARSA). Os vírus têm de fato capacidade de infectar as células com as quais entram em contato , integrando o próprio genoma como "hóspede". Se o vírus for patogênico, isto é, potencial causador de doença, poderá levar ao desenvolvimento dela. Nos casos dos lentivírus usados na terapia gênica a infecção só tem efeitos benéficos: a cópia sadia do gene começa a produzir a enzima ausente e as células-tronco modificadas por esse processo cedem lugar a células "filhas" portadoras da cópia - o que, pelo menos teoricamente, torna o tratamento definitivo.

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