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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DHEA




A sigla DHEA refere-se à Dehidro-Epi-Androsterona, também denominada dehidro-iso-androsterona. Trata-se de um esteróide natural produzido na glândula supra-renal e nas gônadas, cuja estrutura é precursora dos hormônios testosterona e estradiol. Alguns autores chamam a DHEA de hormônio, outros de esteróide. De qualquer forma ele é o esteróide ou hormônio mais abundante na corrente sangüínea dos seres humanos.

A DHEA é o esteróide precursor quase direto (mas não o mais importante) da testosterona e do estradiol, entretanto, ele próprio possui fraca ação androgênica. Em maior quantidade, os principais precursores da testosterona são a pregnenolona, progesterona e hidroxiprogesterona.

Pela definição, hormônios são substâncias que ativam, inibem ou modulam a atividade de outras células alvo, em órgãos distantes de seu local de origem. Isto faz com que a DHEA seja, por enquanto, um hormônio apenas no nome, uma vez que, nas atuais circunstâncias, é desconhecido o que ele realmente faz no corpo. O que se sabe é que ele é facilmente convertido em outros hormônios, em especial na testosterona ou em estrógeno.

DHEA e Longevidade

Sobre a mortalidade, em geral, num extenso trabalho realizado durante 12 anos pela Dra Elizabeth Barret Conner na Universidade da California, com 240 homens, com idades variando de 50 a 79 anos (New England Journal of Medicine, 315:1519-24), demonstrou-se uma nítida relação entre baixos níveis de DHEA e motalidade aumentada. Outro interessante estudo realizado com ratos, aos quais se administrou DMBA (uma potente substância indutora de câncer de mama), demonstrou que 95% dos ratos que não receberam DHEA desenvolveram câncer, enquanto apenas 27% dos ratos com suplementação de DHEA desenvolveram o tumor neoplásico (Dermival Pansera).

O declínio de DHEA

À medida que envelhecemos a produção de cortisol pela supra-renal aumenta e, inversamente, a DHEA, a Melatonina e o Hormônio do Crescimento (HGH) declinam diminuem.
Durante os primeiros cinco anos de vida as adrenais produzem muito pouca DHEA. Por volta dos 6 ou 7 anos de idade começamos a presenciar uma elevação dos níveis deste hormônio, de forma que aos 20 anos é o hormônio mais abundante no sangue em circulação.

Por volta dos 30-40 anos começa a ocorrer uma queda nos níveis deste hormônio e por volta dos 70 anos temos apenas 25% ou menos, da quantidade que tínhamos aos 20 anos.

Possíveis Efeitos Terapêuticos

Memória

Ainda são contraditórios os resultados científicos sobre as influências da DHEA sobre a melhora da memória ou sobre a prevenção do declínio cognitivo. Alguns autores mostram resultados promissores (Markowski 2001; Mathis, 1999), enquanto outros afirmam nulidade ou resultados nada expressivos (Moffat, 2000; Almeida, 2001; Carlson, 1999; Huppert, 2000).

Imunidade

As primeiras pesquisas relacionando os níveis de DHEA foram feitas em pacientes com doenças crônicas, AIDS, sífilis congênita e queimados. Também os pacientes sob cuidados intensivos mostraram baixos níveis desse precursor hormonal, com uma redução significante da relação DHEA/cortisol. As pesquisas nessa área têm sido mais concordantes entre vários autores.

Uma boa parte dos trabalhos conclui que nas doenças graves os níveis de cortisol sobem às custas de outros esteróides, inclusive DHEA. A ação imunoestimulante da DHEA pode ser motivada por bloqueio dos corticóides ou por modulação da síntese das chamadas linfocinas (Morfin, 2000; Christeff, 2000; Clerici, 2000; Padgett, 2000; Cutolo, 2000).

Obesidade

Alguns autores têm pesquisado as relações da DHEA com a obesidade, notadamente com a obesidade que o envelhecimento predispõe. Alguns estudos realizados com camundongos (Richards, 1999), onde foi verificado que a DHEA evitou o desenvolvimento da obesidade. Também em idosos humanos procurou-se estabelecer as relações DHEA/obesidade com resultados muito promissores (Jankowska, 2000).

A DHEA parece ser um agente estimulante da termogênese (geração de calor), fazendo com que o corpo gaste mais energia mobilizando assim as gorduras, ao mesmo tempo em que aumentaria a massa muscular. Também a enzima G6PD, formadora de grande quantidade de radicais livres, é inibida pela DHEA, a qual, atuando como verdadeiro anti-radical livre, protege a integridade celular.

Sistema nervoso

Há anos a DHEA vem sendo relacionada com a melhora da inteligência, cognição e sensibilidade. Os resultados ainda são acanhados, contraditórios mas, não obstante, algo esperançosos.

Os presumíveis efeitos antidemenciais ou antienvelhecimento da DHEA ganharam destaque através do livro de Eugene Roberts, Smart Drugs e Nutrients. O termo Smart Drugs ganhou espaço na mídia, mais que nos meios científicos, a partir de linhas de pesquisa estabelecidas nas universidades americanas de Nova Iorque e da Califórnia, onde vários pesquisadores iniciaram estudos sobre como melhorar o desempenho da mente humana. As drogas ou substâncias capazes de melhorar aspectos do desempenho mental, seja na memória, entendimento, concentração, vigília, etc, foram apelidadas Smart Drugs ou, em português, Drogas da Esperteza (Dermival Pansera).

Embora alguns estudos mostrem uma relação significativa entre Doença de Alzheimer e baixas concentrações da DHEA (Murialdo, 2000), ainda faltam pesquisas suficientes para recomendar o tratamento com DHEA para a melhoria no estado de ânimo, para o incremento da inteligência ou da cognição, como querem crer alguns pesquisadores mais intrépidos.

Envelhecimento

O cortisol aumentado induz (ou acompanha?) ao envelhecimento cerebral, o declínio imunológico, etc. Esta diminuição pode ser, juntamente com outros fatores, responsável por algumas características da terceira idade, tais como diminuição da capacidade cognitiva e da imunidade.
É tão estreita a relação baixa de DHEA/envelhecimento, que este esteróide tem sido utilizado como marcador biológico do envelhecimento, pois níveis baixos são equivalentes a um grau mais avançado de aterosclerose, maior incidência de doença cardiovascular, de tumores malignos, resistência à insulina com propensão a diabetes, declínios cognitivos, doença degenerativa cerebral.

Também foram encontrados níveis baixos de DHEA em pacientes com osteoporose, com tumores de mama e em 11 de 13 pacientes com leucemia (Demeter, 1991).

Há uma tendência moderna em crer-se que sua aplicação terapêutica tornaria possível uma menor e mais lenta evolução desses processos degenerativos. Com a reposição hormonal, muitos desses sintomas tenderiam a se retardar.

Precauções e Cuidados

A utilização do DHEA como droga "Anti-envelhecimento" deve ser feita sob estrita observação médica. Nos homens, o DHEA é responsável pelo aumento da testosterona que irá se transformar em Dihidrotestosterona, substância que induz ao crescimento das células prostáticas, tanto as normais quanto as tumorais.

Sendo assim, seu uso é terminantemente contra indicado nas hipertrofias prostáticas severas e no câncer de próstata. É por isso que, para o uso da DHEA, os homens têm que se submeter a um exame da próstata, incluindo a dosagem sanguínea do PSA. É indicado para homens, acima dos 40 anos, o uso concomitante de substâncias inibidoras da "5 alfa redutase" para diminuir a conversão da Testosterona em Dihidrotestosterona.
As mulheres medicadas com DHEA devem se submeter a um exame ginecológico para avaliar o estado das mamas e, se estiverem fazendo uso de reposição hormonal estrogênica, a utilização concomitante com o DHEA deve seguir um controle mais rígido para o ajuste da dose de ambos os hormônios, tendo em vista que o DHEA irá se transformar, em parte, em estrogênio.

Indicações

O DHEA tem sido indicado nos distúrbios da cognição em geral, na perda de concentração, desinteresse sexual e baixa imunidade. Algumas clínicas geriátricas recomendam esse esteróide na osteoporose, exatamente por ser ele um precursor androgênico e estrogênico.
Atualmente os casos de Fadiga Crônica, a par dos outros fatores envolvidos nessa síndrome, tal como as alergias alimentares, candidíase sistêmica, etc, a DHEA propicia melhorias no quadro patológico.

Para a Doença de Alzheimer, a DHEA demonstrou ser capaz de proteger os neurônios e de aumentar a sua capacidade de estabelecer contato (axônios). Embora esses efeitos tenham sido observados in vitro, muitos pesquisadores estão utilizando este esteróide para evitar a progressão da doença.

Doses

Variam de acordo com a via de administração escolhida:
Uso oral : Cápsulas orais - com 50 a 250 mg por cápsula. Posologia: 1 cápsula duas vezes ao dia.
Uso sublingual: Cápsulas sublinguais com 25 a 100 mg por cápsula . Posologia: 1 cápsula duas vezes ao dia.
Está contra indicado o uso do DHEA na displasia mamária severa e nos casos de câncer de mama.

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