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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estimulação Magnética Transcraniana.





Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é uma nova técnica capaz de estimular o cérebro com algumas vantagens sobre as já existentes. A EMT é indolor, não invasiva, simples de ser aplicada e , mais importante ainda, é considerada de baixo risco para pesquisas em seres humanos.

Essa nova ferramenta tem sido proposta para ser usada para o tratamento de diversas doenças neurológicas e psiquiátricas - inclusive, depressão. EMT pode atuar na depressão balanceando a assimetria inter-hemisférica entre o lobo pré-frontal esquerdo e direito observada na depressão maior.

Nesse conceito, a EMT pode ser considerada como um tratamento não-convulsivo para depressão farmacologicamente-resistente, podendo evitar o uso da eletroconvulsoterapia (TEC). Vários estudos em animais e humanos foram realizados para avaliar a eficácia da EMT no tratamento da depressão. Tais estudos, alguns com resultados surpreendentes, demonstram que a EMT é uma ferramenta promissora.

No entanto, a EMT é ainda experimental, aguardando ainda a realização de outros estudos para ser validada, porém, no futuro, a EMT pode se tornar uma poderosa ferramenta na diagnose e terapêutica em neuropsiquiatria. O objetivo dos autores nesta revisão foi de apresentar os princípios básicos da EMT e discutir os resultados dos estudos publicados sobre o uso dessa técnica no tratamento da depressão.

O córtex humano pode ser estimulado por uma técnica não invasiva e praticamente indolor em seres humanos conscientes usando-se um campo magnético pulsante. Essa técnica, chamada de Estimulação Magnética Transcraniana (EMT ou Transcranial Magnetic Stimulation - TMS), é baseada em um campo magnético variável. Uma bobina pequena que recebe uma corrente elétrica alternada extremamente potente é colocada sobre o crânio humano na região do córtex. A mudança constante da orientação da corrente elétrica dentro da bobina é capaz de gerar um campo magnético que atravessa alguns materiais isolantes como a pele e os ossos, gerando a corrente elétrica dentro do crânio, onde é capaz de ser focalizada e restrita a pequenas áreas dependendo da geometria e forma da bobina [Hallet, 2000]. Quando essa corrente atinge o córtex motor, ela pode produzir uma resposta muscular no membro contralateral. Quando a EMT é aplicada sobre outras regiões do córtex cerebral, os resultados irão depender da função da área escolhida, logo efeitos cognitivos e emocionais são possíveis.

Os efeitos da EMT podem transitoriamente interromper ou facilitar a rede neuronal, dependendo do padrão de conexões neuronais entre diversas áreas cerebrais e as vias córtico-corticais e subcorticais que se pretendem estimular [Pascual-Leone et al, 1999].

EMT foi introduzida na pesquisa clínica e básica por Baker et al em 1985, mostrando que, ao colocar-se a bobina sobre a região escalpena próximo ao córtex motor, um movimento da perna e braço oposto era produzido [Baker et al, 1985]. Desde essa época, vários autores têm utilizado essa técnica não invasiva para mapear e estudar o córtex humano, tanto normal como patológico. Estudos com EMT têm mostrado os seguintes efeitos:

- Estimulação sobre áreas motoras do cérebro resulta em um movimento muscular observável [Baker et al, 1985].
- Estimulação sobre o córtex temporal e frontal inferior esquerdo podem causar uma afasia transitória na maioria dos sujeitos [Pascual-Leone et al, 1991].
- Estimulação sobre o córtex occipital pode induzir distúrbios visuais, como supressão visual quando a EMT é aplicada sobre o córtex visual primário [Pascual-Leone et al, 1991].
- Neurologistas têm empregado a EMT como uma ferramenta investigação em combinação com a eletroneuromiografia para medir a condução do córtex motor até o músculo periférico [Hallet et al, 1989].

O número de artigos e pesquisas em EMT vem crescendo a cada ano. Desde o estudo publicado por Baker et al em 1985, o número de artigos publicados em EMT atingiu a marca de 160 em 1996 e mais que o dobro desse número em 2000 [Pascual-Leone and Meador, 1998; busca no medline].

A EMT tem sido continuamente aperfeiçoada e atualmente é considerada confiável e de baixo risco para pesquisa em seres humanos [Rossini et al, 1994]. A EMT tem sido usada como uma ferramenta confiável para a modulação não invasiva de regiões corticais. Em conseqüência, a EMT tem sido sugerida para o tratamento de diversas doenças neurológicas e psiquiátricas, reabilitação pós AVC e ainda para a aceleração do aprendizado [Pascual-Leone, 1999].

Existem dois tipos de EMT: a EMT de pulso único e a EMT repetitiva (EMTr - repetitive transcranial magnetic stimulation - rTMS). A EMT de pulso único foi a primeira a ser desenvolvida. Nesse caso, em cada aplicação, uma corrente única é levada ao córtex.

A EMT repetitiva foi desenvolvida posteriormente. O desenvolvimento de equipamentos capazes de gerar estímulos a uma freqüência de até 60 Hz aumentou o potencial de aplicação clínica da EMT. Pulsos de alta freqüência (1-60Hz) têm algumas vantagens em relação aos pulsos únicos. Os neurônios que são estimulados por essa técnica repetitiva apresentam descargas freqüentes, e com isso podendo causar um aumento no tempo de refratariedade, ocasionando uma inibição ou mesmo bloqueio da comunicação com outras áreas corticais, criando a desejada "lesão virtual" [Pascual-Leone et al, 1992, 1997].

Vários autores usam a EMT simulada (sham TMS) - ou EMT placebo - como grupo placebo. Para isso, a bobina, em vez de estar tangente ao crânio, é colocada a 45º do crânio, gerando, portanto, um efeito limitado [George et al, 1997].

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