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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Auto-hemoterapia apresenta riscos à saúde, alertam especialistas

Sangue é retirado no momento em que será aplicado no paciente e não recebe nenhum tratamento
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRMESP) alertam para o uso da técnica conhecida como auto-hemoterapia. Ela consiste na retirada do sangue do paciente e na aplicação, uma vez por semana, no músculo do braço ou nas nádegas. O sangue é retirado no momento em que será aplicado no paciente e não recebe nenhum tratamento.
De acordo com Dalton Chamone, professor titular de hematologia e hemoterapia da FMUSP e presidente da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, “a prática é tão antiga quanto o uso de sangria há 200 anos. Não há comprovação científica sobre a eficácia do tratamento”, explica Chamone.
A auto-hemoterapia vem sendo utilizada em todo o País. O médico carioca Luiz Moura, chegou a defender essa prática num DVD. Na Internet existem vários sites que divulgam o tratamento. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro está abrindo sindicância contra o médico.
Chamone disse que não sabe o valor das sessões, mas ouviu o relato de alguns pacientes que o custo de cada aplicação pode chegar a R$ 500,00.
A Anvisa também lançou nota técnica, no dia 13 de abril, que condena a prática da auto-hemoterapia, porque não há estudos científicos que comprovem sua eficácia.Alerta – A FMUSP alerta que a auto-hemoterapia não tem fundamento científico e pode provocar efeitos colaterais graves, como infecção generalizada, e levar o paciente à morte. Chamone disse que “a técnica é uma ‘picaretagem’, pois não há evidências científicas que comprovem sua eficácia e segurança.
O efeito é absolutamente inócuo e é uma absoluta incoerência retirar o sangue e aplicá-lo novamente, para que ele circule em todo o corpo, se ele já estava circulando. É um tratamento de modismo, tal qual tantos outros. No interior do Brasil, ainda é comum as pessoas beberem urina de cavalo para tratar várias doenças”, informa o médico.
Desirè Carlos Callegari, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, também adverte sobre os riscos de infecção que podem em determinados casos evoluir para a infecção generalizada, levando alguns pacientes ao óbito. Chamone explica que “a infecção pode ocorrer porque há bactérias na pele e uma parte delas pode entrar na seringa. Quando você injeta o sangue no músculo, forma-se um hematoma, que é uma fonte de cultura de bactérias”.
Comprovação científica – Entidades médicas, FMUSP e comunidade científica não reconhecem a auto-hemoterapia como prática médica. A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) lançou nota oficial esclarecendo a população de que não existe na literatura médica (nacional e internacional), qualquer estudo com evidências científicas sobre este tema e que “são desconhecidos os possíveis efeitos colaterais e complicações dessa prática”. A auto-hemoterapia foi proibida, também, pelo Conselho Federal de Medicina.
Velha técnica promete curar de acne a câncer
A auto-hemoterapia consiste na retirada do sangue do paciente e na sua introdução, uma vez por semana, no músculo do braço ou nas nádegas. De acordo com os profissionais de saúde que utilizam a técnica, a quantidade de sangue a ser aplicada depende da doença que deve ser tratada e pode variar de 5 mililitros a 20 mililitros. Cada braço pode receber até 5 mililitros e cada nádega até 10 mililitros. Quando o organismo recebe o sangue no músculo, o reconhece como um corpo estranho, o que estimularia o sistema imunológico. O método, segundo eles, seria capaz de curar de acne a câncer.
Maria Lúcia Zanelli

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