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terça-feira, 9 de junho de 2009

Aspectos Psiquiátricos das Epilepsias

Os aspectos psiquiátricos das epilepsias sempre foram enfatizados com vigor pela psiquiatria, mais acostumada que a neurologia a lidar com os problemas emocionais dos epilépticos. Alguns autores afirmam que a epilepsia, por si, não predisporia a nenhuma alteração psiquiátrica e que estes, se existissem, seriam decorrentes das circunstâncias psicodinâmicas e existenciais impostas pela doença. Outros autores, entretanto, reconhecem que as alterações elétricas encontradas nos epilépticos justificariam alterações comportamentais e de personalidade. Existiria uma predisposição do epiléptico a apresentar alguns traços de personalidade. A discussão é infindável.

De qualquer forma, parece ser consensual a idéia de que, pelo menos algumas alterações emocionais – neuropsiquiátricas - são comuns em alguns tipos de epilepsia, sejam essas alterações decorrentes das crises epiléticas propriamente ditas, sejam elas conseqüências das auras da epilepsia, sejam elas resultados da deterioração mental de certos tipos mais graves de epilepsia.

Vamos primeiro falar sobre o que se conhece por Ataque Epiléptico. Esse tal Ataque Epiléptico, entretanto, é objeto de estudo mais da neurologia que da psiquiatria e tem inúmeras definições. De fato, a neurologia se ocupa magistralmente da epilepsia e a psiquiatria, por sua vez, dosa epilépticos.

Vallejo-Nágera considera que o Ataque Epiléptico seja um fenômeno em forma de acesso, com sintomas variados e início brusco, decorrente de uma descarga de atividade elétrica proveniente de uma certa quantidade de neurônios em qualquer território cerebral. Por epilepsia entendia uma doença caracterizada pela presença de crises epilépticas repetidas com maior ou menor freqüência. De acordo com o território de onde parte a primeira descarga elétrica e que iniciava a crise epiléptica, estariam presentes traços clínicos e elétricos específicos para cada caso. Vemos aí, então, uma conceituação eminentemente neurológica, sem menção de alterações psico-emocionais.

Walz e colaboradores, para quem Epilepsia também é uma condição neurológica crônica “caracterizada por ataques epilépticos recorrentes”, usam o termo no plural, ou seja, epilepsias. Isso porque existem diferentes tipos de distúrbios epilépticos e definem ataque epiléptico ou crise epiléptica como sendo “a manifestação clínica (sinais e sintomas) resultante da atividade neuronal excessiva, hipersincrônica e anormal dos neurônios localizados predominantemente no córtex cerebral”. Por esse conceito a pessoa pode sofrer um ataque epiléptico isolado ou circunstancial, sem ser considerado, necessariamente, portador de epilepsia (falta a questão dos ataques recorrentes).

No Tratado de Neurologia de Merritt, a crise epiléptica é definida como a conseqüência de uma disfunção fisiológica temporária do cérebro, causada por uma descarga elétrica hipersincrônica, anormal e autolimitada, de neurônios corticais. Dessa forma, Epilepsia seria um grupo de distúrbios crônicos, em que a característica indispensável é a recorrência de convulsões.

Felizmente a maioria dos pacientes portadores de epilepsia apresenta pouco ou nenhum transtorno mental, entretanto, aqueles que apresentam alterações psíquicas costumam ser casos difíceis e complicados.

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