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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Senador Jarbas Vasconcelos dá entrevista-bomba e diz que PMDB é corrupto

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) deu uma entrevista-bomba para a revista Veja, na edição que está nas bancas, nas Páginas Amarelas, não qual não mede palavras. Ele disse com todas as letras que a maioria dos integrantes do seu partido só pensa em corrupção e que a eleição de José Sarney à presidência do Congresso é um retrocesso. Durante todo o final de semana o partido inteiro ficou quieto, absolutamente quieto, como se admitisse que são absolutamente verdadeiras as afirmações do senador Jarbas Vasconcelos.
Ele diz que o ambiente político brasileiro está anestesiado, e que o povo é incapaz de se revoltar com os políticos que usam o mandato preferencialmente para levar vantagens. Aos 66 anos, com 43 anos dedicados à política e ao PMDB, o senador Jarbas Vasconcelos se diz decepcionado e afirma que o Senado Federal “virou um teatro de mediocridades” e que seus colegas de partido só pensam em ocupar cargos no governo para fazer negócios e ganhar comissões. Ele começa pela eleição do senador José Sarney para a presidência do Senado Federal. Diz ele: “É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador”. O fato de José Sarney ter sido eleito pela maioria dos senadores, conforme Jarbas Vasconcelos, apenas reflete “o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento”. Jarbas Vasconcelos se diz muito decepcionado com o Senado Federal: “Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. Cheguei em 2007 pensando em dar uma contribuição modesta, mas positiva, e imediatamente me frustrei. Logo no início do mandato, já estourou o escândalo do Renan Calheiros. Eu me coloquei na linha de frente pelo seu afastamento porque não concordava com a maneira como ele utilizava o cargo de presidente para se defender das acusações. Desde então, não posso fazer nada, porque sou um dissidente no meu partido. O nível dos debates aqui é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante”. Jarbas Vasconcelos não hesita em desancar o novo líder do PMDB no Senado Federal, justamente Renan Calheiros: “Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem”. E não vacila também em desancar seu próprio partido: “Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos. E querem os cargos para fazer negócios, ganhar comissões. A maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados, manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”. Jarbas Vasconcelos é mortal em sua crítica ao PMDB: “De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado”. Entretanto, ele diz que não sairá do PMDB porque não teria para onde ir: “Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política”. E prognostica: “O PMDB vai se dividir. A parte majoritária ficará com o governo, já que está mamando e não é possível agora uma traição total. E uma parte minoritária, mas significativa, irá para a candidatura de Serra. O partido se tornará livre para ser governo ao lado do candidato vencedor”. Ele diz que José Serra porque viu quem é Lula: “Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos. O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso”. E é candente na crítica aos governos lulistas: “O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O País não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura, agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso”. Jarbas Vasconcelos critica o assistencialismo do governo Lula e diz, com todas as letras: “O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo. Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo. Há um restaurante que eu frequento há mais de 30 anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família”. Jarbas Vasconcelos vai mais longe: “Há uma mediocrização geral de toda a classe política. A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil”.

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