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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fibromialgia


A fibromialgia (fm) pode ser definida como uma síndrome de dor difusa, crônica, não inflamatória, que compromete particularmente o aparelho locomotor e que apresenta maior sensibilidade ao tato em áreas não exatamente específicas, porém, com algumas áreas predominantes, chamados de pontos dolorosos ou pontos gatilho ou pontos dolorosos.

É uma doença reconhecida como tal há pouco mais de uma década, embora seja fácil de identificar que ela existisse anteriormente. Aparece em todas as etnias, em todas as faixas etárias, com maior prevalência por volta dos 35 a 50 anos de idade, mais caracteristicamente predominante no sexo feminino (10:1) e com prevalência na população em torno de 3%, na média, isto é, de cada 100 pessoas, 3 têm fm.

Ela é decorrente de um processo desencadeado pelo sistema nervoso central, envolvento estruturas neurais que interligam as transmissões da dor e das emoções, abraçando os neurotransmissores, como a serotonina e a norepinefrina ou outros como a substância P e outro chamado CGRP, todos interligados no mecanismo do estresse, com estruturas neuronais, como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

A dor difusa não é o único sintoma da fm, podem surgir fadiga, fadiga noturna, sono não reparador (eu costumo dizer que o paciente deixa o "carro na garagem com o motor ligado a noite toda"), boca seca, edema de extremidades, formigamentos esparsos, dores de cabeça (cefaléia), alterações intestinais, alterações urinárias e mentruais, dor na articulação tempôro-mandibular e até mesmo incontinência urinária.

Há, também, alterações psico-afetivas, depressão, alterações abruptas do humor e agressividade.

Não há nenhum marcador para diagnóstico laboratorial, portanto, não adianta pedir nenhum exame que faça o diagnóstico.

O diagnóstico é baseado em uma tabela de informações, determinada por um grupo de estudiosos no assunto e em reumatologia, pois a fm é entendida como sendo uma doença reumática. Pode se dizer que é um diagnóstico de exclusão e devem ser lembrados, no diferencial, a artrite reumatóide, polimialgia reumática e espondilite anquilosante em homens.

O tratamento é complexo e envolve equipe multiprofissional:

- Atividade física aeróbica de baixo impacto (hidroginástica) bem planejada e em acordo com as limitações que a doença impõe.

- Fisioterapia - Pilates, RPG, Alongamentos, sob supervisão de um médico Fisiatra.

- Acupuntura - tenho algumas restrições com a indicação de eletroacumpuntura.

- Terapia cognitvo-comportamental - para auxiliar o paciente a obter algum controle emocional sobre as dores.

- Medicamentos - Analgésicos, Antiinflamatórios não hormonais (pouco resultado efetivo x vários efeitos colaterais), miorrealaxantes, antidepressivos (o mecanismo da doença é muito semelhante ao mecanismo da depressão, em nível neuronal), Ansiolíticos (medicamentos "faixa-preta" = benzodiazepínicos), Anticonvulsivantes (ajudam muito no controle da dor e na fadiga), como a Gabapentina.

O prognóstico, as perspectivas para o futuro, ainda não é algo muito animador, mas com a tecnologia moderna, pode-se obter reduções importantes nas dores e na fadiga, portanto, a teraopêutica deverá ser contínua.

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